Seu amor, meu destino

22

Luan

Comprimidos aliviam a dor, mas só o amor alivia o sofrimento.
(Patch Adams - O amor é contagioso)

Não sei no que estava pensando quando resolvi deixar o convite na portaria de Eva. Ainda me lembrava do seu medo na noite em que a salvei e em como ela me olhou quando quase matei seu agressor. Talvez eu quisesse mostrar o quanto era perigoso e que ela deveria manter distância, ou, porque egoistamente eu quisesse provar ser o melhor para ela.

Desde nosso beijo, pensava nela o tempo todo, até em meus treinos, ou quando deitava para dormir. Seus olhos castanhos tão expressivos eram meu último pensamento antes de adormecer.
Uma vez, em uma das minhas visitas à minha mãe falei sem querer o nome da Eva e foi o suficiente para ela ser tema para nossas conversas.

Minha mãe acredita que eu preciso encontrar alguém que possa estar ao meu lado quando ela se for, mas eu não quero. Ter alguém em minha vida significa que algum dia vou perdê-la, e já tive minha cota de perdas.

Mas quando pensava em Eva, imaginava como seria estar ao seu lado. Acredito que foi por isso que mandei o convite, queria saber se essa sensação passaria quando ficássemos um tempo juntos.

Procurei por ela entre a multidão, mas não a vi. Rubens e Guto estavam de olho em mim desde que cheguei para luta, observando a minha calma ser abalada por alguém que talvez nem viesse.

Quando entrei no ringue, deixei de lado tudo o que tirava minha concentração e me preparei para derrubar meu adversário. O dinheiro dessa luta seria o que faltava para comprar a medicação da minha mãe.

O AJ foi mais fácil do que os outros lutadores. A luta nem chegou há três minutos.

Fui declarado campeão e ovacionado pelo público. Estava me preparando para sair do ringue quando fui surpreendido por Alice pulando em meus braços. Eu não havia lhe convidado, então como ela entrara?
— Parabéns meu amor...
— O que está fazendo aqui? — perguntei colocando-a no chão.
— Vim ver sua luta.
— Como entrou sem convite? — perguntei aborrecido.
— Todos sabem que estamos juntos, quem iria me deixar lá fora?
Alice estava começando a me irritar, querendo impor algo que não tínhamos.
— Não é assim que as coisas funcionam, está comigo não lhe dá livre acesso a tudo. Fui claro?
Saí do ringue procurando os responsáveis pela entrada das pessoas. Eles iriam responder a minha fúria.
— Cara, o que foi aquilo? Vou nem deu oportunidade para o AJ — disse Guto vindo ao meu encontro — todos viram, até mesmo a garota pecado.
— Que garota pecado?
— Eva, de quem mais eu estaria falando?
— Aquela dissimulada está aqui? — ouvi Alice falar atrás de mim.
— Onde você a viu? — perguntei olhando sobre os ombros das pessoas.
— Ela já foi. Acabou de passar por mim.
— Por quê ela foi embora? — perguntei
O que a assustara ao ponto dela não vir falar comigo?
— Porque eu deveria saber? Nem sabia que ela gostava de luta. Como ela conseguiu o ingresso?
— Eu enviei.
— Então era por isso que você não me queria aqui? Porque queria aquela...

— A quanto tempo ela foi embora? — perguntei olhando para Guto e ignorando Alice completamente.

Guto estava me olhou estranho.

— Quanto tempo? — fui insistente pouco me importando para o que ele estivesse pensando.

— Cinco minutos, eu acho. No que você estava pensando quando deu um convite àquela garota?

— Ele estava tentando me humilhar — Alice soltou atrás de mim.

— Você não precisa de mim para isso — falei enquanto corria para o estacionamento do galpão.