Capítulo 6

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 Depois da visita ao escritório daquela mulher na segunda-feira, a semana na empresa correu um pouco tensa. Fernanda, minha chefe, não falava muitas coisas e quando dizia era em um tom sério e totalmente autoritário.

Como não sei ainda tudo que acontece nesta agência, achei melhor me ater ao meu trabalho e evitar tititi pelos corredores. Ela gostou da arrumada que fiz na planilha de serviços e elogiou meu capricho, o que me deixou feliz, afinal, pelas reuniões que participei com ela, a assessorando, notei o quanto ela é exigente e perfeccionista nas coisas que se dispõe a fazer.

Na sexta-feira, ela não apareceu no escritório, pois tinha um evento para comparecer, então se fixou em trabalhar por e-mail e mensagens via celular. Tive que me virar nos trinta para conseguir fazer tudo que ela determinou, o que me deixou esgotada, mas, no final, tudo deu certo.

Em casa, a minha vida havia voltado ao "normal" - se é que posso chamar o que vivo de normal – Anderson voltou para casa, depois de muito choramingar e, finalmente, começou na tal obra com seu amigo, o que me tranquiliza um pouco, pois, assim, terá o que trazer para casa. Não é muito, mas já é algo, não é mesmo?

A semana seguinte não demorou a chegar e cá estou eu, me encaminhando novamente para o trabalho. Fazendo uma avaliação desses dias que estou na F&C Design e Publicidade, posso dizer que estou indo bem, atendendo as expectativas, tanto minhas quanto da minha patroa.

Cheguei, cumprimentei o porteiro e segui para o andar da agência, indo direto para a minha mesa começar meu serviço. Verifiquei a agenda, alguns documentos que dona Fernanda precisava e já estava pronta para quando ela chegasse.

Diferente de todos os patrões que tive, percebi que Fernanda era distinta. Gostava de proatividade, mas detestava alguém andando atrás dela pela manhã. Então, eu me esquematizava para ter tudo em mãos quando ela me chamava. Até agora estava dando tudo certo e manteria.

Por volta das 10:00 ela chegou, passou por mim com suas roupas sociais elegantes e óculos escuros e seguiu para sua sala. Não demorou nem 10 min e meu telefone tocou, era ela me chamando para ir a sua sala. Peguei as coisas que precisava e entrei, a encontrando sentada em sua mesa mexendo em seu computador.

Eu havia tomado a liberdade de usar a máquina de café da empresa, sempre levando um café forte e fresquinho para ela, um hábito que ela não elogiou, mas percebi que gostou, pois sempre tomava o café rapidamente e sorrindo. "Fiquei feliz em ter acertado seu gosto."

- Bom dia Fernanda. - Cumprimentei-a, fazendo com que ela desviasse os olhos da tela à sua frente e pousando a xícara com café sobre sua mesa.

- Bom dia Paola. - Ela respondeu com um sorriso agradecido pelo café e já foi o pegando para tomar.

Sentei-me à sua frente e abri a agenda para pontuarmos seus compromissos do dia, além dos lembretes sobre os trabalhos, como todo dia.

- Então Fernanda... - Confesso que acho estranho a tratá-la de uma forma tão informal, mas ela detestava que eu usasse pronomes de tratamento como "dona", "senhora", etc. Fazer o que, não é? - Hoje você não tem nenhuma reunião externa ou interna, mas precisa verificar o layout novo da propaganda da Alves Seguradora, o prazo está findando e também necessita aprovar a nova publicidade da Farmacêutica Global, para a reunião de quarta, preciso confirmar sua presença...

Eu falava e ela prestava a atenção em todas as minhas palavras. Percebia seu olhar atento em mim e seu semblante contemplativo, como analisando cada detalhe do que dizia. Fernanda é uma mulher que não consegue concatenar uma agenda, porém é muito inteligente e perspicaz em muitas outras coisas.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now