Sobre surpresas e ameixas

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― Para onde estamos indo?

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― Para onde estamos indo?

― Shiii. ― Emily chiou, me puxando pela mão. ― Cala a boca e me segue.

Eu sei que é tolice acompanhar a Emily, ou fazer qualquer coisa que ela peça, mas depois da visita do meu pai, não  estou com muita disposição para discutir o que quer que seja, então tudo o que eu faço é segui-la para o segundo andar, me arrastando pela escada e corredores vazios. Passa das 19:00hrs e a esta hora, eu pretendia estar no meu quarto, não aqui, não sendo arrastado pela Emily.

Quando ela apareceu na minha porta mais cedo, eu pensei em mandá-la catar coquinhos, mas não seria legal fazer algo assim, não quando ela se empenhara tanto em organizar uma festa para mim, eu fiquei sabendo da tal festa  pelo Arran, a Emily contou para ele e, como era de se esperar, ele acabou batendo com a língua nos dentes.

Meu primeiro pensamento foi fingir que estava doente, eu não gosto nada de festas, menos ainda quando sou a atração principal. Mas depois da visita do meu pai, acho que será bom ocupar um pouco a cabeça com outros assuntos. "Não o quero perto daquela garota.", ele fez questão de reiterar, e parecia falar mais sério do que nunca. Por falar "naquela garota", não é como se ela estivesse fazendo questão da minha companhia, não hoje pelo menos. Deve estar ocupada demais chorando a partida do Porter. Ouvi dizer que ele integrará a categoria de base de um time Espanhol e, para ser honesto, estou torcendo para que ele se dê muito bem, consiga chegar ao time principal, faça muitos gols, ganhe boladas por dinheiro e gaste tudo com bebidas e marias-chuteiras, assim não precisará voltar tão cedo para Madison Place. Bem, voltando a Cara de Coruja, me sinto um pouco, eu disse um pouco, decepcionado, e talvez este seja mesmo o real  motivo de eu estar aqui agora. O fato é que eu esperava mais dela que um simples "Feliz Aniversário", que foi tudo que ela me disse hoje pela manhã, um pouco antes do professor entrar na sala. A minha reação aos adesivos pode não ter sido a melhor, mas eu tentei, juro. E o Pequeno Stan, que é como ela apelidou o macaco de pelúcia, é simpático, uma daquelas coisas que de tão feias acabam se tornando engraçadas, tipo..., tipo, a própria Beene. Não que eu a ache tão feia, mas ela era quando nos conhecemos, e era estranha também, isso não mudou, acho até que sua estranheza se intensificou consideravelmente com o tempo.

― SURPRESA! ― esse foi o grito que eu ouvi quando a Emily abriu a porta da Sala de Música.

Confetes voaram no meu rosto e uma música animadinha ecoou pelo lugar, e isso é um problema porque eu não gosto de músicas animadinhas e, neste exato momento, tem confete na minha boca. Tiro o minúsculo pedaço de papel rosa dos lábios e me viro para cuspir o resto. Isso não vai prestar.

Emily bate palminhas e me arrasta pelo espaço decorado com bexigas, fitas e umas coisas brilhantes e coloridas que eu não faço a menor ideia do que sejam, enquanto recebo abraços e tapinhas nos ombros acompanhados de felicitações e sorrisos.

Dou uma olhada para trás, para a porta agora fechada, e faço um cálculo mental: seis passos e estaria livre deste pesadelo chamado festa surpresa.

Viola e Rigel - Opostos 1Where stories live. Discover now