Sinceridade

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Nunca fui fã de baladas sempre preferi curtir a companhia dos meus amigos, de uma conversa agradável e talvez de um vinho, mas as poucas baladas que fui na vida eu tenho certeza que curti bastante e essa não seria diferente.

Dancei muito, mas muito mesmo. Não sei por qual motivo mas aqui no meio de todas as pessoas desconhecidas eu me senti mais a vontade. Pulei, bebi (pouco mas bebi) mas o que mais me chamou a atenção nessa noite foi ter passado ela com o Lucas. A Júlia e o Mauro simplesmente sumiram no início e não apareceram mais,  mas o Lucas esteve comigo o tempo todo e não me deixou pra nada.

Já estávamos de volta no apartamento da Júlia, conseguimos encontrá-Los no próximo a hora de ir embora. Eu ficava muito feliz de ve-los bem como estavam agora.

Eles estavam atirados em um sofá enquanto Lucas e eu estávamos no outro. Júlia estava deitada no colo do Mauro e eles se olhavam sem parar.

- Obrigada pela melhor noite da minha vida. - Júlia sussurrou mas eu pude ouvir.

- Obrigado você por ser a melhor coisa da minha vida. - Mauro selou os lábios dele com os dela e eles se abraçaram.

Lucas e eu vendo aquela situação nos olhamos e ele passou uma mão por trás das minhas costas, ele se aproximou de mim e roçou seu nariz no meu, o beijo de esquimó como dizia minha mãe. Em seguida nos olhamos e gargalhamos baixinho, era inegável como essa noite mexeu comigo.

Júlia pigarreia chamando nossa atenção, a olho e ela faz uma careta que eu já conheço, ela queria falar comigo a sós. Ignoro mas ela levanta do sofá e me puxa pelo braço.

- Com licença meninos, mas minha amiga e eu precisamos conversar. - Ela da um risinho e me puxa até o quarto onde eu dormia.

- Me larga. - Digo puxando minha mão e esfregando meu pulso. - Qual o seu problema?

- Qual o seu problema? O que foi aquilo com o Lucas na sala? - Ela fala ríspida.

- Um beijinho de nariz.

- Ah ta e do nariz pra boca o que faltou?

- Faltou você não estragar tudo bem na hora. - Faço birra.

- Maria, você realmente não pensava em beijar o Lucas, não é? - Ela questiona e eu dou de ombros. - Mas Maria, e o Pedro?

- Ah dona Júlia Carvalho, agora você lembra do Pedro? Quando é pra jogar seu amigo português bonitão pra cima de mim não. - Quase grito.

- Que amigo bonitão? O Ricardo? Eu não joguei ele pra cima de você.

- Ele disse que você falou de mim pra ele. - Dou de ombros. - Logo ele Júlia, o menino é um galinha. Tava flertando comigo e em seguida beijou outra.

- Se ele é um galinha você é uma piranha, por que você retribuiu o flerte dele, ou você acha que eu não vi aquela jogadinha de cabelo que você deu? Não e por que eu não estou junto que eu não sei de tudo.

- Agora magoou. - Levo a mão no peito fingindo estar ofendida, aquela conversa era muito cômica pra mim.

- Maria agora é sério. - Júlia fala e me puxa pra me sentar sob a cama, ela fica de frente pra mim apontando o indicador na minha cara. - Não desperdiça o Pedro, o cara é gente boa, bonitão e te ama demais.

Ela falava tão sério que nem parecia ela, nessa hora eu percebi que não podia mais brincar, era uma conversa franca de melhores amigas.

- E se o que eu sentir não corresponder ao que ele sente? - A encaro.

- Você não gosta do Pedro? - Ela questiona assustada.

- Gosto, claro que gosto, mas eu gosto do Lucas também. - Respondo.

- Depois eu digo que é piranha... - Júlia cruza os braços e me olha.

