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Eva


A flor perfeita e rara, podemos esperar a vida toda para poder encontrá-la e mesmo assim não ser um desperdício.

(O último samurai)

Primeiro o idiota me ofendeu no estacionamento dias atrás, agora falou como se fôssemos íntimos?

— Nossa, parece que você conseguiu causar aluma bela impressão no Luan.

— Ele nem sabe o meu nome — falei ainda indignada com o modo como ele falou comigo.

— Ele gostou de você.

— Se isso é gostar, não quero nem saber quando ele não estiver mais gostando de mim.

Adele riu.

— Vem, vamos esquecer o senhor gostosão e vamos beber — disse ela pegando minha mão.

Quando fiz menção de segui-la, trombei com uma montanha de músculo. Um sorriso irônico brotou no seu rosto. Cabeça raspada e tatuagens cobrindo boa parte dos seus braços musculosos.

— Posso te pagar uma bebida?

— Menina, que mel você bebeu para atrair tantos gatos? — disse Adele examinando o garoto da cabeça aos pés.

Mostrei cara feia para Adele enquanto apertava seu braço para que ela não falasse besteiras.

— Não aceito bebidas de estranhos.

— Não seja por isso, sou Guto... E você é?

— Eva... O nome dela é Eva.

— Adele, posso responder por mim mesma.

— Que tal uma bebida para as duas e um lugar privilegiado no meu camarote?

O careca apontou para cima e quase não acreditei quem mais estava em seu camarote. Luan estava lá, com uma garota sentada em suas pernas.

Seu olhar estava em nós, como se a nossa conversa fosse mais interessante do que uma garota tentando ter um pouco de atenção.

— Obrigada pelo convite, mas estamos bem — falei virando as costas.

— Nunca ninguém recusou minha bebida.

Se não fosse seu jeito arrogante parecido com o Luan, eu até poderia tentar ser mais simpática, mas como diz aquele ditado: "diga com quem andas e eu te direi quem tu és".

— Sempre tem uma primeira vez.

Tomei a frente de Adele e fui para o bar.

— Você precisa me ensinar como chamar a atenção da equipe de luta. Sabe quantas garotas consegue a atenção deles?

— Conseguir a atenção de quem? — Mia perguntou quando nos encontrou no balcão do bar.

— Não sabia que a equipe de luta frequentava essa boate — disse Adele olhando para o camarote.

— Infelizmente não podemos escolher nossos clientes. E querendo ou não, a presença deles aqui aumenta nossa clientela. A maioria são universitários, então um acaba trazendo mais um. Mas não era sobre isso que estavam conversando.

— Nossa amiga aqui não só falou com um lutador, mas com dois da equipe de luta, Luan e o Guto.

— Eu não falei com ninguém — tentei me defender.

— Eu não te pedi para ficar longe dele?

— E vem falar isso para mim? Eu estava no meu caminho quando ele me encontrou. Se soubesse que ele frequentava, não teria vindo.

— Não pensei que eles viriam hoje.

— Como sabe disso? — perguntei.

— Geralmente nos fins de semana acontecem as lutas. Para ele e os outros estarem aqui, é porque algo aconteceu.

— Como o quê? — Adele quis saber.

— Não importa. O que vão querer beber?

— Refrigerante — falei.

— Vodca.

— Você vai mesmo beber? — perguntei olhando para Adele enquanto ela fazia contato com um cara do outro lado do bar.

— Se terei uma motorista para me levar para casa, pode ter certeza que beberei. Essa noite quero me divertir. Semana que vem começa a correria com os trabalhos e não poderei sair, então, porque não aproveitar essa noite? E de quebra ainda dar uns beijos na boca.

— Ok, só tente ficar um pouco sóbria, por favor. Não poderei te carregar caso você passe dos limites. Vou ao banheiro rapidinho, guarda minha bebida, não demoro.

— Pegarei e depois você me encontra no nosso camarote.

— Está bem.

Quase não acreditei quando vi a fila que se formava para entrar no banheiro. Fiquei imaginando a bagunça que estava lá dentro. Era por isso que eu não gostava de sair para esse tipo de lugar, porque você sofria esbarrões, idiotas bêbados tentando enfiar a língua na sua boca. Isso quando não apertavam sua bunda.

— Vocês não vão acreditar quem está aqui essa noite? — ouvi uma das garotas falar para outra que estava na sua frente.

— Nem precisa falar porque vi assim que entrei na boate. Pensei que Luan lutaria hoje à noite. Meu primo apostou uma nota preta na sua vitória — disse a outra garota.

— Ouvi alguém comentando que Luan ficou com medo de enfrentar o "Montanha" — disse a garota que havia feito o primeiro comentário.

— Mônica, você acredita mesmo que o Luan tem medo de alguém? Ele está invicto a um ano. Ainda não apareceu ninguém que pudesse tirar o seu título. Acredito que isso é puro marketing. Sabe como é, quanto mais misterioso Luan se tornar, melhor serão as apostas. Já garanti a minha presença na próxima luta. Fiquei com um dos amigos do Luan e ele me deu um ingresso.

— Você poderia ter conseguido dois.

— Se você for para o camarote deles comigo essa noite, talvez ganhe um também. Luan está disponível essa noite, Alice está fora da cidade.

— Para ver a luta, eu fico com o grupo inteiro.

As garotas riram e me ignoraram quando saíram do banheiro.

Por mais que eu tentasse, seria impossível não ver quem estava no camarote do outro lado. O careca que havia me oferecido uma bebida estava agora com a garota do banheiro, enquanto Luan olhava para algum ponto na pista.

Parecia que ele sempre adivinhava quando eu estava olhando, mas dessa vez, quando meu olhar encontrou o seu, não desviei. Não iria deixá-lo pensar que me afetava.

Nossos olhares só foram quebrados quando as luzes do palco se apagaram, indicando que a apresentação da noite começaria.

Joguei-me ao lado de Adele e esperei pela apresentação.

— Por que demorou tanto?

— Você não imagina o tamanho da fila. É melhor segurar o máximo para ir ao banheiro. É serio.

— Qualquer coisa, faço aqui mesmo nessa garrafa — Adele riu.

— Mas você não ia beber vodca?

— Você demorou tanto que acabei pedindo um balde de cerveja.

— Cristo! Precisarei de um reboque para te levar para casa.

Peguei a lata de refrigerante e abri quando as luzes começaram a piscar anunciando a apresentação.

Seu amor, meu destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora