Cap 13

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Minha visão do passado:.

Eu li uma vez em algum lugar desse universo que é a internet, que: Existem dois tipos claros de manipulação em uma relação, seja ela de amizade, namoro, família, trabalho e etc.

Há que consciente ou inconscientemente você manipula pra assim conseguir o que quer, ou a que involuntariamente é manipulado pra sentir a dor que pertence ao outro. O difícil é identificar com precisão quando isso acontece, já que estamos fardados a enxergar e esperar sempre o melhor das pessoas, coisas que raramente acontecem. Mas seja lá como for, tornar o outro refém dos seus sentimentos e impor sua verdade, é o mínimo pura pretensão.

Lembro bem daquele ótimo dia, o dia em que finalmente beijei Paulo. Mas também lembro bem da terrível noite, e o momento em que eu senti todos os meus sentidos confusos, e em alerta.

Assim que Paulo sumiu do meu ponto de visão, dei alguns passos para trás e logo fechei a porta. Puxei o papel do bolso e abri, enquanto caminhava para o andar de cima. Fui lendo e conforme ia dando passos até meu quarto, meu sorriso ia se estendendo mais.

De repente meu corpo colide com o de outro alguém, e quando vejo de quem se tratava, engulo seco. Era minha mãe.

"- Tava fazendo o quê com aquele garoto?"

- Tava aí a muito tempo?

Pergunto de forma retórica e ela me encara com os olhos turvos. Discretamente ponho o papel da minha mão no bolso.

"- Vá pro seu quarto! Vamos conversar daqui à pouco."

Balanço a cabeça assentindo e adentro no meu quarto. Fecho a porta e me encosto na mesma. Respiro fundo, e é quando decido ir atrás da minha mãe.

Fui até a escada e quando ia descer, escutei a voz da mesma, e parei ali. Ela parecia está conversando com alguém.

"- Então pra você tudo bem que seu filho esteja se envolvendo com outro homem?"

Minha mãe praticamente grita, provavelmente meu pai havia chegado agora, já que não havia ninguém no andar de baixo antes, além de... Né.

"- O que as pessoas vão falar? Vamos servir de chacota para os outros. Enquanto nosso filho fica com essa pouca vergonha, envergonhando a nossa família!"

E assim como males lentos, cada palavra dela era como um sintoma de uma doença silenciosa, estava ali o tempo todo e eu não enxergava, e aos poucos foi derrubando meu sistema imunológico e me fragilizando, até que um certo dia se tornou tudo aquilo que eu era, tomando meu tempo, minha rotina e fazendo parte do meu mundo. Quando comecei a enxergar que existia algo ruim, tentei imediatamente lutar contra à tamanha injustiça, tenta conversar e até mesmo mudar o pensamento dela. Mas isso era em vão.

"- Eu não vou aceitar essa pouca vergonha de jeito algum! Nem que eu tenha que ameaçar ou matar alguém pra isso"

Lembro que ao ouvir tais palavras, meus olhos marejarem e um nó se formou de minha garganta. Me fazendo quase desabar em uma mistura de sentimentos e emoções: medo, culpa, desespero, angústia, uma verdadeira guerra interna.

Eu sempre precisei apenas de Paulo para ficar bem, daquele abraço casa, daquele sorriso que emana paz, e do seu jeito frágil e tão forte ao mesmo tempo. Ele sempre foi o único que pôde me manter firme nos momentos de fraqueza, enquanto o antes, o agora e o depois me assolavam de forma deprimente.

Meu celular vibrou em meu bolso e eu o puxei, vendo a mensagem de Paulo na tela. Ao invés de me fazer sorrir, eu comecei a chorar. Levantei de onde estava e voltei para o quarto, deitei na cama, todo encolhido, enquanto lágrimas escorriam pelo canto do meu rosto, e logo molhavam o travesseiro.

Minha mente girava de medo e descontentamento, era eu contra mim mesmo quando o meu corpo deu o primeiro sinal, como um alerta gigante e luminoso: "fique onde estar", juro que era o que eu mais queria.

"- Abra essa porta! Vamos ter uma conversa seria, Thales Bretas!"

Não queria levantar, mas eu o fiz, para evitar questionamentos próprios e alheios enquanto o estômago embrulhava e ardia.

- Sou todo ouvidos!

Digo de forma fria e volto para a cama, me sentando encostado na parede.

"- Pensa que eu vou aceitar essa pouca vergonha? Não vou! Eu conheço o pai daquele homem! E acho bom você não dá atenção para o que ele diz... Ele está te influenciando!"

Balanço a cabeça negativamente.

- Acabou? O Paulo não tá me influenciando a nada! E pode parar de me ameaçar, somos apenas amigos!

Retruco.

"- Você acha que eu não vi o beijo? Eu vi. E pelo seu bem, e pelo dele... Acho bom me obedecer!"

Naquele instante gelei, e senti como se meu interior tivesse sido chutado, para rolar em um barranco cheio de rochas pontiagudos, que não teriam nenhuma misericórdia em perfurar cada parte dele. E não teve.

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