Capítulo 25

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O coma sem fim

Dylan Narrando

Uma semana se passou. Uma semana conversando com a Daisy sem obter resposta alguma. Ainda não tinha perdido as esperanças de que a veria abrir os olhos.

Por conta disso, fui no túmulo da minha mãe sozinho, Daisy havia prometido ir comigo, mas pelas circunstâncias do momento, isso não foi possível, me senti vazio ali do lado da minha mãe.

Meu pai não visita o tumulo da minha mãe desde o funeral, ele não era forte o suficiente para superar todos os anos sem ela, então quanto mais longe dela, mais ele enterrava a dor. Anna o tem ajudado a superar, quem sabe um dia, ele finalmente tenha coragem.

O colégio inteiro queria saber notícias da Daisy. Eu não acreditava nem um pouco na preocupação deles, eram um bando de hipócritas curiosos, qualquer boato que se espalhasse, já eram os primeiros a comentar e julgar.

- Dylan. – Vejo Sasha me chamando.

- O que foi Sasha?

Não estava com disposição para as pirralhices da Sasha.

- Não precisa ser assim comigo. Só queria saber se Daisy está na mesma...

- E desde quando você quer saber?

- Ah, que seja! Tenho mais que fazer. Adeus. - Ela implica indo embora.

Meus olhos estavam inchados e vermelhos, dias sem dormir, sem comer direito.

Além disso, eu estava mais arrogante que o normal, o meu Dylan antigo voltou á tona. Quero fazer algo para ir na diretoria e ser suspenso, quero esmurrar alguém só porque deixou minha caneta cair, tudo seria motivo para eu me irritar. Meu pai está desconfiado deste meu comportamento, mas sempre que ele tocava no assunto eu desviava completamente.

Só de me lembrar que Daisy nunca mostrou sentimentos por mim, me faz sentir ainda mais idiota. Eu estava sendo dramático demais? Será que Daisy algum dia irá gostar de mim da mesma maneira que eu gosto dela?

- Hailey, vou matar aula.

- Eu vou contigo.

Assinto com a cabeça e vou pegar meu grafite do meu cacifo. Precisava de tirar este peso de cima de mim, nada melhor que grafitar algo.

Hailey e eu chegámos no "nosso" prédio abandonado, já tínhamos algumas coisas feitas por nós.

- Eu sabia que você iria estar aqui. – Alex aparece junto de Jack. – Partilhe a sua tristeza connosco irmão.

Eles se aproximam de mim me dando duas tapas nas costas. Não eramos nada sentimentais, mas quando era para dar apoio não pensávamos duas vezes.

- Eu só quero desenhar, nada mais. – Respondo procurando uma parede livre.

Comecei por desenhar um lobo solitário olhando a lua cheia. Parei um pouco para visualizar melhor meu desenho. Larguei o spray e me sentei prestes a chorar. Sozinho, era assim que eu me sentia.

Hailey me abraçou e sussurrou que tudo ia ficar bem. Alex pegou na minha lata de spray e deu continuidade ao meu desenho. Um pouco depois Jack se juntou e ambos desenharam mais dois lobos e por fim Hailey desenha um também. Foi aí que eu consegui entender a mensagem que eles estavam me passando. Nó somos uma alcateia, e nunca deixamos um lobo para trás.

Eles me deram forças durante essa semana inteira, sem eles, eu com certeza já estaria no meu pior.

- Obrigada pessoal. – Os abraço e pela primeira vez nestes oito dias que se passaram, eu sorri.

- Vai ver a Daisy esta tarde?

- Sim.

- Se precisar de companhia, só chamar que eu vou correndo. – Hailey lança o seu raro sorriso carinhoso.

Prefiro ir sozinho. Eu fico conversando com a Daisy, mesmo ela não respondendo. Conto sobre o meu dia, tendo esperanças de que ela acorde do nada e que me mande calar a boca de uma vez.

