A Garota (quase) Invisível

Capítulo 1

Um dia anormal

Faltam exatamente cinco minutos para minha mãe entrar no quarto e me obrigar a arrumar para ir para o colégio.

Se eu quero ir? Não.

Se eu vou inventar uma desculpa para não ir? Sim.

Eu poderia estudar em casa e não ter olhar na cara dos idiotas no meu colégio, os imbecis que me apelidaram de "Invisível ".

No entanto, eu até estou grata por isso, sendo invisível, ninguém fala comigo nem se atreve a chegar perto de mim, tenho um pouco de paz e não preciso de aguentar os dramas de ninguém. Porém, em alguns momentos, eles se lembram que eu existo e sou o alvo dos seus insultos. Depois de um ano chorando todos os dias, fiz para mim uma lista de regras que eu precisava de seguir com o intuito de nunca desistir de mim mesma:

1. – Ignora.

2. – Não provoque de volta, se não você será um imbecil como eles.

3. – Levante-se do chão e segue sua vida.

4. – E por fim, finge que nada aconteceu.

Eu nem sempre fui assim, alguns anos atrás eu tive duas amigas, mas viram que estar perto de mim, automaticamente as faziam virar alvos também, então em vez de me protegerem, decidiram que seria melhor irem embora. Que belas amigas eu arrumei.

Invisível.

Com 17 anos, uma garota super antissocial e que ama ler banda desenhada. Prazer sou eu.

- Daisy acorda! – Já estava suspeitando da demora dela.

não sabe de nada que acontece comigo, pois eu sei que ela iria se desgastar fazendo tudo para me proteger, sendo que ela já tem outros assuntos para se preocupar.

- Mãe... - Fingi estar tossindo. – Acho que estou gripada. E morrendo...

- Ah tá, gripada como as cem mil vezes é? E que coincidência, logo no seu primeiro dia como das outras vezes também? Vamos, levanta.

Não valia a pena retorquir, se não me levantasse agora, mais tarde não teria hipóteses.

- Está bom. Vou no banheiro. – Respondo super sonolenta.

- Estou te esperando lá em baixo menina.

Calcei meus chinelos e fui no banheiro fazer a minha higiene matinal.

- Será que deixo meu cabelo solto ou amarro? – Falei para mim mesma olhando no meu espelho. – é... vou deixá-lo solto mesmo.

Fui até o meu armário e optei por usar umas calças jeans e um moletom azul bem largo. Tirei meus chinelos, me calcei e desci para tomar o café da manhã.

- Estou sentindo um cheiro de panquecas?

- Isso mesmo. Panquecas com chocolate derretido, hoje está bem frio e nada melhor que um café da manhã especial. – Minha mãe colocou o meu leite achocolatado de sempre na mesa.

- Esqueci de alguma data importante?

Era muito raro minha mãe fazer comidinhas assim, tipo muito raro mesmo.

- Bom... - Ela se sentou na minha frente colocando os cotovelos na mesa entrelaçando as mãos. – Como você sabe, eu tenho ido em uns encontros com o Richard. – Ah o "namorado" da minha mãe.

Ela sempre chegava toda feliz a casa depois de um encontro, às vezes um pouco bêbada e ficava a cantarolar no sofá. Momentos inesquecíveis. Tenho até uns vídeos aqui, são o meu hobby preferido.