Capítulo 26

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Depois de um final de semana assustadoramente tedioso, onde eu tive que me virar nos trinta para deixar tudo arrumado e evitar a todo custo dar muita atenção para Anderson, acordo nessa segunda, ainda chuvosa, com a cabeça explodindo devido ao barulho do despertador.

Sinto minha garganta irritada, dores no corpo e calafrios. "Só faltava essa." penso logo tentando me levantar e sentindo tudo girar a minha volta. Dona de casa, que trabalha fora, não deveria ficar doente, isso sim é uma covardia do universo.

Mesmo me sentindo como um gato atropelado, me forço a levantar da cama, pois o dia não pode parar por causa de uma irritação de garganta e febre qualquer.

Sigo para a cozinha e, ao passar pela sala, me deparo com Anderson dormindo de forma serena. Não sei, mas sinto uma vontade tão grande de tacar um balde de água fria nele, eu de pé me sentindo mal e ele dormindo feito um bebê. "Se controla, Paola. Se ele molha o gesso, demora a ficar curado e você vai ter que aguentar ele mais tempo."

Sinto uma dor muscular gritante, meu corpo está quente e meu nariz deve estar igual ao nariz de um palhaço, pois o sinto ardendo. Bela hora para ficar doente.

Mesmo me sentindo mal, faço o café da manhã e ajeito tudo, indo chamar Gabriel para se arrumar para podermos sair. Chamo meu pequeno e o levo para tomarmos banho e nos arrumar. Não demora e ele já está com seu uniforme e eu pronta para ir trabalhar.

Minha garganta estava tão irritada que nem consegui comer nada direito, me forcei, por necessidade, a tomar um café com leite. Assim que terminamos, fui até o banheiro e tomei um remédio para gripe, depois saí com Gabriel para mais um início de semana.

Eu estava muito cansada, então me sentia sendo arrastada para levar meu pequeno. Não sei se foi sorte, intervenção divina, ou seja lá o que for. Quando alcancei o portão, encontrei com Isabel chegando de mais um plantão noturno. Assim que ela me viu, abriu um sorriso animado.

- Bom dia, Paola! - Falou vindo me cumprimentar com dois beijos no rosto.

- Bom dia, Isabel. Como está? - Devolvi o cumprimento, mas não com tanta disposição quanto ela.

Isabel me encarou preocupada. - Nossa Paola! Você está quente e com uma cara horrível. - Falou não sendo nem um pouco sutil.

- Acordei com a garganta um pouco irritada... - Falei desprendendo importância. - e um pouco de febre, mas estou bem, já tomei um remédio.

- Tem certeza que é só isso?! - Colocou a mão em minha testa. - Gente! Você tá ardendo em febre, Paola! - Exclamou, como sempre, fazendo uma tempestade num como d'água.

- Não é pra tanto, Isabel. - Falei forçando um sorriso. - Eu estou bem. Agora me deixa ir que preciso deixar o Gabriel na creche e ir para o trabalho.

Sério! Acho que se fosse uma dessas cenas de novelas mexicanas não sairia tão perfeito assim. Quando fui caminhar, senti uma leve tontura e tive que me segurar em meu filho - isso mesmo, o meu pequeno pedacinho de gente foi meu suporte - para não me esborrachar no chão devido a vertigem que me assolou.

- Tô vendo como você está bem. - Isabel falou segurando meu braço. - Vem, vou te levar para casa e vamos medir essa temperatura.

- Mas Isabel, meu trabalho... - Tentei falar, mas ela logo me cortou, com sua voz de enfermeira mandona de sempre.

- Sua saúde é mais importante... vem logo. - Saiu me arrastando, comigo agarrada à mão de Gabriel que nos seguia me olhando assustado.

Isabel me levou para sua casa, me sentou no sofá e, por sorte - acho eu - Lauro, seu marido estava se aprontando para ir trabalhar, por isso se ofereceu para levar meu filho para a sua aula.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora