4 - Garota da capa

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No segundo dia de aula, eu deixei de ser a Garota Nova para me tornar uma celebridade.

De alguma forma, alguém havia me visto na praia com Dylan, tomando casquinhas de sorvete e sorrindo como uma idiota, e a notícia não demorou muito para se espalhar: Teodora Mason era a próxima vítima do implacável Dylan Chase.

As garotas me olhavam com raiva, enquanto os meninos olhavam para mim com curiosidade, como se se perguntassem se eu valia toda aquela atenção. Durante os meus seis primeiros meses na escola, eu já havia ouvido fofocas sobre outras duas garotas pelas quais Dylan Chase se interessou, mas elas não demoraram muito para serem esquecidas.

E, pelos olhares, eu era a próxima.

Meu Deus, como isso me deixou com raiva.

Passei todas as primeiras aulas com uma incessante vontade de fumar um cigarro, enquanto as pessoas olhavam para mim toda vez que eu tossia ou deixava algo cair no chão, um animal selvagem e raro, no meio da sala de aula do Ensino Médio. Precisava de nicotina para acalmar meus ânimos, mas não tinha permissão para sair da sala e nem vontade de ser vista fumando pelos alunos já interessados demais em mim, então apenas continuei lá, aturando os olhares curiosos e odiando Dylan cada vez mais.

Em um passe de mágica, me esqueci completamente do encontro que havíamos tido e voltei a vê-lo como o garoto popular e vazio que eu sempre havia imaginado que ele era, porque era isso que as outras pessoas viam nele, e eu não era iludida a ponto de pensar ser especial.

Para Dylan Chase, eu era só mais uma. E para mim, ele era só outro idiota.

Saí da sala assim que o sinal apitou para o recreio, fingindo não ver ninguém ao meu redor. Fui andando com pressa em direção ao pátio, comprei um sanduíche e me sentei na mesa habitual dos meus amigos, que ainda não haviam saído da sala.

Assim que eu dei a primeira mordida no sanduíche, ele se sentou ao meu lado.

Era a primeira vez que eu o via desde o nosso encontro, porque tínhamos aulas em salas diferentes, e ele continuava lindo. O plano de fundo da sua beleza, porém, era um bando de garotas sentadas na mesa ao lado, rindo e cochichando enquanto olhavam para nós dois, o que, na minha cabeça, tornou o rostinho bonito de Dylan Chase em algo digno de ser arranhado por um gato.

O encontro havia sido, sem dúvidas, especial. Mas estava na hora de voltar para a realidade.

– Oi. – Dylan cumprimentou, sentado ao meu lado, enquanto eu lutava para engolir a mordida do sanduíche. – Posso me sentar aqui?

– Você já sentou. – Respondi, seca.

– Tive a impressão de que você diria sim.

– Bem, você estava errado. – Sorri debochadamente. – Lembra do nosso acordo? Um encontro, e acabou.

– Você disse que tinha gostado do encontro. – Ele disse, confuso.

– Disse que gostei, não que queria outro. – Suspirei. – Você prometeu que me deixaria em paz, Dylan.

– Mas você quer outro, só é orgulhosa demais para admitir.

– Finalmente você entendeu. – Respondi, sorrindo debochadamente outra vez.

– Nesse caso, é uma pena que eu não seja assim tão bom em cumprir promessas.

Estava prestes a discutir quando meus outros três amigos chegaram, como se estivessem esperando por uma deixa. Os três sentaram de frente para nós, sorrindo como se fossem uma maldita plateia, e Finn disse:

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