18 - Calmaria e confusão

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Menos de meia hora depois, a casa de Dylan Chase já se encontrava abarrotada de tantos adolescentes quanto em um show de música pop. A pressão invisível sobre mim aumentava cada vez mais, e decidi beber com frequência para ver se conseguia diminui-la.

Fiquei a maior parte do tempo perto da piscina, rodeada de pessoas para evitar que Dylan Chase me encontrasse sozinha e com a guarda-baixa, como se ele fosse uma espécie de predador e eu a indefesa caça – apesar dele me conhecer bem o suficiente para entender que eu não era assim tão previsível, nada mudava o fato de que eu havia confessado estar apaixonada por ele, e por isso não sabia o que ele esperava de mim.

Quanto mais eu bebia, menos gostaria de saber.

Mas Dylan, do outro lado do gramado, fumando um cigarro e rindo com os amigos, não parecia em nada preocupado com o desenrolar da noite, e eu agradeci mentalmente enquanto virava meu copo de bebida na boca. Poucos segundos depois, minha melhor amiga me achou e me puxou pelo braço, me obrigando a caminhar com ela:

– Preciso fazer xixi. – Naomi disse, sorrindo forçadamente para um garoto enquanto passávamos.

– E eu sou necessária por que...? – Franzi a testa e Naomi suspirou pesadamente.

– Theo está bêbado demais e está forçando a barra comigo, Amy sabe que eu não vou fazer nada, mas...

– Mas está com raiva do mesmo jeito. – Completei, olhando Amy perto da mesa de bebidas com a cara emburrada, virando uma bebida atrás da outra.

– Para completar, Finn está com a cara fechada por aparentemente nenhum motivo, e eu não posso ir no banheiro sozinha sem que Theo Morris tente me beijar, o que faria Amy se afogar propositalmente na piscina. Você é minha salvação.

– O que há de errado com Theo? – Perguntei, depois de vê-lo sentado em uma das cadeiras de sol da piscina, parecendo transtornado demais para sequer ficar em pé. Ele olhou de volta para mim, e, por um momento, eu pensei que havia sido um olhar de puro ódio.

– Tequila. – Naomi respondeu, simplesmente, enquanto me arrastava para o banheiro e me fazia perder a visão do olhar assustador de Theo Morris.

***

Continuei com Naomi do lado de dentro da casa por um tempo, tentando evitar o garoto bêbado demais para ter consciência de seus atos, e nós ficamos conversando com um grupo de garotos da nossa sala na cozinha até que achássemos seguro pôr os pés para fora de casa outra vez. Quando recebi uma mensagem de texto da minha mãe pedindo para que eu voltasse para casa antes das quatro da manhã, decidi que já havíamos perdido tempo demais ali e que provavelmente todos os envolvidos já haviam esquecido do pequeno problema que havia se formado. Então, sorri formalmente para os garotos e puxei Naomi para fora da casa pela porta dos fundos da cozinha, mas não conseguimos andar cinco metros antes de nos deparamos com uma cena mais ridícula ainda.

– Mas que porra... – Eu disse, enquanto o queixo de Naomi caia.

Não muito distante dali, em um canto pouco iluminado, embora claro o suficiente para distinguir rostos, se encontravam Amy, minha amiga, e Liam, meu ex-namorado, se beijando como se o mundo fosse acabar amanhã.

Liam com certeza não havia sido convidado para uma festa organizada por Naomi na casa de Dylan, mas aparentemente aquilo não o havia impedido de nada, muito menos de se agarrar com uma das minhas melhores amigas, que também não parecia nem um pouco arrependida enquanto amarrotava a blusa do meu ex-namorado com as unhas, na intenção de puxa-lo mais para perto.

– Mas que porra... – Repeti, dando um passo na direção deles no exato momento que Naomi me puxou para longe, antes que ambos sequer percebessem que algo mais acontecia à sua volta além de suas bocas coladas. – Me solta, Naomi. – Eu falei, enquanto ela me puxava para fora da penumbra.

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