Cap 5

115 19 10
                                    

Minha visão do passado:.

A humanidade é como um mar agitado que não tem paz. Existem tumultos, divisões, discussões, bullying, violência, intolerância, preconceito, racismo, homofobia, e tantas outras coisas - por uma simples razão: a falta de amor e respeito para com o próximo.

Antes eu não enxergava isso, mas hoje eu sei que o amor é uma coisa íntima, mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público. É a nossa vitória contra a solidão. Assim como as torcidas de futebol comemoram seus títulos com buzinaços, foguetório e cantorias, queremos também alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguém que faz nosso coração bater mais forte. É por isso que, mesmo não sendo adepto do estardalhaço, me consterno por aqueles que amam escondido, amam em silêncio, amam clandestinamente. Mesmo que funcione como fetiche, priva o prazer de ter um amor compartilhado.

Quando realmente conheci Paulo, me impressionei que o me caderno abarrotado de regras gramaticais, fórmulas matemáticas e lições de geografia, não tivesse lá na última página, centenas de corações desenhados com caneta vermelha, juntamente ao nome de Paulo grafitado.

Sempre que eu paro para pensar no passado, em tudo que aconteceu, um sorriso toma contorno dos meus lábios. Mesmo que tudo tenha sido relativamente difícil e até mesmo dolorido, foi essencial, para que hoje tudo tenha seu toque especial, de felicidade. Fazendo assim, de dois corações, um só.

"- Ei bicha! Espera por mim!"

Gritou minha amiga, no meio de todo mundo. Não que eu tivesse vergonha de admitir minha sexualidade, eu só não gostava de me expor, me rotular. Por isso não comentava com quase ninguém, e a maioria sempre que ouvia tal coisa de Beatriz, ignorava. Gargalho de seu comentário e vejo Paulo, o que faz meu sorriso se desfazer imediatamente. E meu coração disparar. Idiota.

- Por quê tu tá gritando? Não vou embora agora, não. Mainha disse que vem buscar a gente, tá meu anjinho?

Digo e ambos caímos na gargalhada. Ter amigos, como eu tenho ela, é saber que você vai rir até do vento. Saio do meu devaneio, quando ela me entrega meu celular, que eu nem sabia que ela tinha pegado. Vejo aquela mensagem e um sorriso discreto escapa dos meus lábios, e meu olhar procura pelo dono dos olhos claros. Meus olhos, que até esse momento haviam se desviado ao máximo dos dele, agora passeavam por todo o seu corpo, como se buscasse tempo para escolher as palavras certas a usar, e também para disfarçar.

Quando ia responder, a buzina do carro da minha mãe soou, me fazendo olhar na direção da mesma e guardar o celular no bolso. Pego na mão de Bia e vou praticamente arrastando ela, enquanto a mesma resmungava que queria ficar mais um pouco.

Abro a porta para ela entrar e logo ela o faz, e em seguida eu faço o mesmo. E minha mãe dá partida no carro.

[...]

"- Ele te esnobou, amô. Olha, pensa comigo, se ele fez isso agora, ele fará de novo. Então pensa bem, antes de se iludir com essa aproximação."

Minha amiga diz, enquanto ambos o olhavamos para a tela do celular, e meus dedos digitavam e apagavam a mensagem escrita. Até que por fim, mando.

📲Paulo : Ah, olá. Precisa de alguma coisa? Porque né... Você me esnobou daquele jeito, e agora vem puxar papo? Sério?!

Mando e largo o celular, e imediatamente minha amiga pega ele. Fica mexendo alguns minutos, e eu me sento para observar o que ela estava fazendo, e nesse instante ela tinha acabado de pôr uma foto minha sem camisa, e de bermuda moletom, no perfil. Não estava ruim, afinal, ultimamente meu corpo tem evoluído muito, talvez pela educação física e a natação.

Quando Bia precisou ir para casa, nos despedimos e eu voltei a deitar na cama. Pegando meu celular e olhando aquela foto de perfil de Paulo. Ele parece obra de arte, desenhado e feito a mão, obra minimalista.

Saio do meu devaneio e levanto, indo até o andar de baixo, para comer alguma coisa à mais.

Sensações Where stories live. Discover now