Capítulo 16

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Depois de um dia cansativo de trabalho, cheguei em casa e não encontrei com Anderson. Estranhei, afinal ele, depois que quebrou a perna, não saída para lado nenhum. Porém, dei graças a Deus, porque, depois da noite anterior, estava com medo de encontrá-lo.

Sei que precisaríamos conversar e eu preciso resolver essa situação o mais rápido possível, pois, da mesma forma que ele veio até mim durante meu sono, poderia ter feito algo sem eu ter como me defender e isso é preocupante de qualquer forma. "Preciso colocar um freio nisso o quanto antes" pensei enquanto fazia o jantar.

Servi a comida para mim e Gabriel, dei banho no meu pequeno e deixei um prato preparado para Anderson na geladeira. Apesar de estar com raiva dele, não podia deixá-lo sem nada para comer, afinal, querendo ou não, estava responsável por ele enquanto ele estivesse machucado.

Deixei Gabriel vendo TV enquanto fui adiantar alguns serviços domésticos. É aquela velha história, mãe e dona de casa que trabalha fora sempre terá dupla jornada, não importa o quão pequena seja a casa.

Recolhi as roupas do varal e levei para a sala, armando a pequena mesa e ligando o ferro para passá-las. Enquanto passava, aproveitava para assistir um pouco do desenho junto à Gabriel, que se divertia cantando as músicas junto e imitando a dança. Ele é apaixonado por Patrulha Canina e Power Rangers, chegando a imitar as "coreografias".

Enquanto passava a roupa e ia separando para guardar, percebi que faltavam algumas mudas de Anderson, o que me deixou um pouco cabreira. "Será que ele pegou?" Enfim, dei de ombros e me apressei para terminar meu trabalho, pois já me sentia cansada o suficiente para "capotar" e dormir.

Ajeitei tudo, tranquei a porta e fui tomar um banho, colocando meu pijama e me preparando para dormir. Olhei as horas quando saí do banheiro e vi que já eram quase 21:00, mas nada do meu ex marido dar as caras.

Mesmo a contragosto, peguei o celular e disquei seu número, porém caiu direto na caixa postal. Suspirei pesadamente e desisti na mesma hora.

- Se vai sumir, que se dane! - Falei olhando a tela do aparelho em minhas mãos.

Chamei Gabriel para escovar seus dentes e se preparar para dormir, já estava tarde o suficiente para ele estar acordado. Ajeitei sua cama, peguei minhas coisas e levei para minha cama e separei um cobertor e travesseiros e coloquei no sofá para Anderson, caso ele aparecesse. Pelo menos essa noite quero dormir decentemente, já que ele tem disposição para sair com a perna quebrada, terá também para dormir no sofá.

Gabriel já cochilava, como sempre, agarrado a seu cavalinho de pelúcia, quando eu ouvi meu celular tocar em cima da cama. Peguei pensando ser Anderson, para me dar uma satisfação, e qual não foi meu susto ao me deparar com o nome de Fernanda na tela?

Saí do quarto para não incomodar meu pequeno e atendi apressadamente, para ela ligar a essa hora, deve ser algo bem importante.


- Alô, Fernanda?! - Atendi me sentando no sofá.

- Paola, por favor, fala comigo... preciso ouvir sua voz. - Fernanda falou e percebi melancolia em sua voz. "O que será que está acontecendo?"

- Está tudo bem? - Perguntei preocupada, ela parecia cansada, mas também passava um pouco de tristeza.

- Não... não está. - Respondeu com a voz fraca. - Eu preciso de você... só fica aqui comigo, me deixa ouvir sua voz até me acalmar, por favor.

- Claro! - Respondi apertando minha calça de moletom, eu estava começando a me preocupar com ela.

Acho que poucas vezes vi Fernanda se alterar, mas, todas essas vezes, foi uma explosão no sentido de revolta, nunca algo como tristeza ou melancolia. Era a primeira vez que ouvia sua voz desse jeito, fraca e embargada. Era como se ela estivesse chorando.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora