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Eva


O nosso destino nem sempre vem na hora em que desejamos.
(O poderoso chefão)


Eu até poderia não entender a dor da perda de uma mãe, mas eu entendia a dor de ver alguém que amamos ir embora. Eu queria que Luan soubesse que eu estaria lá para quando ele precisasse.

Havia prometido a Isabel que cuidaria do seu filho, mesmo quando ele não precisasse, mas a maneira como ele me tratou, como se eu não fosse bem-vinda à sua casa fora demais.

Talvez Isabel estivesse errada e Luan não precisasse de ajuda. Seu coração estava petrificado e jamais, deixaria alguém se aproximar.

Eram quatro da manhã quando cheguei em casa. Estava exausta e precisava dormir. A noite fora bastante agitada. Tomei um banho quente, vesti um blusão e caí na cama.

Não consegui dormir como esperava. A conversa que tive com Isabel antes de sua morte ainda estava fresca em minha mente. Será que ela sabia mesmo o que estava fazendo quando me pediu para ficar ao lado de Luan?

Às seis da manhã acordei com o barulho de batidas na minha porta. Não fazia ideia de quem poderia querer falar comigo a essa hora da manhã.

— Você está bem? — Mia perguntou assim que abri a porta.

— Melhor do que vocês, com certeza — falei constatando o cansaço estampado no rosto dela e de Adele.

— Passamos a madrugada esperando a papelada para liberação do corpo. O enterro está marcado para às nove. Eu e Adele avisamos todos que foram possíveis e depois fomos ver Luan... — Pela primeira vez, a voz de Mia saiu com um pesar.

— Como ele está? — embora eu estivesse magoada com Luan, eu não poderia deixar de ficar preocupada com ele.

— Arrasado como era de se esperar. O apartamento está destruído — disse Adele.

— Ele começou a quebrar tudo quando entramos. Estava fora de si. Tentei ajudar, mas ele me expulsou de lá — falei resumindo a história.

— Ele não está sabendo lidar com a perda. Após ver o seu estado, achei melhor ligar para o Guto e pedir para ele ficar com Luan e acompanhá-lo ao enterro.

— Você fez bem Mia, obrigada.

— Vim tomar um banho, trocar de roupa e ir para a capela onde acontecerá o velório. Podemos ir juntas — disse Adele.

— Vou para casa fazer o mesmo, tomar um banho e depois ir para a capela — disse Mia.

— Eu não vou — falei por fim.

— Por quê? — as duas perguntaram ao mesmo tempo.

— Luan não vai me querer lá.

— Olha, você sabe o que penso do Luan, mas nesse momento estou deixando nossas diferenças de lado e pensando o quanto deve estar sentindo a perda da sua mãe. Você precisa ir.

— Terá muitas pessoas para dar apoio. Ele não precisa de mim.

— Precisa sim. Se tivesse visto a cara dele quando nos recebeu. Era de cortar o coração — disse Adele com voz triste.

— Não sei o que está acontecendo entre vocês, mas sei que sua presença levará um pouco de luz para ele. Por favor, você nem precisa falar com ele, só precisa estar lá.

Eu suportaria que Luan me magoasse mais uma vez?

— Tudo bem, eu vou.

— Obrigada. Preciso agora.

Seu amor, meu destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora