2 - Divirta-se

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Menos de doze horas depois, e lá estava eu, conversando com Dylan Chase outra vez.

Sei que parece petulante dizer isso, mas eu realmente não queria nada com o garoto. Eu sabia que ele era lindo, e o fato dele mostrar interesse por mim, por mais que eu odiasse admitir, fazia bem para minha autoconfiança. Mas eu corria de dores de cabeça como o diabo foge da cruz, e sempre soube, desde o momento que olhei para Dylan pela primeira vez, que ele não passava disso: uma grande dor de cabeça.

Era o primeiro dia de aula, então fomos liberados cedo por pura bondade da diretora, que apesar de ter acabado de voltar das férias, já não aguentava mais nos ver. Eu sai da sala assim que o sinal apitou, pronta para ir para casa e desabar na minha própria cama até ser obrigada a levantar e ir trabalhar.

Dylan me abordou no corredor, quando eu estava perto o suficiente das grandes portas duplas que davam para o lado de fora e já podia sentir o gostinho da liberdade. Ele veio andando com pressa em minha direção e disse, enquanto as pessoas prestavam atenção em nós como se fossemos os atores principais em uma peça de teatro:

— Teodora. — Me virei para olha-lo, e ele sorriu para mim, os olhos azuis brilhantes. — Acredito que você me deve um cigarro.

Olhei para os alunos nos encarando, fingindo que amarravam os cadarços ou mexiam em seus armários, as orelhas apontadas na nossa direção como radares. Nunca gostei de muita atenção, e aquilo só fez com que eu sentisse mais raiva de Dylan.

— Não apostei nada com você. — Eu respondi, sem olhar na direção dele, ainda andando em direção as portas.

— Acho que posso esquecer os cigarros se você concordar em sair comigo.

— Olha, Dylan, — Me virei para olhá-lo, deixando as pessoas ao redor ainda mais interessadas. — Não estou a fim de sexo casual em um estacionamento escuro, mas te aviso se mudar de ideia.

— Essa é uma ótima ideia para um encontro, mas não é o que eu tinha em mente.

Arqueei as sobrancelhas para ele, como se perguntasse se ele já tinha acabado. Em resposta, Dylan deu um sorriso de lado, inabalado com minha rudeza, e disse:

— Um encontro, é tudo que eu peço. Se você não gostar, nunca mais te incomodo.

— Como tem tanta certeza que vou mudar de opinião sobre você com em um simples encontro?

— Porque encontros comigo nunca são simples.

Revirei os olhos deliberadamente, sem vontade alguma de sair em um encontro com Dylan Chase. No geral, eu odiava encontros, porque tudo não passava de uma formalidade ridícula que fazia com que eu me sentisse desconfortável e entranha na minha própria pele, não tinha sido feita para jantar com garotos desconhecidos que esperavam sexo como moeda de troca por ter pago o jantar.

Eu não era esse tipo de garota.

Por outro lado, ter o incessante Dylan Chase fora da minha vida depois de um simples encontro — por mais estranho que fosse — era uma oferta tentadora, e os olhares dos adolescentes ao nosso redor só me deixavam mais inclinada a fazer com que o garoto me esquecesse de uma vez por todas.

— Tudo bem. — Cedi, finalmente. — Um encontro, e depois disso, você me deixa em paz.

— Um encontro, e depois disso, você muda de opinião. — Ele rebateu, sorrindo. — Te pego no seu trabalho.

— Como você sabe que eu... — Comecei a perguntar, enquanto Dylan Chase sorria enigmaticamente para mim e virava as costas, voltando para o corredor de onde tinha saído.

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