23.5 - Karma

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DYLAN CHASE.

– Quatro meses?! – Naomi praticamente gritou. – Quatro meses mesmo?

Não respondi, porque já tinha perdido a conta de quantas vezes ela havia repetido a mesma pergunta. Não teria nem tocado no assunto se não estivesse bêbado e frustrado, mas eu estava.

O dia hoje havia sido estranho. Eu gostava de passar meus fins de tarde de domingo bebendo e fumando na pista de skate, olhando para praia enquanto o sol se punha e pensando em qualquer coisa aleatória que não tivesse a ver comigo. 

Mas naquele domingo, eu havia levado um tapa no rosto.

– Você não transa com ninguém em quatro meses. – Meu agressor afirmou outra vez, chocado.

A situação foi completamente ridícula, e eu deveria ter ignorado tudo e seguir minha vida, mas não consegui. Eu estava fumando um cigarro encostado em uma das rampas para me distrair enquanto bebia quando Finn veio andando na minha direção e simplesmente me bateu, com Naomi olhando tudo há menos de cinco metros de distância, os braços cruzados e o olhar satisfeito.

Antes que eu pudesse sequer reagir, bêbado demais para pensar, Finn começou a falar: ele disse que eu era egoísta, mesquinho, superficial e idiota. Eu não discordei.

Então, ele disse o nome dela, e eu voltei a prestar atenção no exato momento em que ele me dizia que não sabia o que Teodora havia visto em mim. Eu também não sabia.

– Você não sabe de nada. – Respondi.

E então, contei tudo.

No geral, meus últimos quatro meses haviam sido resumidos em quase completo celibato. É claro que eu ocasionalmente ficava com garotas ou flertava com elas, mas nenhuma me representava um desafio bom o suficiente depois de conhecer Teodora, então eu simplesmente desisti. Quando ficava com alguém, procurava fragmentos dela em outras pessoas – um sorriso parecido, um revirar de olhos, a mesma cor de cabelo –, mas nenhuma delas conseguia sequer chegar perto, e eu perdia o interesse antes de levar qualquer uma delas para cama, porque não valia a pena.

Então, por ironia do destino, Dylan Chase estava há quatro meses sem transar.

– Ela pode ter colocado uma maldição no seu pinto. – Naomi disse, gargalhando assim que absorveu a notícia. Nós estávamos sentados em uma das mesas de cimento da orla, feitas para jogos de xadrez e dama e, mesmo depois de saber da minha história, Finn ainda parecia ressentido comigo, enquanto Naomi não conseguia parar de rir.

Eu considerei todas as opções, considerei até a maldição, mas sabia que no final tudo tinha acontecido do jeito que acontecera por escolha minha: eu havia me afastado de propósito, e eu havia me negado à todas as outras garotas de propósito, porque era um idiota, e porque estava apaixonado.

Isso nunca havia acontecido antes, e me assustou de formas que não consigo descrever. Passei todo o meu tempo, durante os últimos quatro meses, tentando esquecer toda a situação, tentando me livrar da maldição que era Teodora Mason, o que só fez com que eu me lembrasse cada vez mais – não pense no elefante. Era por isso que eu não conseguia mais transar com qualquer outra garota: para todo lugar que olhava, me lembrava dela – e isso não era justo com ninguém.

Eu me afastei porque tinha medo, porque queria que ela tivesse espaço e porque queria, mais do que tudo, esquece-la. Não consegui, mas ainda não havia desistido de tentar, até Finn me dar um tapa no rosto.

Foi quando eu percebi que era mesmo um idiota, e que estava completamente fodido.

Por isso que finalmente decidi ceder aos meus patéticos sentimentos e contar tudo aos dois melhores amigos da Teodora, que agora já não pareciam mais tão próximos dela. Não consegui vencer a Teodora que não saia da minha cabeça, então decidi fazer o que achava que a faria feliz, e admiti para seus amigos toda a verdade.

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