Capítulo 14

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Já são quase 21:00 e eu ainda estou na minha sala, olhando pela janela e vislumbrando o nada. "Estávamos tendo um momento bom aqui, por que ela tinha que vir com essa pergunta? Será que ela quer algo sério?"

- Não! Paola não é assim. - Falei me levantando de meu assento e me dirigindo até um pequeno "bar" que mantenho em minha sala.

Peguei uma garrafa de vodca e um copo, já derramando o líquido transparente e virando de uma só vez. Ao sentir a leve ardência escorrendo pela minha garganta, não consigo evitar e acabo fazendo uma careta.

Não sou o tipo de pessoa que bebe para lidar com problemas... quer dizer, não sou o tipo que bebe constantemente para resolver os problemas, mas, não sabia como lidar com essa situação tão complicada.

Normalmente eu, sentindo que ela queria algo mais sério, dispensaria logo, dando um ponto final a essa situação toda, mas, como vou fazer isso com Paola?!

Temos duas implicações: a primeira, ela é minha secretária e, querendo ou não, ela é profissional e faz seu trabalho com presteza e rapidez. A segunda é que, eu não consigo parar de pensar ou desejar tê-la em meus braços. Mandá-la embora daquela forma que fiz mais cedo está me matando, pois, estou sentindo falta de seu sexo, de seu corpo, de sua presença.

- Mas que droga! - Exclamei colocando mais da bebida e virando de uma única vez.

Eu devo admitir, estou em um mato sem cachorro, estou viciada em Paola e é complicado lidar com um vício como esse.

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Cheguei em casa me sentindo um caco. Felizmente hoje, Isabel – essa mulher é meu anjo da guarda – pegou Gabriel na babá, o que me permitiu ir direto para casa sem paradas.

Assim que cheguei, me deparei com Anderson e meu filho, sentados no sofá juntos, assistindo a um desenho animado.

- Boa noite. - Falei chamando a atenção deles, que se viraram para me olhar e sorriram.

Como sempre, Gabriel levantou de seu lugar e veio correndo me abraçar. Posso dizer a vocês, posso está toda despedaçada, mas agarrar meu pequeno sempre me dava forças para sorrir e espantar o cansaço.

- Oi mamãe. - Gabriel falou se pendurando em meu pescoço, enquanto eu o suspendia em meu colo e lhe enchia de beijos.

- Oi meu príncipe! Como foi na escola hoje?

- Fiz um montão de coisas, mamãe. - Meu pequeno respondeu todo sorridente e orgulhoso de si. Amo vê-lo assim, cheio de alegria e energia.

- Que bom meu amor. Mamãe fica feliz. - Falei dando outro beijo em seu rosto e lhe colocando no chão, pois ele já estava pesado para ficar muito tempo no colo.

Olhei para o sofá e me deparei com Anderson me observando e sorrindo. Acho que por educação, sorri de volta e entrei, indo para o quarto me trocar.

O que havia acontecido na sala da Fernanda ainda permeava minha cabeça. Eu não entendia muito bem o que tinha me dado para fazer aquela pergunta para ela. Não sei, acho que fiquei com medo dela ter outra pessoa e só estar comigo por sexo... "Espera! Mas ela só está comigo por sexo e deixou isso claro já no começo!"

- Eu devo está enlouquecendo! - Exclamei me sentando na cama e levando as mãos a cabeça.

Não sou uma pessoa de falar muito as coisas que me afligem e também nunca sei decifrar meus desejos e sentimentos muito bem, mas, imaginar que há alguém com ela, alguém para quem ela volta toda vez que sai do trabalho, me deixa um pouco mal.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now