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Luan


Você foi a minha vida inteira, mas eu fui só um capítulo na sua.
(PS. Eu te amo)


Fiquei olhando para Eva, vendo sua fisionomia mudar e seus olhos adquirirem um olhar triste.

— Você transou com a Alice? Um dia após ter me dado a noite perfeita?

— O que aconteceu entre eu e Alice não significou nada. Eu nem mesmo lembro-me de ter levado ela para meu apartamento — tentei me explicar.

— O que tornar tudo pior. Foi com Alice, mas poderia ter sido com qualquer outra garota.

— Eva... — tentei me aproximar, mas ela recuou.

— Por favor, não.

Sua voz adquiriu um tom vazio, como se sua alma tivesse saído dela.

— Acredite em mim, eu jamais trairia você. Bebi demais e... Cristo! Eu nem tenho uma desculpa melhor para dar.

— Não piore tudo colocando a culpa na bebida. Passei a noite toda chorando em minha cama enquanto você bebia e transava com Alice.

— Eu sei que não tem desculpa para o que fiz.

— Não, não tem — ela me cortou.

— Mas acredite quando digo que te amo de verdade.

— Acredito que me ama, mas não o suficiente para ser fiel.

Eva se afastou e começou a caminhar para a saída. Segurei seu braço, tentando impedi-la.

— Eu já perdoei coisas demais, Luan, e mesmo amando você como nunca pensei que amaria novamente, não posso perdoar sua traição. Não me peça isso.

— Eu nunca quis machucá-la — lamentei.

— Me machucou mais vezes do que posso contar.

— Não quero perdê-la.

— É um pouco tarde para isso.

Eva liberou seu braço do meu toque e abriu a porta da biblioteca.

— Deixe-me em paz Luan. É o mínimo que pode fazer por mim — ela falou me olhando pela última vez, enquanto eu via uma lágrima solitária rolando em seu rosto.

Fiquei parado olhando ela desaparecer pelos corredores. Eu perdera a oportunidade de ter uma mulher maravilhosa em minha vida.

Queria poder correr atrás dela e implorar seu perdão, mas eu já a machucara demais, e mesmo me doendo o peito, eu tinha que deixá-la partir.

Quatro semanas haviam se passado desde que Eva descobriu sobre minha traição. Quatro longas semanas que não consegui dormir direito. Andava no automático e a única coisa que mantinha minha mente sã era ver Eva pelos corredores.

Eu a buscava com o olhar no momento em que colocava os pés no campus até a hora em que ia embora. Ela não sorria como antes, nem mesmo com Mia contando alguma piada. Via que também havia perdido peso e isso me destrói por saber que sou o causador.

Os únicos momentos em que não pensava em Eva era quando estava no ringue. Havia voltado a lutar há duas semanas e já quitara toda minha dívida com Dragão.

Quando não estava lutando, estava na academia treinando. Já destruíra dois sacos de areia, descontando a raiva que tinha por minha burrice. Mas nada fazia com que minha culpa diminuísse.

Assustei-me quando senti uma mão em meu ombro. Saltei para trás e me preparei para socar a cara do idiota. Guto estava parado me olhando com um enorme ponto de interrogação em sua testa.

— O que disse? — perguntei esperando ele repetir.

— Que você deveria tentar falar com ela. Já se passou um mês e sempre que te encontro, você está olhando para ela, se martirizando.

— Eu não posso, eu a traí com a única pessoa que não poderia.

— Eu sei que foi um choque descobrir, mas já passou o tempo dela sentir raiva. Dá para ver nos rostos de vocês que estão sofrendo porque se amam de verdade. Vá falar com Eva.

— Não posso, eu já a machuquei demais. Suponho ser só isso que consigo fazer... Machucá-la.

— Está falando besteiras.

Nesse momento observo o idiota do Léo se aproximar das duas e as cumprimentá-las com beijos nos rostos.

Guto continuou falando, mas parei de lhe dar atenção. Estava observando como Eva tentava sorrir enquanto Léo falava algo e coçava o alto de sua cabeça.

Vi Eva negar algo com a cabeça e depois Mia lhe cutucar o ombro. Eva abriu um meio sorriso e então balançou a cabeça concordando com algo que o imbecil havia falado.

Sinto um tapa na cabeça e olho feio para Guto.

— Por que fez isso idiota?

— Estou aqui gastando minha filosofia, tentando fazer você ir falar com Eva e nem tenho sua atenção.

Guto olhou por cima do meu ombro e depois me devolveu o olhar.

— Ah! Entendi agora.

— Porque o imbecil está falando com ela? Pensei que eu ter deixado bem claro que ele deveria manter distância da Eva.

— Eles estão apenas conversando, cara.

— Não é que a fila dela andou rápido.

Alice fala aparecendo na minha frente. Ela havia me evitado desde o meu término com Eva.

— Achei que iria fugir de mim para sempre.

Alice riu.

— Fugir de você? Por que eu fugiria?

— Para que eu não arrancasse sua cabeça fora pelo que fez — falei lançando um olhar mortal.

— Eu não fiz nada, na verdade, até te ajudei. Uma hora ou outra você teria que contar.

— Você fez isso de propósito, para feri-la — falei segurando seu braço com força.

Alice não demonstrou sentir medo, ao invés disso, sorriu ainda mais.

— Não fui eu quem a traiu. Não fui eu que levei uma garota para seu apartamento, foi? — perguntou erguendo uma sobrancelha.

Sinto um soco no estômago ao ouvi-la falar. Solto-a e a empurro para longe.

— Não volte a cruzar meu caminho Alice, para o seu bem.

Olhei de relance e vi Eva nos observando. Peguei um resquício do seu olhar antes de Léo colocar a mão nas suas costas e a levar para longe. Fiz menção de ir atrás dela, mas Guto me impediu.

— Solte-me — falei puxando meu braço.

— Não vamos iniciar uma briga nos corredores, ok?

— Deveria ouvir Guto. Não seria legal ser preso novamente — Alice se afastou e depois me olhou novamente — e, aliás, eles estão juntos.

— Quem estão juntos?

— Não entendeu quando falei que ela tinha seguido em frente, não é? — Alice revira os olhos — Léo e Eva estão saindo. E você aí, sofrendo enquanto ela já está com outra pessoa esquentando sua cama.

Voltei a olhar para Eva, mas ela já havia desaparecido entre os estudantes. Eu sabia que um dia ela encontraria alguém, mas não julguei que seria tão rápido e com o único cara que eu queria quebrar as pernas.

Seu amor, meu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora