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Eva

As pessoas menospreza você e você acredita... É mais fácil acreditar nas coisas ruins... percebeu?
( Uma linda mulher)


Passei o domingo remoendo as palavras de Luan. Tudo bem que fui um pouco grossa em minha maneira de falar, mas que direito ele tinha de se sentir ofendido quando eu que fiz o papel de idiota?

Ele estava com Alice. Esse era o primeiro problema. O segundo era ele pensar que eu embarcaria em um jogo à três. E ainda tinha o lance dele ser quem era.

Talvez ele pensou que pelo fato de eu ter correspondido ao beijo, o que até hoje não consegui entender, fez com que ele pensasse que eu estaria disposta para suas vontades.

Quando acordei na segunda, estava decidida a ignorar Luan e Alice. Querendo ou não eu precisava ser grata a ele por ter me ajudado. Eu estava disposta a desistir de tudo e voltar para casa, então ele me fez perceber que ao me render, eu deixaria que tudo voltasse a ser como antes, e eu não queria voltar a ser aquela garota do ano passado.

Vestida em calça jeans surrada, uma blusa rosa florida de alças finas e tênis All Star branco, segui para a faculdade. Elaborei uma trança embutida e coloquei meus braceletes.
O carro de Luan já estava estacionado quando cheguei, mas não havia sinal dele por perto. Dei uma última olhada no espelho do retrovisor e saltei para do carro.
— Bom dia.
Olhei para o outro lado do estacionamento e vi Guto saindo do seu carro.
— Bom dia — respondi seguindo para a entrada do prédio.
— Estava curioso para descobrir quem era a pessoa que estava estacionando no nosso estacionamento.
— Pensei que o estacionamento fosse da faculdade.
— E é, mas nenhuma garota que conheço estaciona aqui — ele riu.
— Bem, você não me conhece, então está explicado — falei sem diminuir o meu passo.
Em duas passadas, Guto estava ao meu lado.
— Sabe o que é ainda mais curioso?
— Não, mas tenho certeza de que você vai me falar.
— Porque entre todas as garotas, você é a única a chamar a atenção de dois caras.
— Talvez esses dois caras estejam com problema de visão.
Guto riu alto.
— E ainda é engraçada. Gosto de garotas engraçadas. Que tal almoçar comigo hoje?
— Acha mesmo que vou almoçar com você?
— Porque não?
— Não vou sair com você. Aceite isso.
— Mas aceitou o ingresso que Luan te enviou.
Parei e o encarei.
— Foi ele que te enviou para tentar me tirar do sério? Se foi, diga para me deixe em paz.
— Pareço garoto de recado para você? — perguntou se aproximando o suficiente para eu sentir sua respiração.
— Atrapalho o casal?
Olhei para frente e vi Luan encarando nós dois. Seu olhar estava tão frio que senti um arrepio, não sei se foi por vê-lo ou por ser pega conversando com seu amigo.
Era a primeira vez que o via pelo campus sem sua jaqueta. Estava usando apenas uma camisa cinza com uma frase em inglês, e é claro que não pude deixar de observar suas tatuagens, eram várias.
— Olá cara, estava aqui convidando a Garota Pecado para sair.
— Você não está a altura dela. Os almofadinhas fazem mais o seu tipo.
— Agora entendi, pensei que você a proibira de sair com seus amigos.
— Luan não é ninguém para me dizer com quem devo sair. Me encontre aqui depois da aula.
— Guto não é muito diferente de mim — Luan olhou nos meus olhos.
— Decido ele é ou não como você.
Não fiquei para ouvir sua resposta. Nem pensei quando aceitei o convite de Guto.
Meu arrependimento veio no momento em que entrei no prédio e vi Mia vindo ao meu encontro.
Como eu havia aceitado sair com um dos amigos de Luan?

Cheguei a acreditar que Guto desistiria, mas quando cheguei ao estacionamento, ele estava me esperando encostado no carro dele.
— No seu carro ou no meu? — perguntou retirando os óculos escuros.
— O quê? — me fiz de desentendida.
— Nosso almoço. Não vai me dizer que esqueceu?
Segui derrotada até o meu carro e destravei.
— Eu não esqueci. Você me segue no seu carro. Conheço um lugar perto da minha casa.
Entrei no carro sem dar a oportunidade para ele discutir.
Havia um restaurante bem tropical, servia tanto almoço como lanches. Eu havia ido uma ou duas vezes e seria um lugar confortável e de fácil fuga, se Guto tentasse algo.

