Rastejar

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Ainda estou esperando que o Oli se desculpe, não apenas por ter me acusado de ser uma língua solta, mas por estar há quase uma semana me evitando e agindo como se eu não existisse

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Ainda estou esperando que o Oli se desculpe, não apenas por ter me acusado de ser uma língua solta, mas por estar há quase uma semana me evitando e agindo como se eu não existisse.

Ah, e isso não é tudo, ele disse que não pode nem pensar em beijar uma garota que odeia a sua família. "Acontece que eu não odeio a sua família, apenas uma pequena parte dela.", eu retruquei. E isso foi o pior, porque o rosto dele ficou todo contraído e no mesmo instante eu soube que tinha perdido uma ótima oportunidade de ficar calada.

Contudo, não o culpo por estar bravo, porque eu também estou, e não apenas com o próprio Oli, mas com o Dementador, a mamãe e, principalmente, comigo mesma, porque sou uma tonta.

E não estou brava com a mamãe por ela ter enfrentado o Dementador, longe disso, seu ato de coragem me fez sentir ainda mais orgulho de ser sua filha. O Dementador precisava ouvir algumas verdades, verdades que ninguém nesta cidade se atreve a dizer. O que me deixa prestes a arrancar os cabelos são as respostas, ou, para ser mais exata, a falta delas. E, para completar, a mamãe me fez jurar que não falarei sobre o ocorrido com o papai - nem agora, nem nunca. Quando eu perguntei por que, tudo que ouvi em resposta foi: Seu pai já tem problemas suficientes, não temos porque acrescentar mais um à lista.

Eu assenti, mas não engoli a desculpa. Ela sequer me respondeu porque o chamou de Max...milian. Algo nesta história fede, e não é cocô de cabrito.

Girando a cabeça para a direita, dou mais uma espiada no Oli, ele retribui o olhar por um instante, mas desvia assim que abro um sorriso.

Aperto os lábios e, em meio a um pesado suspiro, deixo os ombros caírem.

- Patética. - Ouço Emily Dawson resmungar para Brigite Marshall, em seguida, as duas desatam a rir.

Ninguém merece.

Sopro a mecha teimosa que desliza sobre a minha testa e volto a encarar o quadro negro.

O professor segue discorrendo sobre formas de vida marinhas. Se eu não estivesse triste demais, acrescentaria o fato da Emily e da Brigite agirem como águas-vivas à lista de coisas que me fizeram rir hoje, que até o momento permanece em branco. Em dias normais, a esta hora, eu já consegui rir de verdade de pelo menos três coisas, e pensar nisso me deixa ainda mais triste.

Geralmente presto atenção ao que os professores dizem, mas, como já mencionei, este é um dia bastante atípico: não estou interessada nas esponjas do mar, crustáceos e afins. Tudo que me interessa saber é como o Oli pode agir assim depois de ter me beijado, não uma, mas várias vezes. Como ele pode fechar a cara e fingir que eu não existo?

Sei que o que disse foi errado, sei sim, por isso pedi desculpas, não uma, mas várias vezes.

Isso não é justo, estou continuamente relevando suas falhas, costurando os retalhos, por que ele não pode fazer o mesmo ao menos uma vez?

Viola e Rigel - Opostos 1Where stories live. Discover now