Consulta

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Depois de comermos fomos buscar o exame, meu coração não cabia no peito de tão acelerado, fomos pro consultório do médico e logo após me identificar a secretária me pediu pra aguardar que eu seria a próxima.

Eu balançava minhas pernas e ficava mexendo naquele envelope com o exame dentro sem parar. Júlia percebeu o quão nervosa eu estava e segurou minha mão, quando a olhei ela sorriu pra me encorajar.

- Vai ficar tudo bem. - Ela diz.

- Eu sei. - Sorrio sem graça.

- Já sabe o que vai fazer caso dê positivo? - Ela aponta pro papel.

- Andei pensando sobre isso. Acho que vou embora pro Rio com o Pedro e convida-lo pra retomar nossa vida em outro lugar. Parar com o YouTube e começar uma faculdade e um emprego. - Digo o que pensei na noite passada.

- E se for filho do Lucas? - Ela me questiona.

- Isso está totalmente fora de cogitação. - Suspiro pesado. - Deve ter apenas um mês que tudo aconteceu em Portugal.

- Mas você sabe que...

- Sim eu sei. - A interrompo. - Mas ele não quer ser pai e eu não quero que meu filho seja dele, então tá tudo bem.

- Você sabe que não ta nada bem né, Maria? - Assim que ela diz a porta do consultório se abre.

- Vem vamos, somos nós agora. - Levanto da cadeira que estava sentada e a puxo pela mão.

- Essa conversa ainda não acabou. - Júlia diz e eu a ignoro.

Sai de dentro do consultório uma mulher com uma barriga enorme, engulo seco e tento me imaginar naquela situação, mas era tão difícil pra mim me imaginar daquele jeito que por instantes eu tive absoluta certeza que não estava grávida.

- Maria é você? - O doutor de meia idade me pergunta.

- Sim sou eu. - Tento sorrir mas sai mais forçado que eu queria.

- Pode entrar. - Ele me da passagem e a Júlia entra logo atrás de mim.

O consultório era pequeno, mas não deixei de reparar nos quadros mas paredes com desenhos e pinturas de mulheres gravidas, uma parede de vidro atrás da cadeira do médico, no centro uma mesa de madeira maciça, a cadeira de couro preta do médico e duas poltronas uma ao lado da outra.

Não deixei de reparar numa espécie de estátua em forma de útero e dentro um feto, emcima da mesa. Engulo seco novamente e foco meus olhos naquilo.

- O que trouxe vocês aqui? - O simpático médico nos disse.

- Bom, a minha amiga aqui tá apresentando alguns sintomas de gravidez então nos fizemos um exame e trouxemos pro senhor ver. - Júlia disse.

- Você pode me entregar o exame? - O doutor me pede mas eu continuo com os olhos naquela estatueta e nem presto atenção no que ele disse.

- Maria? - Júlia me chama. - Maria? Maria?

- Sim. - Respondo tirando minha atenção do pequeno objeto emcima da mesa.

- Você veio mostrar o exame pro doutor, não? Mostra pra ele. - Ela diz e eu sinto meu rosto queimar então alcanço a ele.

- Obrigado. - O doutor sorri e pega o envelope da minha mão. Ele rompe o lacre e pega o papel que estava lá dentro, discorre os olhos pela folha e semicerra os olhos.

Meu coração não cabia mais no peito, a impressão que eu tinha é que minha amiga que estava ao meu lado e o doutor a minha frente podiam ouvir. Suspiro fundo e o silêncio do médico me deixava mais nervosa. Já impaciente levanto o tom da voz.

- E aí doutor? Eu estou grávida ou não? - Pergunto.

Tinder - T3ddy (segunda temporada)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt