Impulsiva e faladeira

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O céu é azul

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O céu é azul. O vento sopra. Macaco gosta de banana. E Oli gosta de Viola.

Não foi exatamente uma declaração de amor, mas andou tão perto disso. Eu sei que o Oli gosta de mm, pode parecer bobagem, mas quando alguém gosta da gente de verdade, a gente sente, sente em cada pedacinho da alma. E eu sinto.

Anne promete odiar Gil para sempre e deixo o livro na balaustrada, pensando em todas as promessas que fazemos e que, não obstante, quebramos. Promessas são perigosas, por isso não as faço a menos que esteja certa de que posso cumpri-las.

Amanhã é o aniversário do Oli, quinze anos, o tempo realmente passa voando. A Emily Dawson está organizando alguma coisa, a Lilian me contou, e é claro que eu não serei convidada. Espero que ela não encomende bolo de ameixa, o Oli odeia ameixas, e também festas de aniversário. Eu tentei falar com a Emily sobre isso, mas ela me mandou parar de latir e chispar, ai eu desisti.

Também estou pensando em algo para amanhã, embora depois do fracasso dos adesivos me sinta um bocado apreensiva e insegura. É difícil presentear alguém que tem o mundo ao alcance das mãos.

Descansando as pernas na balaustrada, retornei a Avonlea, o pequeno e apaixonante mundo de Anne de Green Gables. Eu a entendo, a Anne, sei bem quão trágico é ser ruiva, sardenta e magricela.

Passos se fizeram ouvir e levantei a cabeça, o Corredor Exterior Norte não é muito querido pelos alunos do Madison; assim como o jardim, ele é bem ignorado, apenas uns  poucos alunos vêm aqui - na verdade, acho que apenas eu venho aqui. Descobri o Corredor Exterior Norte no primeiro ano, quando procurava um local tranquilo onde pudesse estar em paz comigo mesma e ler sossegada, e desde então tenho estado por aqui, lendo e observando os canteiros floridos, a neve e as estrelas, estação após estação.

Mas a questão é que o meu pequeno espaço foi invadido. A visita era tanto inesperada quanto ameaçadora, e parou ao me ver, isso mesmo, ele estacou.

Com olhos arregalados, engoli em seco.

O Sr. Stantford tirou as mãos dos bolsos, mas não se moveu, me encarava como se estivesse diante de uma barata voadora gigante que, por sua vez, ameaçava alçar voou em direção a ele.

― O-oi. ― me atrevi a cumprimentar, acenando fracamente.

Ele continuou parado, como que dementado a felicidade e beleza do mundo à sua volta.

― Eu conheço você?

Sim, sou a filha do homem a quem o senhor arruinou. É claro que eu não disse isso, embora me sentisse bastante tentada a fazê-lo.

― Bem, acho que não, nunca fomos oficialmente apresentados. ― Apertei o livro contra o quadril e, com passos hesitantes, andei até ele, estendendo a mão ao parar à sua frente. ― Sou Viola Beene.

Ele não apertou a minha mão, não chegou nem perto disso, enfiou as palmas de volta nos bolsos e cemicerrou os olhos para mim. Uma postura nada simpática, ou minimamente educada.

Viola e Rigel - Opostos 1Where stories live. Discover now