Como uma nuvem

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O Sr

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O Sr. Abott continuava discorrendo sobre sistemas monetários e politicas publicas, enchendo nossos ouvidos e paciência.

O ponteiro do relógio corre, menos de cinco minutos para a próxima aula, Literatura Inglesa, e eu mal posso esperar para vê-la.

Não estou conseguido pensar em outra coisa desde que nos despedimos ontem à noite. Eu a acompanhei até o quarto e ela me abraçou forte.

― Foi a melhor noite de todas. ― disse baixinho, os lábios trêmulos tocando a minha orelha e me fazendo arrepiar.

Depois disso, ela entrou no quarto e eu voltei para o dormitório, onde fui recebido por outra chuva, desta vez de perguntas. Arran queria saber o porquê de eu ter deixado a "minha festa", onde tinha me enfiado e por que estava parecendo um cachorro molhado. Não me dei ao trabalho de responder, prefiro não falar sobre os últimos acontecimentos, não acho que ele seja capaz de entender qualquer coisa e, no mais, o que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta.

Eu o conheço, sei o que diria: que eu estou maluco. Que preciso fazer algo a respeito, dar um chega para lá na Cara de Coruja antes que ela me transforme em cinzas. Que ela sequer tem peitos e mais uma porção de idiotices como estas.

Não quero estragar as coisas com a Beene, não dessa vez. Não quero que o Arran cuspa suas bobagens pela escola, que isso chegue aos ouvidos dela, ou pior, aos ouvidos do meu pai – que, neste exato momento, deve estar vindo para cá. Ele me dissecaria vivo e mandaria o cadáver para a Suíça no primeiro voo.

E não é só isso, não vou negar que pensar no que as pessoas diriam me faz tremer dos pés à cabeça: Rígel Stantford apaixonado pela filha do Sr. Bosta de Cabrito, já posso ver a manchete da Misterious Queen, ouvir os risinhos, o burburinho, posso ver os dedos em riste, apontando na minha direção. Um frio percorre a minha espinha e meus ombros caem enquanto tamborilo com a caneta na mesa.

Não sei se posso lidar com algo assim, provavelmente não.

Não gosto de ser o centro das atenções, e ficar com a Beene me transformaria num elefante branco. Mas ficar longe está fora de cogitação. Mas não quero pensar nisso, não agora. O amanhã é uma ilusão, ela disse, e talvez esteja certa.

Uma bolinha de papel acerta meu cocuruto, dou uma olhada por cima do ombro, a Emily acena rapidamente para mim e faz uma carinha triste.

Ignoro.

Ela veio falar comigo mais cedo, antes do café da manhã, disse que não estava pensando direito noite passada e pediu um milhão de desculpas.
Não sei o que a faz achar que meia dúzia de palavras falsas serão suficientes para desfazer o estrago ou fazer as coisas voltarem a ser como antes.

Dei meia volta e sai andando.

Quando o sinal finalmente toca, sou um dos primeiros a deixar a sala, avanço pelo corredor, cortando caminho até chegar à sala do professor Wilborn, que está praticamente vazia.

Viola e Rigel - Opostos 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora