31 - Dançando no silêncio

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– As estrelas estão tão brilhantes. – Maxine contou, sorrindo enquanto olhava para o céu, deitada no escorregador.

Acontece que não consegui manter a postura de uma pessoa descente que encarava a realidade com coragem por muito tempo: depois que Dylan me deixou em casa, eu chorei no chuveiro por cerca de uma hora, me perguntando como diabos sairia dali – a resposta veio através de uma mensagem de texto de Maxine, que me convidava para usar ácido com ela e Thomas no parquinho de diversão abandonado perto da praia em que nos encontrávamos agora.

Acabei não usando o ácido, por medo do que eu poderia ver ou sentir no estado emocional deplorável em que me encontrava, já não consegui durar mais que uma hora tentando resolver meus problemas comigo mesma. Então decidi esquece-los apenas com muita maconha.

Thomas acabou fazendo o mesmo que eu e, enquanto Maxine encarava as estrelas deitada no escorregador, eu e ele riamos no balanço, completamente chapados.

– Parece que estou flutuando. – Maxine comentou, e nós rimos outra vez.

– Como foi a noite de vocês ontem? – Perguntei para Thomas, com as mãos na corrente do balanço enquanto o impulsionava levemente para frente e para trás, a poeira sujando minhas botas.

– Boa, mas Maxine não sabe pagar boquete.

– Eu prefiro garotas! – Ela gritou, e eu ri.

– Você fica muito bonita quando sorri assim. – Thomas comentou para mim, chapado demais para ter um filtro.

– De nada. – Falei, e ri de novo. – Quer dizer, obrigada.

Nós rimos mais ainda, e conversamos enquanto Maxine falava que não sentia mais seus pés. Eu não sabia porque Thomas também havia desistido de tomar o ácido quando eu me recusei, mas conversar com ele ali era quase agradável.

Na noite do jogo, eu fui para a casa dele, e como sempre, não conversamos muito. Ainda assim parecia que alguma coisa havia mudado nele desde aquele dia, e o deixado mais interessante e divertido – agora, ele parecia querer conversar comigo, e isso era algo novo entre nós.

– Onde você se meteu ontem à noite?

– Tive um problema. – Falei, dando de ombros. Não queria me lembrar de Dylan agora. – Por que não tomou um quadrado também?

– Não queria terminar a noite correndo pelado pela praia com Maxine com você filmando toda a cena. – Ele falou, puxando o balanço com os pés para ficar mais perto de mim. – Vou ser o cara responsável hoje a noite.

– Então estamos fodidas. – Rebati, sorrindo.

Thomas me encarou sorrindo, e eu apenas o encarei de volta enquanto ele parecia gravar as feições do meu rosto com detalhes. Não tinha ideia no que se passava pela sua cabeça, e não me importava: peguei o baseado da sua mão e traguei, enquanto ele ainda me olhava.

– Você é algo mais, não é? – Ele sussurrou para mim, o que não fez sentido no momento, e logo soltou os pés e deixou o balanço voltar para longe de mim.

– Ei. – Maxine disse, apoiando o queixo no escorregador e olhando para nós com seu melhor sorriso de lunática. – Seria mesmo legal correr pelada.

– Então corre. – Thomas respondeu, pegando o baseado da minha mão como se nada tivesse acontecido. – Eu disse que eu não quero, mas você pode.

Maxine riu como se ele tivesse contado a piada do século, e depois disse:

– Eu amo vocês. – Ela se voltou para as estrelas novamente. – Vocês são, tipo, a única coisa boa que aconteceu comigo em muito tempo.

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