Rancor

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Ponto de vista: Maria

Essa noite eu quase nem dormi, fiquei pensando a noite inteira nesse negócio de gravidez. Pensei que caso eu estivesse mesmo grávida como seria minha reação; a reação dos meus amigos; da minha familia; da minha mãe; do pessoal que me acompanha no youtube; do Pedro; do Lucas. A ideia do meu filho ser filho do Lucas me revoltava o estômago. Pensar que teria algo que me prenderia a ele pro resto da vida.

Levantei pela manhã sentindo um peso sob mim, sabia que era pelo fato de não ter dormido a noite inteira. Entro no banho na inútil tentativa de conseguir me sentir melhor, ligo o chuveiro quente e deixo a água cair sob mim levando (ou tentando levar) minhas preocupações.

Saio do apartamento pra ir na casa do Mauro encontrar a Júlia, chamo o elevador e fico esperando, quando as portas se abrem vejo o Lucas lá dentro, reviro os olhos e entro.

- Acordou cedo. - Lucas quebra o silêncio.

- Nem dormi. - Disse dando de ombros.

- Nem eu. Esse negócio de filho me tirou o sono. - Ele diz e eu dou um risinho triste ao lembrar do que o Pedro disse e comparar os dois. - Você quer mesmo ser mãe?

- Querer não é poder Lucas. - Respondo olhando minha bolsa.

- Você quer que eu seja o pai? - Ele pergunta meio receoso.

- Querer não é poder Lucas. - Suspiro impaciente e o encaro. - E você, quer ser pai?

- Não sei. - Ele coçou a cabeça visivelmente confuso. - Querer não é poder, não é? - Ele diz e da um risinho fraco. - Eu não sei mesmo Maria. Acho que não.

Fico olhando pra ele e tentando entender o que se passava na sua cabeça. O egoísmo do Lucas não percebeu que não era só ele que estava sofrendo, que eu estava muito pior. Ele recém tinha brigado comigo, me dito várias coisas e agora essa notícia de gravidez. Fico comparando mentalmente ele e o Pedro e me questionando como fui burra ao escolher ele.

O elevador para e eu desvio meus olhos dele e tento sair, mas ele me segura me fazendo olha-lo.

- O que vai acontecer se você estiver realmente grávida? - Ele me pergunta.

- Não te preocupa que se eu tiver realmente grávida, você nunca mais vai me ver. - Digo e puxo meu braço, saio caminhando e quando dou alguns passos olho pra trás e vejo o elevador fechar as portas com ele lá dentro.

Vou até a casa do Mauro caminhando, queria pegar um ar na cabeça e minha mãe sempre disse que o ar da manhã é bom. Bato na porta e a Júlia é quem atende, ela tava pronta e logo saímos.

Primeiro fomos no laboratório fazer o exame de sangue, ele demoraria algumas horas pra ficar pronto então Júlia e eu decidimos ir comer. Ela queria me empurrar comida a todo custo, a ideia de ter uma criança dentro de mim a deixou mais louca que o normal.

- Você nem sabe quem eu encontrei no elevador hoje. - Disse.

- O urso.

- Exatamente.

- Como foi? - Ela me questiona.

- Estranho, ele tava visivelmente nervoso com a ideia de eu estar grávida. - Rio lembrando da situação.

- Ele disse pro Mauro que estava arrependido do que fez. Que ele estava cego do ódio.

- Eu acredito. - Beberico meu suco de laranja.

- Você pretende perdoar ele? - Ela pergunta curiosa.

- Você perdoaria?

- Não sei. O que ele te disse foi horrível, ele teria que lutar muito pra me reconquistar. - Ela responde.

- Não sei se quero ser reconquistada. - Digo.

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