Bar

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Ponto de vista: Lucas

Logo após o filme acabar a Júlia foi pra cozinha preparar algo pra nós comermos, como ela era toda atrapalhada o Mauro foi ajuda-la mas eu estava nervoso por que a Maria não tinha chegado ainda.

- Não ta na hora da Maria chegar ainda? - Pergunto aos dois.

- Não sei ursinho. - Júlia responde ríspida. - Que horas são?

- 00:15. - Respondo olhando no relógio de parede em formato de coração.

- Recém fez 15 minutos que a academia fechou. Maria é sedentária, deve estar vindo se arrastando. - Mauro responde.

- Vocês não se preocupam com ela mesmo né? - Disse caminhando de um lado pro outro. - Quando ela voltar vou contar que vocês não se importam com ela.

- Se você ta tão preocupado por que não vai atrás dela ao invés de ficar enchendo nossos ouvidos? - Júlia se vira pra mim com o avental da Maria, um coque semi desmanchando no cabelo e uma faca na mão.

- Eu vou mesmo, por que se eu esperar por vocês a Maria é morta e esquartejada por ai. - Grito indo em direção ao corredor.

- Drama queen. - Júlia berra e eu ignoro.

Saio do prédio e caminho até a academia, era perto, não chegava a 5 minutos a pé mas me surpreendo ao ver tudo fechado. Tento olhar através dos vidros mas vejo que está tudo fechado, faço a volta e vou até a porta dos fundos e forço o cadeado, fechado também, começo a exasperar.

Ligo pra Maria uma vez, caixa postal, ligo outra vez, caixa postal novamente, quando ligo a terceira nem toca, meu coração dispara e na minha mente só vem bobagem. Tento manter o autocontrole mas já é tarde demais. Onde essa menina deve estar?

Ponto de vista: Maria

Malhei cerca de 15 minutos e sai da academia, não conseguia me concentrar nos exercícios e até torci o pé. A dor era insuportável e eu não consegui chegar até em casa, então parei em um bar próximo a academia pra beber uma água e descansar.

O local era diferente dos lugares que eu frequentava, era cheio de pessoas embriagadas, música alta, gritos e risadas. Entro sem graça no local, mas as pessoas que estavam ali pareciam tão entretidas que nem notaram a minha presença, fui até o balcão e pedi uma água a moça que atendia ali.

- Você não costuma vir aqui, não é mesmo. - A mulher que parecia ter uns 50 anos, com cabelos presos e um avental me pergunta enquanto seca um copo.

- Na verdade não. - Digo sem graça. - Eu estava na academia e torci meu pé.

- Ah coitadinha. - Ela diz preocupada. - Você quer que eu dê uma olhada?

- Não. - Respondo assustada e de uma forma brusca.

- Não precisa ter medo menina, aqui o pessoal parece ser meio doido mas é todo mundo gente de bem. - A forma como ela sorri me faz sentir confortável. - Posso te perguntar uma coisa?

- Pode. - Respondo bebericando minha água.

- Seu nome não é Maria por acaso, né? - A mulher me questiona.

- Sim, como você sabe? - Respondo e depois percebo que fui grossa e me arrependo.

- Você nem imagina mas já me ajudou muito.  - Ela diz e eu a olho confusa. - Minha filha te assiste, é sua fã. Ela tem só 15 anos mas é danada a bichinha.

- Sério? - Sorrio boba. - Diga a ela que eu mandei um abraço.

- É lógico que eu vou dizer. - A mulher tinha um sotaque engraçado. - Eu pisei na bola feio com ela e ela ficou magoada comigo, foi embora pra casa do traste do namorado e simplesmente cortou qualquer ligação comigo. Mas ai ela viu aquele seu vídeo que você falou sobre perdão e resolveu me perdoar. - A mulher tinha os olhos cheios de lágrimas. - Ela é a única coisa boa que eu tenho, fiquei arrasada com a nossa briga e quando ela falou que decidiu me perdoar por sua influência eu juro que nem sabia quem você era, mas comecei te amar naquele momento.

- Nossa que lindo! Obrigada.  - Sorrio emocionada pela história da mulher. - Fico feliz em saber que tenho ajudado pessoas assim como a senhora.

- E eu fico feliz de ver que mesmo com tantas coisas ruins tem jovens influenciando positivamente nossas crianças. - Ela diz com um sorrisão. - Quem tem que agradecer a você sou eu, mas nem sei como.

- Não precisa de nada. Saber que você e sua filha estão bem agora já é um bom agradecimento.

- Que isso menina! Além de bonita, talentosa e bom coração ainda é humilde. - Ela diz espalhafatosa. - Já sei você não precisa pagar a água. E mais, você pode pegar uma coxinha por minha conta também.

- Não precisa, eu não como carne. - Digo achando graça do seu jeito. - Mas obrigada mesmo assim.

- Você não come carne? - Ela diz com a cara fechada. - Por isso está magrinha assim.

Gargalho do jeito que ela fala mas paro em seguida quando a vejo olhar pra algo fixo atrás de mim eu me viro e vejo um menino com um violão na mão e ao seu redor formando um burburinho de pessoas.

- Você se importaria de cantar uma música? - A mulher me questiona.

- Claro que não. - Respondo.

- Ei. - Ela grita como se chamasse alguém. - Rodrigo, a menina aqui é cantora famosa na Internet. Deixa ela cantar uma pra nós.

- Claro. - Ele sorri gentilmente.

Ela me encoraja a prosseguir e então eu vou até aquela roda de pessoas e me sento ao lado do rapaz do violão, ele me alcança o instrumento e eu timidamente diante dos olhares daquelas pessoas ajeito no colo.

- Oi pessoal. - Digo e sou bombardeada por vários cumprimentos. - Não sei se vocês me conhecem mas eu sou a Maria...

- M de Maria. - Alguém grita no meio daquelas pessoas.

- Opa, temos um fã por aqui. - Digo e todos riem. - Bom, como aquela simpática senhora me convidou pra cantar uma música assim eu farei e como ela me contou uma história muito bonita hoje e que me deixou profundamente emocionada eu gostaria de dar a oportunidade a ela de escolher a música.

- Ah não. - O rapaz ao meu lado disse.

- Cala a boca Rodrigo. - Ela diz saindo de trás do balcão. - Bom, eu sou muito fã de um cara mas não é do seu tempo e você nem deve conhecer. - Ela pareceu tímida pela primeira vez.

- Depende, quem? - Pergunto.

- Ah você não conhece... - Ela diz e é interrompida.

- Fábio Júnior. - Algumas pessoas falam em coral e ela olha com repreensão pra eles.

- To morrendo de vontade de você. - Cantarolo à capela.

- Ai que bonito, canta pra nós essa. - Ela diz esfregando o pano nas mãos.

- Eu posso até cantar, mas não sei tocar no violão essa. - Digo sem graça.

- Não tem problemas o Rodrigo sabe. - Ela olha pra ele. - Anda logo garoto, pega o violão.

- Ok. - Desanimado ele pega o violão do colo e começa a dedilhar as primeiras notas, eu sorrio e logo começo a cantar.

Cantei essa música e mais umas três, todos gravaram, inclusive a senhora que agora eu sei o nome, Catarina. Ela pediu pra tirar uma foto comigo e até ligou pra filha dela pra eu conversar com a menina. Era estranho aquilo tudo, normalmente somente as pessoas que gostavam muito do meu trabalho pediam foto e não passava disso, mas todos aqueles flashes sob mim hoje me assustou.

Quando dei por conta já passava da 01:00 AM e eu tive que me despedir, mesmo com ela insistindo em fazer o menino do violão me acompanhar eu neguei e fui sozinha, por algum motivo eu gostava de caminhar a noite pela rua.

Quando estava a mais ou menos uma quadra de casa vi alguém sentado no cordão da calçada, então apertei meu celular no bolso e apressei o passo, mas quando estava quase passando por aquela pessoa reconheci a roupa.

- Lucas? - O chamo.

Tinder - T3ddy (segunda temporada)Where stories live. Discover now