Capítulo 43

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Eu estava tremendo e nervosa. Após receber aquela mensagem eu perdi a noção do tempo, espaço, tudo virou um borrão negro. Quando dei por mim, estava em casa, sentada no meu sofá, segurando um copo de água e com Isabel ao meu lado, afagando minhas costas, enquanto Fernanda falava de maneira alterada ao celular.

- Paola... fica tranquila, eu estou aqui com você. - Isabel falou com voz confortante.

Olhei em direção a Fernanda e ela andava de um lado para o outro, falando e gesticulando de maneira descontrolada, busquei em volta e não vi Gabriel, o que fez meu coração acelerar angustiado.

- Onde tá meu filho? - Perguntei nervosa e tremendo.

- Calma... Lauro está com ele, foram comprar coisas na padaria. - Isabel respondeu, segurando minha mão.

- Eu quero meu filho... liga pro Lauro e manda ele trazer meu filho pra casa, agora. - Falei já me alterando. Só de imaginar Anderson próximo a Gabriel, sentia meu sangue gelado.

- Calma, Paola... eu vou ligar pra ele. Calma, Gabriel está bem. - Isabel falou, mas eu estava consternada, nervosa demais, tanto que comecei a tremer.

Isabel, ao ver meu estado, pegou apressadamente o celular e discou o número do marido, que não demorou muito atendeu a chamada.

- Lauro, traz o Gabi para casa, por favor. Paola quer ele aqui. - Ela falou, me olhando. Fiz menção de pegar o aparelho, mas ela se adiantou colocando a chamada no viva voz.

- Estamos indo já... estou aqui na rua. Gabriel está bem, compramos sorvete. - Lauro falou e eu pude ouvir a vozinha de meu bebê ao fundo, o que me tranquilizou um pouco, mas eu ainda o quero em casa, perto de mim e longe de qualquer perigo.

- Tudo bem... estamos esperando. - Isabel falou olhando para mim e sorrindo levemente.

Logo ela desligou e eu pude respirar mais calma, sabendo que ele estava bem. Eu nunca, em toda minha vida, pensei que um dia fosse passar por algo assim, não me sentir segura para ir e vir com meu filho, pois haveria um louco atrás de nós.

Fernanda encerrou a chamada em que estava e suspirou pesadamente, virando para me olhar e pude notar dois sentimentos vindo dela: medo pelo que estava ocorrendo e raiva, pelo mesmo motivo. Eu não queria, nunca, fazê-la passar por isso, ela não merece esse fardo.

- Falei com Hilda, minha advogada, ela está vindo para cá, para poder nos acompanhar até a delegacia. - Falou vindo até nós.

- É bom irem mesmo, ter a companhia de uma advogada sempre ajuda. - Isabel falou reforçando.

Fernanda se sentou ao meu lado, segurando minha mão carinhosamente. - Está mais calma?

O que poderia responder diante desse questionamento? Era meio óbvio que eu não estou nem um pouco bem, então, só balancei a cabeça em um não desanimado.

- A gente vai resolver isso... eu te prometo. - Fernanda falou.

Logo Gabriel chegou com Lauro, assim que os vi cruzar a porta, corri e abracei meu filho apertando ele contra mim, tudo sob os olhos dos outros presentes. Eu tenho tanto medo de Anderson fazer algo contra meu filho, afastá-lo de mim por vingança, ou, pior, dar um sumiço nele. "Se isso acontecer, eu morro".

Gabriel, tadinho, não entendia minha aflição, tanto que estava super feliz por ter ganhado um pode de sorvete de creme, além de biscoitos de Lauro. Ele também contou animadamente sobre o dia no parque comigo e com Fernanda para os tios.

Minha namorada, visivelmente afetada pela situação, estava calada, nos observando e, de vez em quando, interagindo com meu pequeno, que perguntava algo a ela.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora