cap 31

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Thales pov:

O maior medo do ser humano, depois da morte, é o medo da dor. Dor física: um corte, uma picada, uma ardência, uma distinção, uma fratura, uma cárie. Dor que só cessa com analgésico, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando é uma dor insuportável. Mas a dor emocional é mais temível, porque essa não tem medicamento que dê jeito.

O que é mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração? Uma pessoa que foi rejeitada ou afastada do seu grande amor, sofre menos ou mais do que quem levou 20 pontos no supercílio? Dores absolutamente diferentes. E particularmente eu acho que dói mais a dor emocional, que é aquela que sangra por dentro. As pessoas custam a respeitar as dores invisíveis, até sentirem ela na pele, e é aí que percebem que não existem pronto-socorros, para tamanha dor que consome a si pouco a pouco.

Não é fácil pensar em uma explicação razoável, porque nunca tem uma que faz justiça a todos os sentimentos que vem como naufrágio, perante o interior de cada pessoa, que passa por uma turbulência emocional.

Paulo tinha viajado e não me avisou, e tive plena noção disso após ter ido até o apartamento dele e o porteiro ter me informado. Peguei meu celular e nada de mensagem dele, e acabei dando o troco, não mandando mensagem e nem visualizando quando ele mandou.

Continuei minha rotina de trabalho, sai pra almoçar com alguns amigos, mas acabei me arrependendo por ter segurado vela deles dois, sendo que... né! Mas foi divertido, e depois disso acabei indo pra casa e dormido o tempo que pude.

"- Thalim?"

Bia me chama e me sacode suavemente.

- O que foi?

Murmuro e me viro, enterrando o rosto no travesseiro, voltando a fechar os olhos pra dormir.

"- Eu tenho uma notícia não muito boa..."

- Desembucha!

"- Se senta... é um assunto meio delicado!"

Respiro fundo, frustrado por ter acordado assim. Me sento na cama e passo a mão no cabelo.

"- Tá parecendo um ninho de passarinho isso aí!"

Ela rir e começa a ajeitar, conhecendo bem ela sabia que a mesma estava me enrolando.

- Fala de uma vez, Beatriz!

A mesma respira fundo e se ajeita na cama, desbloqueia o celular e me entrega, pego e vejo o tema "Reconciliação?!". Ergo uma sobrancelha e começo a ler, e na medida que vou subindo a tela para ler mais embaixo, me deparo com aquela foto.

"- Era isso..."

Eu não podia acreditar naquilo, mas pra ser bem sincero, no fundo eu imaginava que isso pudesse acontecer, ainda mais com essa viagem sem aviso.

"- O que você vai fazer agora?"

- Pra ser bem sincero, eu... eu não faço ideia!

Sinto um nó se formar em minha garganta e meu nariz formigar, Bia se aproxima e estende os braços para me abraçar, e eu o faço, enquanto meus olhos começam a marejar. Naquele mesmo instante meu celular começa a tocar, pego ele e vejo o nome de Paulo na tela, ignoro, mas ele volta a ligar novamente e eu acabo por desligar o celular.

- Por que hein, por que isso tá acontecendo comigo, Bia?

Digo todo tristonho.

"- Sabe, sei que você não é dessas coisas... mas você bem que podia dar o troco nele, não acha?"

- Como assim?

"- Tipo, hoje à noite podíamos ir pra balada, e lá você ficar com alguém... assim vocês ficavam kits. Não dizem que cifre trocado não dói, então..."

Encaro a mesma.

"- Aí, puta que pariu... eu to falando merda, né!?"

Dou risada em meio às lágrimas e concordo com a cabeça.

- E olha, não foi bem cifre, entre eu e ele não existia nada além de amizade!

"- Pra ele talvez seja assim, mas te conhecendo... sei que essa aproximação foi em um patamar além de amizade!"

Suspiro.

"- Mas ó, chega de falar dele... que tal a gente ir lá pra sala e ficar jogando no 'Just Dance'?"

- Ah não, eu quero ficar quietinho aqui...

Me afasto do abraço dela e deito na cama, o silêncio se instala, mas logo sinto ela começar a me puxar pelos pés, para fora da cama. Me seguro na cama, mas acabo caindo quando chego na beirada.

Ela da risada e corre, me levanto e faço questão de correr atrás dela com um travesseiro, para jogar na mesma.

Sensações Where stories live. Discover now