9 - Sobre gêneros e banheiro feminino

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– Isso é uma flor? – Finn sussurrou, no meio da aula, enquanto Naomi rabiscava a bochecha de Amy, que dormiu na escola enquanto nós, os propriamente ditos baderneiros, nos encontrávamos acordados.

O que só me dava mais razão para acreditar que o mundo estava de cabeça para baixo.

E Amy Estudiosa dormindo na aula não era o único motivo. No decorrer das duas semanas seguintes, algo estranho aconteceu: Dylan e eu passamos a nos encontrar regularmente, e eu ignorei todos os avisos de "ATENÇÃO! CUIDADO!" que gritavam na minha cabeça toda vez que nos víamos.

Tudo aconteceu de forma muito estranha e anormal: no dia seguinte ao me dar uma carona, Dylan Chase me ligou e perguntou se eu gostaria de "fazer algo divertido", deixando bem claras suas intenções pelo tom de voz. Eu, como não costumo fugir de uma boa oportunidade que faça um homem se arrepender de ser um idiota, aceitei de bom grado... e o carreguei para o cinema.

Escolhi o filme mais insuportavelmente romântico disponível e fiz Dylan pagar pela pipoca e ingressos, mas o garoto não se mostrou abalado nem por um segundo, e nós acabamos nos beijando durante toda a maldita sessão.

Depois desse dia, carregar Dylan para encontros insuportavelmente chatos que acabavam ficando divertidos virou um hábito secreto meu, e no decorrer dos dias seguintes nós acabamos nos beijando em um parque de diversão enquanto eu segurava um algodão-doce rosa gigante, num piquenique no parque que consistia em vinho barato e salgadinhos cancerígenos, e do lado de fora de um restaurante chique demais para mim, depois de comermos em uma barraquinha de cachorro quente.

Eu sabia que estava caindo em uma maldita armadilha, mas já não conseguia me segurar: a verdade era que eu sentia falta dessa adrenalina de conhecer pessoas que podem vir a ser interesses românticos que todo mundo finge odiar e, nunca, em um milhão de anos, imaginava que Dylan Chase, o garoto que não é nada romântico, fosse quem me proporcionasse isso. Foi uma surpresa boa.

Apesar disso, eu não sabia como contar meus amigos que continuava me encontrando com o Garanhão Do Colégio regularmente, porque essa não era a imagem que eles tinham de Teodora Mason – não era sequer a imagem que Teodora Mason tinha de Teodora Mason. Então, eu evitava o assunto Dylan Chase toda vez que ele surgia, e fazia questão de ignorar o garoto toda vez que o via pelos corredores do colégio.

Além do mais, eu sabia o que cada um deles diria, e como cada um me julgaria secretamente, então não via necessidade em compartilhar a informação.

– Um pinto. – Naomi finalmente sussurrou de volta, enquanto minha cabeça dava voltas e voltas.

– Você definitivamente não sabe desenhar. – Finn retrucou, com a testa franzida. Depois, se virou para mim: – Onde você estava ontem à noite? Passei na sua casa e seu padrasto quase me expulsou à ponta pés.

– Na casa dos meus avós. – Menti, automaticamente. A resposta certa seria: tomando cerveja barata em uma cafeteria gourmet com Dylan, porque álcool é sempre melhor do que cafeína.

– Podia ter passado na casa da Naomi, nós ficamos a noite toda falando mal de você como três vagabundas.

– Você é um garoto, Finn. – Naomi respondeu, ainda concentrada no rosto de Amy.

– Achei que andava com vocês tempo suficiente para me configurar como a menina mais bonita desse grupo. – Ele respondeu, enquanto o professor tirava sua atenção do quadro e olhava de cara feia para nós.

– Só depois da cirurgia. – Naomi brincou, ignorando completamente o professor. – Ciência básica.

– Estou honestamente chocado que você ache que sabe algo sobre ciência básica.

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