Ensaio sobre o beijo

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− Ela está esperando

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− Ela está esperando.

E quem perguntou?

Olhei para o rosto sorridente da sra. Dollitle, mas não me dei ao trabalho de parar para falar com ela, estava cansado da sua ladainha costumeira e nem um pouco disposto a ouvir mais daquilo.

Segui para o segundo corredor a passos apressados, e se a Cara de Coruja estava me esperando eu não a vi, não ali pelo menos.

Havia alguns livros sobre a nossa mesa e uma montanha de cadernos, me aproximei mais um pouco e conclui que o notebook sobre a mesa era mesmo o trambolho - trambolho é o nome que eu dei ao notebook da Beene, porque é exatamente isso que aquela coisa é, passa uma vida para ligar e outra para abrir qualquer programa.

− Beene. − chamei, correndo os olhos pelo lugar.

Nada dela. Deixei a bolsa sobre a mesa e aproveitei para tentar tirar um cochilo, não tinha conseguido dormir bem à noite porque desde que as visualizações do "A axila que solta puns" alcançara a assombrosa marca de um milhão de visualizações Arran passara a investir pesado na produção - de vídeos, não de puns, que fique claro.

Mas, para meu azar, a sra. Dolittle resolveu perturbar o que poderia ter sido uma excelente soneca. Eu até tentei fingir que estava dormindo pesado, acontece que depois de alguns cutucões na cabeça fui forçado a abrir os olhos e desistir do que pensava ser um plano perfeito.

─ Não estava dormindo, não é?

─ Não, apenas ensaiando para o dia da minha morte.

─ É jovem demais para desperdiçar tempo pensando nesse tipo de coisa. ─ disse ao sentar-se. ─ Quando tiver a minha idade...

─ Quando eu tiver a sua idade serei velho demais para pensar em qualquer coisa além de fraldas geriátricas, dentaduras e prisão de ventre.

Ela me encarou como a boca entreaberta, e eu me afastei um pouco, vai que a dentadura salta em cima de mim. Eu não era nada afeito a falar com idosos, a impressão que eu tinha era que em algum momento durante a conversa acabaria envolto em uma nuvem de gases ou coberto de saliva, por essa razão me mantinha distante, menos dos meus avós porque eles não usam dentadura, produzem nuvens de gazes ou fedem a naftalina.

Viola e Rigel - Opostos 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora