Capítulo 37

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Jaqueline saiu aquele dia do hospital e fomos direto ter um encontro com ambos os advogados que "cuidariam" desse caso todo.

Graças a rapidez de Marcela, que estava sendo super solícita com todas as demandas – apesar dela ainda achar que Jaqueline não merecia aquele cuidado todo – já estávamos com o pedido de medida protetiva em andamento no judiciário. A ida a delegacia, onde minha ex fez a denúncia por agressão, estava ajudando para acelerar o processo. Sabíamos que aquilo não seria o suficiente para mantê-lo longe, mas, já era algo.

Passei aquele dia todo andando de um lado para o outro com Jaqueline, Marcela e Janaína, que, apesar dos pesares, estava buscando ajudar a irmã de todas as formas possíveis. A mãe delas, coitada, essa sim, uma guerreira que criou as filhas praticamente sozinha, pois só voltou a se envolver com alguém quando elas já estavam na adolescência, ligou para Jaqueline e a descascou, perguntando o porquê dela se sujeitar aquilo tudo e também o motivo dela não ter falado nada.

No fundo, eu entendia um pouco o lado de Jaqueline. Ela havia feito tudo errado, todas as suas decisões, todas as coisas que ela buscou por ganância, acabaram levando ela para aquele caminho cheio de dores e sofrimentos. Não justifico, mas, sei que ela sentia vergonha de se mostrar assim para sua mãe, uma mulher batalhadora que "fez das tripas coração" para criá-las.

Estávamos no escritório de Hilda, onde Jaqueline estava decidindo sobre o divórcio. Agora ela não tinha mais motivos para ficar com ele, afinal, o que ela herdaria? Dívidas? Ele, durante quase todo o momento ficava importunando ela com ligações, mensagens, etc. Para provar que ele era burro e desequilibrado, ele até mandou um áudio a ameaçando caso ela não voltasse para ele logo. Mais uma prova obtida com sucesso.

Aproveitando que ela estava na sala com Hilda e Bartolomeu, advogado amigo da família de Marcela, me sentei no sofá da sala de espera do escritório da minha advogada para poder ligar para Paola. Havia passado quase o dia todo fora do escritório e com a cabeça tão cheia, que não tinha mandando uma só mensagem para ela. "Ela deve estar preocupada comigo" pensei discando seu número.

O telefone não deu nem um toque direito e já ouvi sua voz afobada do outro lado da linha. Foi como se eu estivesse voltando a respirar depois de horas submersa.


- Alô! Fernanda?!

- Alô... oi Paola. Sou eu sim. - Respondi, me sentindo leve.

- Está tudo bem? Você não apareceu hoje... nem ligou. - Perguntou e pude notar a aflição em sua voz.

- Desculpa, é que estou atolada em um problema de família. - Respondi, me sentindo culpada por tê-la deixado de lado por causa disso tudo. "Vou tentar passar um tempo com ela."

- Você tá bem? Precisa de ajuda em algo? - Falou me fazendo sorrir. Seu jeito preocupado, seu jeito que diz "quero cuidar de você", sempre me fazia sentir como se o coração fosse saltar no peito.

- Fica tranquila linda, já estamos resolvendo. Eu estou bem. Só liguei porque estou sentindo saudades.

- Também sinto... Fiquei com medo de você estar me evitando. - Ouvi ela dizer e logo estranhei, sentindo um pouco de hesitação e sua voz. "Por que eu a evitaria? Ela é a única pessoa no mundo que faço qualquer coisa para ter por perto"

- Por que eu faria isso?

- Ahh... não sei. - Respondeu e eu sabia que ela estava sem graça, mas, também entendi que estava insegura.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora