Capítulo 25

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Cheguei em meu apartamento um bagaço. Cansada, com a cabeça dolorida e uma dor de cotovelo imensa.

Assim que saí do elevador e entrei, já me deparei com Helena, de pé no meio da minha sala, de braços cruzados e me olhando com cara de poucos amigos. "Lá vem sermão!" pensei suspirando pesado.

- Onde você estava, Fernanda?! - Perguntou. "Nossa! Nem pra dar um bom dia."

- Bom dia pra você também, Helena. - Falei indo para a cozinha, sentia minha garganta seca.

- Não me venha com essa... te liguei a noite toda e nada de você responder. - Falou me seguindo. - Que raio você está pensando? Fiquei tão preocupada que vim parar aqui de madrugada. - Disse me olhando enquanto eu enchia um copo com água e bebia.

- Por favor, Helena... eu não sou criança, não vem falar assim comigo. - Disse colocando o copo na pia e saindo em direção a sala. - Estou morrendo de dor de cabeça, a última coisa que preciso é de você ou alguém me dando chamadas. - Joguei-me no sofá, enfiando a cabeça entre as almofadas.

Pude ouvir Helena suspirar diante de minha postura. - Você bebeu, Fernanda? - Perguntou e eu só consegui grunhir entre as almofadas. - Pelo amor de Deus, Fernanda! - Exclamou e em minha cabeça tinha um anão com um bumbo, pois o eco fazia tudo girar. - Eu imagino que deve estar sendo pesado para você, mas você não pode agir dessa forma... irresponsável! - Disse e eu ergui a cabeça para olhá-la. Ela andava pela sala, visivelmente transtornada.

- Eu tô bem! Tô em casa, não tô?!

- Agora sim... mas passou a madrugada, sabe-se lá onde e voltou com essa cara de quem foi atropelada por um trator. - Minha irmã falou bufando.

Claro que ela não sabia de meu envolvimento com Janaína, muito menos que eu mantinha a garota e que ela era garota de programa. Do jeito que minha irmã é, se descobrir isso, me interdita e me interna na mesma hora. Por esse detalhe eu não poderia dizer onde estava.

- Eu estava na casa de uma amiga. - Falei me virando e deitando de barriga para cima.

- Uma dessas que você come, né? Pelo amor... Fernanda!

- Que jeito chulo de falar, Helena! - Exclamei a encarando assustada e pude ver ela rodar os olhos.

- Eu sei bem quais as relações que você tem com suas "amigas", Fernanda. - Falou fazendo aspas com os dedos no ar. - E sei bem até demais que amiga mesmo você só tem a Marcela... que também não foge muito dessas suas assanhas. - Foi em direção ao outro sofá e se sentou, me encarando séria.

- Não tenho culpa se sou irresistível. - Falei dando uma piscadinha em sua direção e, pela primeira vez desde que eu cheguei, a vi rir.

- Mas é convencida. - Suspirou me olhando, enquanto eu voltava a me deitar fitando o teto. - Conversei com Mercedes. - Fiz careta diante desse nome. - Ela me garantiu que Túlio não chegou ainda, até porque ele ficará na casa do papai. - Explicou.

Era engraçado isso, afinal, meu pai destrói minha vida, incentiva seu "filho" a me passar a perna, paga para a minha noiva fugir com ele, se diz arrependido, mas é só o calhorda vir fazer uma visita à cidade para ele o receber em sua casa com pompas. Hipocrisia! Essa é a palavra que define meu querido e amado pai.

- Imaginei... Túlio sempre foi o menino dos olhos de nosso pai. - Falei com desdém.

- O que podemos fazer? O apartamento é dele, não é? - Helena comentou. - Hoje mesmo vou para o meu... nosso pai não desrespeita somente você com essa atitude, mas a mim também. - Minha irmã disse, me fazendo sorrir de lado. Felizmente ela está comigo. - Mas o fato aqui é outro. - Falou se recostando no sofá e me fazendo olhá-la. - Se ele só chega amanhã, o que Jaqueline está fazendo aqui sozinha e, o mais importante, por que foi atrás de você, assim, na cara dura?

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now