Presente

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Ponto de vista: Lucas

A tarde já ia embora quando eu levantei da cama, por mais que eu quisesse dormir a cena da Maria no elevador não saía da minha cabeça, ficava repassando o desprezo que seus olhos me sondaram ainda me faziam sentir um incômodo enorme

Eu precisava tocar minha vida, fui em direção a sala e foi quando vi um envelope rosa no chão, pensei ser de alguma fã que invadiu o prédio e deixou ali, como já fizeram antes. Peguei o pequeno envelope do chão e vi um adesivo de coração lacrando o papel, na frente tinha escrito a palavra, presente. Fico me questionando de quem poderia ser, então me sento no sofá e abro o meu suposto presente.

Dentro havia um papel, não parecia ser escrito à mão, abro aquela folha e vejo algo que parecia um exame. Bem emcima vejo o nome de um laboratório e abaixo o nome da Maria, era o teste de gravidez.

Minha boca seca e meu coração dispara, então respiro fundo e começo a ler a folha. Eu não entendi nada do que falava ali, o exame media os hormônios e era isso que mostrava, mas logo abaixo a palavra negativo me fez soltar o ar que havia em meus pulmões.

Logo abaixo no rodapé pude ver em letras de forma escrito uma frase que fez meu coração partir em pedaços.

"Lucas, pode ficar feliz agora. Não tem a mínima possibilidade de você ser pai. Pelo menos não de um filho meu."

Me atiro no sofá e aperto aquele papel próximo ao peito, meus olhos enchem de lágrimas e então percebo que apesar do alívio de pensar que não seria pai, a ideia de ter um filho com a Maria me trouxe algo bom e agora saber que não seria me deixava triste.

A ironia da palavra presente e o resultado do exame me fez perceber o quanto a Maria ainda estava magoada comigo e eu não a julgava pois no lugar dela também estaria.

Ouço o som de um violão e então levanto do sofá, vou até a sacada do meu apartamento e dou uma espiadinha no apartamento abaixo, o da Maria. Vejo ela sentada no chão tocando seu violão, sento no chão e fico ouvindo.

"Era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto das nuvens serem feitas de algodão

Dava pra ser herói no mesmo dia em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche, um banho quente e talvez um arranhão

Dava pra ver a ingenuidade, a inocência cantando no tom
Milhões de mundos e universos tão reais quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho e um remédio era beijo e proteção

Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos
Que um coração partido"

Pude ouvi-la sorrir nos primeiros versos da música e em seguida no refrão sua voz embargar, ela mal conseguiu terminar o último verso e desabou em lágrimas, até conseguir ouvir seu soluçar, meu estômago embrulha e sinto um nó se formar na minha garganta, odiava saber que ela estava sofrendo.

Tinder - T3ddy (segunda temporada)Where stories live. Discover now