O tempo é relativo

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Não sei quanto as outras pessoas, mas eu odeio despedidas

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Não sei quanto as outras pessoas, mas eu odeio despedidas.

Todo esse lance de lágrimas, adeus e até logo me deixam um bocado deprimido, e toda vez que fecho os olhos ainda vejo a Cara de Coruja choramingando ao soltar a minha mão e se afastar. Foi estranho pra cacete, por um segundo eu senti como se aquilo não fosse uma despedida qualquer, foi quase como jogar um monte de terra sobre o caixão de alguém que você ama.

Num instante ela estava me abraçando e, no instante seguinte estava se afastando, sorrindo de um jeito triste enquanto virava no corredor adiante. Eu fiz um esforço danado pra retribuir o sorriso, ignorando o aperto e a dor que começava a despontar no meu peito.

Pra variar está chovendo aqui em Londres e o vento intensifica a sensação gelada. Após constatar que está tudo bem com a minha cabeça, meu pai resolveu que isso merecia uma comemoração, motivo pelo qual agora estamos abancados à mesa de um restaurante no centro da cidade.

Apesar de tentar a mamãe não consegue disfarçar o mau humor, ela pediu vinho branco mais cedo, mas o meu pai não apenas barrou o pedido como solicitou ao garçom que trouxesse apenas água.

― Então, como anda o desenvolvimento da nova coleção? ― ela pergunta à tia Miranda.

Foi ideia do meu pai convidar a tia Miranda e a família dela para jantar conosco, infelizmente o tio Theo ficou preso em uma reunião de negócios e não pôde vir. Uma pena, ele é bem legal, com certeza daria um jeito de aliviar o clima pesado.

― A todo vapor ― tia Miranda responde, toda sorridente. ― Você precisa ver as bolsas, ficaram incríveis.

Henri permanece alheio à conversa, tagarelando baixinho com a garota ao lado e rindo como um tapado. Pudera, eu também estaria assim se tivesse uma namorada como a dele.

Enquanto tia Miranda e a minha mãe dissertam sobre o desenvolvimento da tal coleção, eu aproveito para pedir licença e fugir para o banheiro.

Não consigo pensar em nada mais chato do que essa ladainha sobre moda e tendências. Minha tia e minha mãe estão se comportando como versões mais velhas da Emily e da Bridget, e isso dá nos nervos.

Recostado na pia do banheiro, eu retiro o celular do bolso e a primeira coisa que vejo é uma mensagem da Cara de Coruja:

Tudo bem com você? Como foram os exames?

Nenhum problema detectado. Aparentemente vou viver mais uns cem anos e morrer de velhice em uma cama quentinha ao som de Fleetwood Mac.

Que bom que está tudo bem. Eu estava tão preocupada, mal consegui prestar atenção às aulas. Quando você volta?

Ainda não sei, no final da semana, talvez. Minha mãe quer aproveitar a viagem para visitar a nossa antiga casa e uma tia vó na Estônia.

Okay. Só não esquece de mandar notícias, o Dean consertou o meu laptop, está novinho em folha. Pode me chamar sempre que tiver vontade.

Viola e Rigel - Opostos 1Où les histoires vivent. Découvrez maintenant