- Pelo Pedro é carinho, afeto, vontade de abraçar. - Me levanto da cama e caminho até o espelho do quarto sorrindo ao lembrar do meu namorado. - Já pelo Lucas é paixão, tesão, as vezes parece que eu não vou me controlar e quero bater nele, 5 minutos depois eu quero apertar e encher de beijo. - Falo com mais vontade. - Você me entende?

- Entendo. Mas paixão acaba.  - Minha amiga me adverte com uma sobrancelha erguida.

- E amor sem paixão vira amizade. - Concluo. - Eu quero descobrir o que eu quero Júlia, por favor.

- Tudo bem, não vou me meter mais. - Ela levanta as duas mãos pra cima. - Mas não acho que o ursinho consiga ser metade do que o carioca perfeito é.

- Eu sei que não. Mas eu prefiro tentar.

- Espero que você tenha consciência que isso é loucura, por que você já tentou uma vez e não conseguiu.

Não disse mais nada, ela tinha razão e a razão não deve ser discutida. Apenas assenti com a cabeça e dei passagem pra ela sair do quarto. Fechei a porta e me encarei no espelho, enquanto eu tirava aquele vestido e aquela maquiagem, podia sentir flashback de momentos juntos com o Lucas, eu me pegava sorrindo boba lembrando de algumas coisas e com amargor em outras, mas a verdade é que o Lucas e a montanha russa de sentimentos que ele me causa é forte demais pra se resistir.

Quando já estava de pijama pronta pra poder deitar, resolvo ir dar uma espiadinha na casa. Destranco minha porta devagar e caminho com cautela pelo corredor dos quartos. Passo pelo de Júlia e Mauro e está tudo em silêncio, quando chego onde o Lucas está, respiro fundo e bato na porta, logo ouço a maçaneta abrir e o vejo todo fofo descabelado e de pijama.

- O que você quer? - Ele cochicha.

- Vim dar um abraço de boa noite no meu urso predileto. - Envolvo sua cintura com meus braços e aperto com vontade, deposito um beijo em seu peito coberto pelo fino pano da camiseta e olho em seus olhos.

- Eu sou seu urso predileto? - Ele sorri e eu confirmo com a cabeça. - Pensei que fosse o Adalberto.

- Ele é meu filho. - Sorrio enquanto sinto minhas bochechas esquentarem. - Mas você é o pai dele, né.

Me estico um pouquinho e dou um beijo no seu queixo, sinto sua respiração alterar e então o abraço novamente fazendo que nossos corações disparados lutassem um contra o outro através do peito.

- É só isso? - Sua voz rouca interrompe o silêncio.

- O que mais seria? - Solto do abraço e encaro seus olhos, nossos rostos tão próximos que eu poderia jurar que nossas respirações se entrelaçariam.

Nosso rosto foi ficando mais próximo, e mais próximo. Eu já podia sentir seus lábios nos meus e eu sabia que esse era o momento pois ninguém nos interromperia, mas pra minha surpresa o Lucas desvia o rosto e tira meus braços do seu corpo.

- Não Maria, ta errado você namora. - Ele resmunga desconfortável.

- Eu pensei que você quisesse. - Choramingo.

- Mas não nessas condições, eu seria seu amante. - Ele diz e eu dou uma gargalhada alta.

- Nem se eu fosse casada Lucas. - Me aproximo dele mas o mesmo recua. - Por favor.

- Não, enquanto você namorar não.

- Você quer que eu termine com o Pedro? - Questiono.

- Não. - Ele fala de sobressalto. - Eu só não quero que seja assim, sabe?

- Sei. - Levo uma mão na nuca e coço o local. - Bom eu vou deitar então. Boa noite.

- Boa noite. - Ele diz antes que eu desapareça no corredor. - Você continua sendo mãe de todas as minhas pelúcias. - Ele balbucia quando eu estava pretes a entrar no meu quarto, eu sorrio pra ele e entro novamente.

Tinder - T3ddy (segunda temporada)Where stories live. Discover now