Cap 9

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Uma visão do passado:.

Às vezes as coisas ruins que acontecem em nossas vidas, nos machucam de forma agoniante. É como tentar alcançar uma bóia inexistente, quando se está no meio do oceano, sentindo suas pernas cansaram de nadar e a água começar a te afogar.

Muitas vezes, por temer as consequências de nossas ações, criamos fantasias que nos impedem de seguir a diante, e acabamos nos imobilizando. É como se nos transformássemos em estátuas, soterrado toda a nossa energia de vida sob camadas e mais camadas de preocupações.

Quando aquela voz ecoa pela sala, meu olhar vai imediatamente ao encontro do par de olhos verdes. Sorrio de canto e digo.

- Presente!

Sorrio minimamente e ajeito meu cabelo. Conforme ele segue fazendo a chamada e termina, o professor se dispõe a explicar mais sobre a aula.

Me ajeito na cadeira, e fico meio distraído olhando para Paulo.

Eu sempre busquei ser meio termo entre a razão e a emoção, tentando me conter, enxergar todos os pontos possíveis para qualquer situação e manter o equilíbrio. Mas quando não consigo, eu me guardo.

A aula toda eu fiquei viajando em meus pensamentos, e só voltei a realidade quando o som estridente do sinal soou pela escola.
Agora era aula de Ed. Física, ou seja, mais uma aula com o 3 ano. Que ótimo.

Como minha nota já era 10 nessa matéria, e eu sempre participava, decidi naquela aula pegar o violão para tocar.

Me sento no chão mesmo e ponho violão apoiado, conforme começo a tocar algumas estrofes de músicas aleatórias, alguns alunos, tanto da minha sala, como da outra, se aproximaram. Inclusive Beatriz, Maju e Paulo.
Sorrir, decidindo naquele instante começa a cantar. Era o único modo de usar um talento, para chamar a atenção dele.

- A gente nunca esteve perto, e eu gosto de você tanto assim, às vezes no momento certo, você também vai gostar de mim.
- Esse dia vai chegar pra nós, basta você escutar minha voz!

Olho nos olhos dele e sorrio gengivalmente.

- Quem sabe a gente se dá bem. Quem sabe não tem mais ninguém. Quem sabe a gente vai além, quem sabe?!

Cantarolo, enquanto toco o violão, para acompanhar no ritmo. Ao parar de tocar, as pessoas ali batem palma, e eu sinto minhas bochechas esquentarem. Eu havia tido coragem de cantar e tocar na frente daqueles alunos, e principalmente do aluno.

O professor chama a atenção dos alunos para focarem na aula, e eu decido não atrapalhar mais. Levanto e vou até a sala, deixar o violão lá.

Quando termino de guardar o violão e me viro, vejo Paulo ali, de pé.

"- Devo levar aquela música como uma indireta?"

Ele pergunta e eu sorrio, balançando a cabeça afirmando. Me aproximo dele e levo minha mão até a sua, acaricio e olho em seus olhos.

Eu já havia me envolvido em tantos outros relacionamentos e contatos, mas nunca algo havia sido tão confuso, quanto esse sentimento que sinto por ele.

- Você é mais lindo assim, de pertinho.

Digo e ele sorrir. Ah, aquele sorriso... Aquele sorriso que me faz me sentir a beira do abismo. Ele parece tão sublime como um anjo.

Faltando só um pouco para nos beijarmos, escuto a maçaneta da porta sendo girada, e em seguida a porta sendo aberta. Me afasto em um quase salto, mas relaxo quando vejo que era Beatriz, acompanhada do... Eduardo?!

- O que diabos você tá fazendo com esse imbecil, Beatriz?

Falo, aumentando o tom de voz.

"- Aí Thalim, calma, a gente só veio conversar..."

Olho para a mesma com os olhos turvos e desvio meu olhar para o dele. Me aproximo e digo.

- Se você fizer qualquer coisa contra ela, você vai pagar muito caro!

Ele sorrir irônico, mas não fala nada. Eu olho para Beatriz e beijo a testa da mesma.

- Olha lá hein garota... Qualquer coisa, é só gritar!

Digo e ela assente. Paulo já estava na porta, e eu aproveito, para sairmos dali.

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