Capítulo 32

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Chegamos no hospital por volta das 10:30 naquela sexta-feira. Felizmente, Anderson não arrumou confusão e nem tocou mais no assunto da noite passada.

Eu estava preocupada com suas falas, mas precisava ser firme e deixar, mesmo que superficialmente, claro que não tinha medo dele ou que mudaria minha decisão por causa de meia-dúzia de palavras.

Isabel já nos esperava, com a ficha dele pronta, e assim que adentramos o edifício, ela o "puxou" para a consulta com o médico. Já tínhamos uma ideia, pelo tempo de recuperação que o doutor havia passado, de que ele estava apto para retirar o gesso, porém, sabemos também, que ele abusou esses dias, o que poderia ocasionar um revés e ele ter que ficar mais um tempo.

- Só espero que ele tire isso logo. - Falei, sozinha no hall do hospital, enquanto liberava um longo suspiro.

Aproveitei a deixa e fui para a lanchonete dali, beber algo, e passar meu tempo de espera. Apesar de estar ansiosa para me livrar logo de Anderson, eu estava me sentindo um pouco aflita também.

Fernanda havia me enviado aquela mensagem na noite anterior, dizendo que sentia falta de mim e não do meu trabalho, o que fez meu coração explodir de felicidade. Eu nunca poderia imaginar que ela – linda, inteligente, séria, sei lá quantas outras qualidades posso elencar. Ok, ela tem defeitos gritantes também, mas quem não tem? Enfim – eu nunca poderia imaginar que ela sentiria falta de mim.

Minha aflição toda, diante dessas "revelações impactantes", estavam ligadas ao fato de eu ter tomado coragem de responder com um "também sinto sua falta" e ela, até o momento, nem sequer ter visualizado.

Ela é tudo que uma pessoa, boba e trouxa como eu, poderia imaginar e, nunca em minha melhor ilusão, poderia fantasiar que alguém assim olharia para mim.

Fiquei na cantina, tomando um suco e olhando minhas redes sociais. Não que houvesse algo interessante nelas, pois, para ser sincera, nem sou tão fã assim de ficar enfurnada na internet, só mantenho porque... não sei porque mantenho elas, aliás. Enfim! Estava distraída olhando um daqueles vídeos de receitas, que você acha lindo, mas sabe que nunca dariam certo na vida real, quando recebi uma mensagem de Isabel perguntando onde eu estava. Respondi e segui ao encontro dela com Anderson, que já havia terminado a bendita consulta. "Espero chegar e ele já estar pulando corda sem o gesso."

Encontrei com eles na recepção e, para minha alegria – pelo menos inicial – encontrei meu ex de pé, já sem o gesso na perna, conversando despreocupadamente com minha cunhada.

- E aí?! - Perguntei animada.

- Ele já tirou o gesso. - Isabel respondeu sorridente. - O médico indicou mais uns dias sem forçar muito a perna, mas nada de preocupante.

- Que bom! - Falei dando um suspiro aliviado.

Enquanto isso Anderson nos observava sem nada dizer. Eu percebia seu olhar sobre mim, me analisando, mas resolvi, pela minha saúde mental, ignorar. "Agora é cada um por si e nós pelo Gabriel." pensei enquanto ouvia de Isabel algumas recomendações.

Terminado tudo, segui para casa, acompanhada do traste, mas nem trocamos nenhuma palavra durante o trajeto. Assim que chegamos em nossa rua, eu segui para casa e ele foi falar com o tal do Zé sobre o trabalho no posto. Agradeci firmemente por não ter que aturá-lo, pois para mim já tinha dado, minha obrigação com ele já havia acabado.

Cheguei em casa era um pouco mais de 12:00. Joguei minhas coisas em um canto e fui para o quarto, me trocar para poder fazer o almoço. Estava trocando de roupa quando meu celular vibrou com uma mensagem e eu, quase capotando sobre a cama, corri para ver que era, para minha desilusão, uma mensagem de Plínio.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now