Capítulo 8

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Um visitante

Bia acordou sozinha no quarto de Katherine, a empregada já havia saído, ela parecia ser a única pessoa a fazer as coisas naquela mansão gigantesca, a única empregada que tinha na casa. Após tomar um banho revigorante e escovar os dentes, a garota foi até a sala de jantar para tomar café da manhã, ela sentou-se em sua costumeira cadeira e começou a comer. Ao olhar de relance para a pessoa que estava a sua frente, Bia viu algo que passou rapidamente como um vulto atrás da pessoa, a garota franziu o cenho e semicerrou os olhos para tentar descobrir se havia algo camuflado naquela parede, mas não havia nada, ela se levantou e decidiu enfrentar seu quarto, ao virar para trás, ela vê novamente um vulto passando na porta da frente da mansão, ela começou a se assustar e subiu velozmente para seu quarto, adentrou-o, e fechou a porta atrás de si com um baque.
Bia ficou dentro do quarto por alguns minutos e então resolveu sair, ela queria investigar a parte de trás do orfanato, a última chama de curiosidade de Bia já havia se extinguido, mas a garota já não queria apenas observar, Bia queria desvendar os mistérios daquele lugar, não fazia sentido tudo o que acontecia nele, tinha que ter uma explicação, e Bia estava determinada a descobrir qual era de qualquer forma. Ao sair do orfanato, Bia olhou para as janelas do terraço e viu alguma coisa lá, parecia ser um rosto de um garoto, ele parecia estar desesperado, Bia o ignorou e foi até os fundos do terreno novamente, porém a garota nem mesmo pensava em entrar novamente naquela claraboia. Ao chegar lá, Bia sentiu-se estranha, como se estivesse sendo observada, parecia que alguém a olhava do bosque atrás de si, a garota se sentia desconfortavelmente assustada, olhava freneticamente a cada dois segundos para as árvores do bosque, a garota achou que aquilo que a observava podia não ser um habitante, por tanto Bia apressou-se a entrar novamente no orfanato.
Assim que a garota abriu a porta de seu quarto, ela viu novamente um vulto que passou de sua cama e subiu para o teto, ela correu rapidamente fechando a porta do quarto e descendo as escadas em direção ao quarto de Katherine, Bia bateu na porta mas ninguém a abriu, ela tentou abrir porém estava trancada, a garota resolveu sair daquele lugar e, para esfriar a cabeça, ela foi caminhar pelas vizinhanças, era a primeira vez que Bia saia do orfanato sem ser para ir à escola, ela andaria apenas pela rua para não se perder da mansão.
Bia logo percebeu, já passando da escola onde estudava, o quanto o lugar era deserto, haviam apenas umas poucas casas bem longe umas das outras, ela viu, um pouco ao longe, na margem direita da rua, uma pequena casinha onde tinha uma lanterna enorme, e um sino acima dela, que tomava quase que todo o espaço do lugar. Bia se aproximou e viu que tinha uma casa maior bem embaixo da menor e, ao se aproximar mais, ela viu que era uma igreja, uma catedral na verdade, com uma cruz de ferro bem grande a sua frente, porém um pouco abaixo, pois era uma ladeira, a lanterna era provavelmente um farol, com um objetivo que Bia não pôde pensar, ela quis entrar na catedral, mas, ao imaginar ela entrando em um lugar provavelmente cheio de pessoas rezando e de repente olhando para ela, decidiu que seria melhor não.
Ela retornou lentamente para a mansão e, ao entrar no orfanato, foi direto ao quarto de Katherine, porém continuava trancado, Bia seguiu para o quarto de Alice para falar sobre o ocorrido da noite anterior. Ao chegar em frente ao lugar, Bia tocou na maçaneta mas antes de abrir a porta do quarto, ela ouviu uma voz que parecia ser a de Ângela.
—Por que você não conta de uma vez a ela? —A garota parecia estar falando com alguém no quarto.
—Não podemos contar nada à ela, na hora certa ela vai descobrir a verdade. —Afirmou uma voz totalmente desconhecida, nesse momento Bia abre a porta do quarto e encontra Ângela sentada em sua cama.
—Com quem estava falando? —Bia perguntou erguendo uma sobrancelha.
—Mesmo que estivesse falando com alguém, isso não seria da sua conta. —Retrucou a garota.
—Mas eu ouvi você falando com outra pessoa.
—Acho que está ouvindo vozes, de novo. —Ângela falou bem claramente a última parte.
—Não me diga, e onde está Alice?
—Se preparando para a escola, por quê? —Bia havia se esquecido desse pequeno detalhe.
Ela nem mesmo respondeu a Ângela, simplesmente correu rapidamente para o banheiro sem pensar muito e entrou fechando a porta atrás de si. Tomou um banho rapidamente e vestiu o uniforme da escola.
Ao encontrar Alice na sala de aula, Bia senta perto dela na cadeira de Ângela, ela e Roberta não haviam ido para a escola.
—Por que demorou tanto? —Alice perguntou ao perceber a garota perto dela.
—Desculpe, acabei perdendo a hora quando saí do orfanato para relaxar um pouco. —Bia se justificou.
—Tudo bem, pelo menos não se atrasou para a aula. —Alice falou enquanto se ajeitava na cadeira, pois a professora de química já vinha entrando na sala.
O tempo passou lentamente na escola, Bia ainda estava no recreio quando resolveu falar algo para Alice.
—Alice, posso te contar uma coisa? —A garota perguntou receosa.
—Claro! O que ouve? —A garota respondeu.
—Bom... Ontem eu vi uma névoa, parecida com uma fumaça, ela tinha cheiro de carne podre, na verdade foi a segunda vez que eu a vi, na primeira tinha alguém dentro dela, mas na segunda eu meio que não esperei para ver. Bom... O que eu quero te falar e que, quando eu vi a névoa, eu corri até o quarto da diretora Irina para avisa-la, mas ela pareceu nem ligar para isso, disse que tinha certeza que era apenas alucinação minha, era como se... Como se...
—Como se não se importasse. —Alice interferiu. Bia a olhou incrédula. —Ela finge não ver o terror nas crianças, nós não sabemos quase nada sobre ela, apenas que ela tem alguma coisa a ver com tudo isso. —Alice mostrava uma expressão de mistério e confusão.

O Orfanato da TormentaWhere stories live. Discover now