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Luan

Você pode dirigir com 16, ir para a guerra com 18, beber aos 21, e se aposentar aos 65. Mas, qual a idade você tem que ter antes que seu amor seja verdadeiro?
(Lembranças)


Nem pensei no que estava fazendo quando toquei seus lábios. Eram tão macios, que poderia jurar estar sonhando.
Quando toquei seu rosto, eu pude sentir cada gota de sua dor, o peso de carregar a culpa pela morte de alguém, uma pessoa que ela tanto amou.
A dor por ela ter sido traída pelas duas pessoas a quem mais confiava.

Fiz o certo quando fui em busca da sua verdade. Ouvir da sua boca como tudo aconteceu e confirmar o que eu já sabia: Eva estava tão quebrada quanto eu.

As nossas dores se uniram quando a beijei, e por todo o tempo que fiz isso, eu não quis parar. Era como se eu estivesse totalmente hipnotizado e dependente do seu toque.

A primeira garota em tempos que conseguiu me atingir dessa maneira, e isso tanto me assustou quanto me surpreendeu.

Reuni todas as minhas forças para afastá-la.

— Me desculpe, não foi para isso que vim aqui — falei me levantando do sofá meio atordoado por conta do beijo.

— Eu também não sei o que deu em mim... Quero deixar bem claro que não saio beijando qualquer um que encontro — disse contendo o nervosismo.

Sua maneira retraída, sem saber como se comportar depois do beijo, só me deixou com mais vontade de puxá-la e tomar tudo o que ela pudesse dar. Eu apenas sorri com seu desembaraço.

— Eu não sou qualquer um — deixei transparecer um sorriso torto enquanto admirava seu desconforto.

Seu rosto inteiro mudou de cor e eu só queria saber como era possível ela ficar ainda mais linda.

— É claro que você não é qualquer um. Eu quis dizer que... Não quero que pense que faço isso com frequência.

Eva entrelaçou as mãos sem saber o que fazer com ela.

— Não penso isso sobre você. Não agora.

— Por quê?

— Somos parecidos.

— Eu não luto. Na verdade, eu nem vejo filmes que tenha lutas.

— Não gosta?

— Parecem violentos demais, tem ossos quebrados e sangue.

Eva voltou a olhar para suas mãos e algo a fez ficar paralisada. Ela estava se lembrando da morte do seu namorado.

— Ei, volta para mim.

Segurei suas mãos, separando-as e tendo sua atenção nos meus olhos.

— Me desculpe, às vezes é tão real que consigo sentir o cheiro.

— Está tudo bem. É normal sentir medo.

— Não vejo você sentir medo.

— Isso é porque não tenho medo.

— Nunca?

Eva parecia estar encantada, seu olhar buscando sempre aquele "mas".

— Nunca — falei acariciando suas mãos.

— Não tem medo de perder alguém?

Meu corpo inteiro ficou rígido. Eu tinha apenas um medo, de não estar preparado para o dia em que minha mãe finalmente partisse. Todos esses anos cuidando dela e ainda sentia medo de perdê-la. Ela era minha única família, sem minha mãe não saberia o que seria de mim. Era apenas por ela que eu estava me mantendo longe dos perigos, porque só tínhamos um ao outro.

Seu amor, meu destinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora