Capítulo 10

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Meus dias têm sido muito atripulados, porém não consigo me focar muito bem nas coisas que preciso fazer. Estou sentindo uma necessidade, uma tensão crescente em meu peito e nem sei o porquê disso tudo, afinal, eu sempre fui muito controlada com as coisas que me afetavam.

Paola tem se tornado uma fuga para minhas frustrações e também o meu vício. Sabe quando se experimenta uma droga leve e você sente uma libertação, uma leveza que chega a entorpecer? É exatamente isso que tenho sentido quando estou com ela, quando transamos e sinto seu corpo colado no meu, sua respiração ofegante e seus gemidos sem pudor, sinto todos as minhas tensões desaparecerem.

Sim! Depois daquela segunda em que eu, desesperadamente, a tomei para mim, não consigo mais me ver distante daquela boca, daquele corpo delicioso. Encaixamo-nos tão bem que chega a ser inacreditável a forma que ela consegue me enlouquecer quando se aproxima e sinto seu cheiro.

Com dificuldade consegui fazer todo o planejamento e o trabalho para tentarmos a conta com a montadora. Era um negócio, como diz meu pai, da China e o conseguir significaria que estávamos a um passo de sermos grandes no nosso ramo.

Mais uma sexta-feira chegou e eu estou sentada à minha mesa analisando um anúncio no qual tínhamos trabalhado, quando um celular, que não era o meu, tocou. Não demorei a notar que vinha de fora de minha sala, aparentemente era de Paola. Percebi que ele tocava constantemente, mas parava, voltando a tocar.

Levantei-me e fui até a antessala para poder ver o que estava acontecendo, quando me deparei com sua mesa vazia e seu celular sobre a mesma, com a tela brilhando. O mal de muitos é a maldita curiosidade e em mim isso não é diferente.

Sedenta para saber quem estava ligando, invadi a privacidade de minha secretária e me aproximei olhando, dissimuladamente, o nome que aparecia na tela, me deparando com um tal "Plínio" a chamando.

- Plínio?! Pelo que saiba seu marido se chama Anderson. - Falei estranhada.

Não entendi bem, mas, ler esse nome me deixou com muita raiva. Paola raramente recebe chamadas particulares durante seu horário de trabalho, entretanto, hoje, numa sexta-feira, quase no fim do expediente, um homem que ela nunca citou o nome está ligando para ela? Boa coisa não é.

Senti o sangue ferver em minhas veias e, antes que ela chegasse e me encontrasse ali, pensei em sair, porém, subitamente, fiquei e sentei-me em sua cadeira, ficando de frente para o aparelho móvel, que não parava de tocar.

Não faço a mínima ideia de quanto tempo fiquei ali esperando, só sei que foi o suficiente para ver aquele nome mais umas três vezes e me irritar ainda mais.

Paola retornou para sua mesa, aparentemente vinda do banheiro e enrugou o cenho assim que me viu em seu lugar.

- Fernanda?! Está precisando de algo?

Não respondi, peguei seu aparelho e segui para minha sala, sendo observada por ela, que não se moveu de seu lugar.

- Venha comigo, por favor. - Chamei-a.

Entrei em minha sala, coloquei o aparelho sobre minha mesa e me apoiei nela, esperando Paola entrar.

- Pois não?! - Paola perguntou, entrando e me olhando com receio.

- Seu aparelho estava tocando sem parar sobre sua mesa. - Falei olhando-a de soslaio.

Notei quando Paola arregalou os olhos e se aproximou da mesa, pegando o aparelho e vendo as notificações de chamadas que haviam nele.

- Desculpa Fernanda... não costumo atender ligações particulares aqui, é que estava combinando uma coisa com ele para domingo e ele devia "tá" pensando que já saí. - Falou apressadamente.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now