Capítulo 49

11.6K 852 173
                                    

Eu estava no quarto, acabei de jantar com meu filho, irmão e minha cunhada e agora estou tentando focar meus olhos em um livro de temática de romance policial. Felizmente a história e a narrativa é animadora o suficiente para me deixar submersa na história e me afastar de meus demônios.

As horas passam e nem percebo, olho para o relógio na mesinha de cabeceira e já são 22:00.

"Ela não deve vir hoje também" pensei liberando um suspiro desanimado. Sinto falta de Fernanda comigo, mas não posso culpá-la por não aparecer, com certeza é difícil para ela tanto quanto é para mim.

- Melhor eu tomar meus remédios e ir dormir. - Falo num desabafo fechando o livro, mas tomando cuidado para marcar a página onde parei, e me levantando para ir até a cozinha pegar um copo d'água para mim.

Saio no corredor e me deparo com meu irmão sentando no sofá da sala com seu notebook aberto, aparentemente, em uma planilha. Decido não incomodá-lo, pois ele pode estar trabalhando, então, a passos leves, sigo até a cozinha. Abro a geladeira e pego uma jarra com água e, quando me viro para ir por um copo, ouço a campainha tocar. Automaticamente meu coração acelera loucamente e minhas mãos estremecem mostrando minha ansiedade.

Ouço meu irmão seguir para atender e, assim que ele abre a porta, já escuto sua voz, num tom mais baixo, ecoando da sala. Largo apressadamente a jarra na pia e vou, quase correndo, para recebê-la. Chego na sala e ela falava algo com meu irmão, assim que me vê, Fernanda abre um sorriso que, confesso, ilumina meu ser imediatamente.

- Oi amor. - Fernanda fala praticamente num sussurro, me fazendo correr para abraçá-la, nem me importando que Plínio está ali nos observando. Eu estava sentindo falta dela. - Desculpa a demora... tive algumas coisas para resolver na empresa. - Disse tentando se justificar, mas não importava, ela estava ali e isso que importa para mim.

- Tudo bem. - Respondi me afastando. - Você tá aqui agora... isso que importa. - Falei emocionada, recebendo dela um sorriso.

- Isso que importa. - Ela completou me dando um selinho leve nos lábios.

Estávamos tão absorvidas naquele sentimento todo, que nem nos importamos com o par de olhos que nos fitava atentamente. Não demorou muito para ouvirmos o raspar de garganta de Plínio, se fazendo notar, nos fazendo nos afastar um pouco e sorrir.

- Que bom que veio, Fernanda. - Plínio falou visivelmente contente com a presença de minha namorada. - Já comeu? Terminamos de jantar tem pouco tempo, mas tem macarronada, só esquentar.

- Ahh... - Fernanda falou um pouco sem graça. - Se não for incômodo?! Eu saí da empresa direto para cá, tivemos uma reunião bem longa e eu acabei não comendo nada...

- Não tem problema algum. - Falei apressadamente. - Eu esquento para você, toma um banho e vem comer.

- É, Fernanda... fique à vontade. Você está em casa. - Plínio completou dando um leve tapinha em seu ombro.

Saltitante e feliz, acompanhei Fernanda até o quarto e lhe dei algumas roupas minhas, as mais largas para servir nela, e uma toalha para ela poder jogar uma água rápido no corpo antes de comer.

Enquanto ela se banhava, fui para a cozinha esquentar a macarronada que Vanessa havia feito. Minha cunhada, assim como meu filho, dormia cedo praticamente todos os dias, portanto, já estava na cama.

Sabe, bate aquele sentimento de lar quando se tem alguém para "cuidar". Ver Fernanda chegando do trabalho, lhe ajudar preparando o jantar para ela poder comer e lhe fazer companhia era algo tão simples, mas que, de alguma forma, me deixava feliz.

Sombras do Desejo (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now