Acrimônia | ✓

12 - Lugar certo

Os primeiros cinco minutos depois de derrubar Debbie Cooper na mesa cheia de aperitivos foram um dos mais lentos da minha vida: as pessoas nos olhando em choque, em um misto de descrença e vontade de rir, Debbie me olhando com raiva e eu, parada ali em silêncio, sem ter ideia do que fazer. As pessoas eventualmente a ajudaram a se levantar, perguntando se estava tudo bem, e eu finalmente sai do meu transe e corri para longe da cena do crime, com meus amigos e cúmplices no encalço. Achei Amy sentada no bar conversando e rindo com Theo, sem ter ideia do que havia acontecido, e disse:

– Acho que fiz merda.

Ela olhou em choque para meu cabelo molhado de batida de morango, e depois disso a hora a seguinte foi um borrão. Amy nos tirou de lá assim que contamos a história, disse que nos encontrava em 15 minutos depois de ouvir as reclamações da família e reparar um pouco dos danos que eu havia causado, então nós quatro – Finn, Naomi, minha versão encharcada de bebida e Theo, que de alguma forma havia sido incluído no grupo da confusão – ficamos parados, de pé, por quase 15 minutos enquanto esperávamos Amy voltar, sem ter ideia do que fazer.

Amy voltou antes do esperado, os saltos quicando na calçada enquanto juntava as mãos e dizia para nós:

– É, acho que o melhor a fazer seria que fossemos embora.

– O quanto eu estraguei sua relação familiar? – Perguntei.

– Indeterminado. – Ela revirou os olhos. – Debbie está fazendo todo um caso sobre o atentado que sofreu, mas a festa já voltou ao normal. Em todo caso, seria bom se a gente não desse as caras, eu posso consertar minha relação familiar amanhã.

– Então não é nem onze e meia da noite em um sábado, e nós não temos uma festa. – Naomi conclui, focando na sua maior prioridade.

– Podemos ir para casa do Dylan. – Theo disse, falando pela primeira vez desde que havia saído conosco do evento, e parecia estranhamente contente. – Ele está organizando uma... pequena reunião.

Todos os meus amigos olharam para mim ao mesmo tempo, parecendo traídos.

– Vocês acham que eu teria vindo para uma festa de 15 anos se soubesse que Dylan ia dar uma?

– Talvez ele esteja com outra garota. – Amy disse, e foi a vez de todos olharem para ela. – Qual é, é o Dylan Chase, me desculpem por apontar o óbvio.

– Sua noite acabou de ficar mais triste. – Finn disse, se dirigindo a mim, e depois completou: – Bom, parece que temos um destino.

– Exceto pela parte que me encontro pingando morango, açúcar e álcool.

– Theo veio de carro. – Amy respondeu. – Passamos na casa da Naomi, você troca de roupa e nós entramos na festa de penetra. Não é a primeira vez que isso acontece, de qualquer jeito.

Mas era a primeira vez que isso acontecia, sim. Meus amigos sabiam que entrar não convidada na festa de Dylan Chase e vê-lo com outra garota era uma das últimas coisas que eu desejava, mas, naquele momento, ninguém pareceu se importar, então eu engoli minhas reclamações e os segui em direção ao carro de Theo. Esse era o lado ruim de ter uma personalidade de alguém que não parece se importar com nada a maior parte do tempo: quando você dá a mínima para algo, as pessoas fingem que não viram, porque aquilo não é do seu feitio, aquilo não é você.

E as pessoas estão acostumadas com a ideia que tem de você.

Então, nós entramos no carro de Theo e eu fiz o máximo de esforço para não me mexer e sujar os bancos de bebida enquanto seguíamos para uma parada rápida na casa da Naomi, pensando em como eu reagiria na próxima situação de crise que estava prestes a me meter: só esperava não acabar jogando a suposta nova garota de Dylan Chase em uma mesa de aperitivos, também.