Acho que a vida me ensinou a nunca perder a fé e a esperança.

Fomos comer algo na lanchonete lá perto antes que eu partisse para o hospital.

- Oh, meus meninos! Como é que estão? – Lauren aparece com o seu avental azul-clarinho.

- Estamos bem, Lauren. – Alex responde sorrindo. – Ainda faz o seu famoso Milkshake?

- É claro que sim. Vocês também querem? – Ela pergunta nos olhando.

Todos assentimos com a cabeça ansiosos para comer.

- Joanne vai me matar, neste momento ela já deve ter notado que eu não estou no colégio. – Alex comenta com um olhar assustado.

Joanne era quem mandava na relação. basicamente. Alex se acalmou bastante desde que conheceu a Joanne. Alex era o pior de nós os três. Ele foi o primeiro a perder a virgindade, ele era uma autêntica máquina das bebidas e pegadas.

Ironicamente, ele conheceu Joanne numa boate, foi "amor á primeira vista", como eles disseram. Eu não acredito nessas coisas, acho demasiado cliché.

- Boa sorte, você vai precisar. Até eu tenho medo da Joanne quando ela fica furiosa. – Hailey comenta imitando uma faca no pescoço.

- Obrigada por me fazer sentir melhor. – Alex revira os olhos.

- Também te amo.

- Aqui está! – Lauren aparece com os nossos pratos. – Bom apetite crianças.

- Obrigada Lauren. – Dizemos todos ao mesmo tempo.

Devorámos aquilo tudo em menos de dez minutos. Sabe quando a sua avó faz aquela receita caseira, a sua vontade é repetir mais três vezes? Pois é, era assim que nos sentíamos na lanchonete da Lauren.

- Bom dia, eu vim...

- Ver a Daisy, já sabe o caminho. - Marilyn da receção já me conhecia, minhas visitas já haviam se tornado frequentes aqui.

- Certo.

Por mais que eu fizesse isto todos os dias, o nervosismo sempre me atacava como se eu fosse um garotinho no seu primeiro encontro. Pelo menos era assim que eu me sentia.

A caminho do corredor, vi um homem de terno e óculos escuros saindo do quarto da Daisy, fiquei logo em alerta, achando que alguém conhecido do Brian tinha vindo se vingar. Corri para o quarto da Daisy para ver se ela estava bem e respirei fundo ao ver que nada havia mudado.

Me sento ao seu lado e como sempre, pego na sua mão.

- Olá, mais uma vez. – Sorrio mesmo sabendo que ela não está me vendo. – Eu sei que apesar de não me responder, você está me ouvindo. Espero que quando acordar, eu esteja aqui do seu lado.

Suspiro acariciando a sua mão com o meu polegar.

- Acho que você já sabe que eu quero levá-la em um encontro. Você disse que não nos conhecíamos muito bem para ter sentimentos por mim, então quero lhe dar a chance de me conhecer melhor. Eu espero que aceite a minha proposta e que não fuja de mim. – Dou uma leve risada.

Não sei se foi impressão minha ou não, mas eu senti os seus dedos se mexerem. Como se estivesse tentando me responder de alguma forma. Ela estava mais perto de acordar do que eu pensava.

- Isso continue assim. Volta Daisy, por favor... - Permaneci mais dez minutos lá esperando ela se mexer de novo, mas foi em vão.

Talvez eu estivesse só imaginando coisas, eu quero tanto que ela acorde que acabei vendo coisas que não existem.

Desconhecido narrando

Xxx1: É ela senhor, encontrámos Dalila Montenell Stone.

Xxx2: Tem certeza?

Xxx1: Absoluta, senhor. A mãe mudou a sua identidade para Daisy Heart Stone.

Xxx2: Esperta, mas não o suficiente. Não a perca de vista.

Xxx1: Entendido Senhor.

A Garota (quase) InvisívelWhere stories live. Discover now