O garçom logo veio à nossa mesa trazendo os cardápios. Escolhi uma salada com rúcula, alface e tomate, para acompanhar, um peito de frango grelhado e um suco de melancia sem gelo.
Guto, com eu desconfiava, pediu bife acebolado e batata frita, e para acompanhar uma cerveja.
— Você vai dirigir, tem certeza que vai beber?
— Estou acostumado a voltar para casa muito pior.
— Você não está colocando apenas sua vida em risco, sabia?
Guto sorriu e depois deu um gole na sua cerveja.
— Por que aceitou sair comigo? E não fala que foi pelo meu rosto bonitinho.
— E, porque eu não aceitaria?
— Na minha opinião, você quis provocar Luan.
Não consegui conter a risada.
— Agora você está sendo engraçado. Eu usando você para provocar o Luan?
Guto riu, mas depois ficou sério.
— Luan é meu melhor amigo, o único cara que me ajudou quando eu me meti em uma confusão, então eu me acho no direito de saber quais sãos suas intenções com ele.

Olhei para ele e comecei a rir.
Tomei um longo suspiro e olhei séria para ele.
— Não tenho nenhuma intenção com Luan, assim com ele não tem comigo. Não temos nada em comum.
— Porque ele não é rico?
— Não tem nada a haver com dinheiro. Eu e Luan somos como água e óleo, duas substâncias que não se misturam. Ele já deixou isso bem claro. Luan gosta de ter as garotas aos seus pés, e não se apega a ninguém. Gosta da vida dupla e solitária, insensível aos sentimentos dos outros.
— Você não acredita que tudo isso que você diz que ele é, pode ter um motivo?
— Está dizendo que essa pessoa que vejo tratando outras pessoas com desprezo não é ele de verdade? — questionei.
— Luan precisa ser esse cara que você vê. Algo aconteceu com ele no passado. É algo que não fala com ninguém.
— Não importa o que você me fale, tenho minha opinião formada sobre ele e não mudarei.
Guto tomou outro gole e depois afastou o copo e me olhou nos olhos.
— Tem algo em você que atrai Luan, e não estou falando de beleza. Eu nunca o vi olhar para uma garota como olha para você.
— Luan vive cercado de garotas, pode ficar com qualquer uma, duvido muito que perca seu tempo comigo.
— Conheço meu amigo, e sei que ele quer você. E posso apostar que você também o quer.
— Ele não me quer e eu não o quero. Fim de papo e fim de almoço.
Tirei uma nota de cem reais e coloquei na mesa.

— Minha metade do almoço.

Encarei Guto por alguns segundos e depois me levantei, deixando-o sozinho.

Na manhã seguinte, cheguei com antecedência na faculdade por conta da minha noite turbulenta. Uma hora eu sonhava com Luan, hora com Guto e havia momentos em que era com os dois.

O assunto do suposto interesse de Luan em mim, fez com que eu ficasse repassando todas as nossas conversas, e no final não encontrava nada que me fizesse acreditar em Guto.
— Podemos passar rapidinho no banheiro? — Mia perguntou depois que saímos da lanchonete.
— Vamos lá, estamos com tempo mesmo.

Entramos no banheiro e enquanto esperava Mia, fui até o espelho dar uma olhada na imagem.

Hoje optara por um vestido longo florido e bastante confortável para a manhã quente que seria.
Estava terminando de guardar meu batom quando Alice entrou e me viu.
— Estava mesmo te procurando.
— Não sabia que eu estava perdida.
— Quero ver se continuará a ser engraçada quando todos souberem que você é uma assassina.
— O que você disse? — perguntou Mia aparecendo atrás dela.
Alice me deu as costas e encarou Mia.
— Ela não te contou, não é mesmo?
— Não me contou o quê?
— Ela empurrou seu namorado de encontro a um carro porque não aceitou que ele não a amava mais.

Eu não estava acreditando que Alice estava mentindo sobre o que aconteceu.
— Filipe me amava.
— Então, porque ele ficou comigo quando você viajou?
— Se ele não me amava, porque continuou comigo depois que voltei? — rebati.
— Ele ia terminar tudo.
— Foi isso que ele te falou? Toda essa sua raiva é porque ele escolheu o nosso namoro de cinco anos a uma única transa com você.

O rosto de Alice tomou outra forma, uma, a qual nunca havia presenciado.
— Escuta aqui, eu dei muito duro para chegar aqui e ser a garota do Luan. Fica longe dele ou todos nesse campus saberão seu segredinho podre — disse Alice se aproximando — você não quer pagar para ver.

Alice se afastou e saiu do banheiro, me deixando apavorada com sua ameaça.
— Acredito na Alice quando ela fala que "deu muito para estar aqui". Está mais usada do que dentadura de velho — disse Mia rindo — ainda temos quinze minutos, que tal me contar como você se tornou uma assassina?

Seu amor, meu destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora