Cap 27

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Narração:

Enquanto atendia o paciente, Thales viu seu celular acender sob a mesa e deu uma olhada rápida, e teria ignorado se a mensagem não tivesse lhe chamado atenção.

- Um momento!

Levanta e pega o celular, vai até a outra parte da sala e clica no aplicativo do whatssap. Ao ver a mensagem de Paulo, hesita em responder, mas acaba por retrucar.

              Estou na minha clínica, se quiser, vem aqui, que assim que eu terminar de atender meus pacientes, a gente conversa. Pode ser? Te espero. Ah, e só pra constar, eu não sou casado. Não sou moleque ao ponto de fingir sentimento como certas pessoas fazem.

Manda e respira fundo, guardando o celular no bolso do seu jaleco e voltando para atender seu paciente.

Ele atende todos que ali estavam, e sua secretária diz que tinha um moço lhe esperando. O mesmo balança a cabeça assentindo e começa a arrumar sua maleta, em seguida guarda o celular no bolso e a chave do carro ele deixa com a secretaria, pois Bia havia lhe dito que ia precisar dele.  Quando termina de se organizar, sai dali, logo indo até a recepção, se deparando com o maior. E mesmo tentando manter a pose seria, o frio na barriga já disse por si o que ele não queria transparecer.

- Vamos?

Paulo afirma e ambos saem dali, na direção do carro, e assim que entraram e Paulo deu partida, Thales já disse.

- O que você quer conversar?

Assim como o sol nascendo, traz fim à escuridão, Paulo trazia luz a vida de Thales. Fazendo então bater à vontade de segurar em sua mão e não largar nunca mais dele, que é quem sempre lhe fez bem.

Mas infelizmente não é tão fácil assim, ou talvez ele não queira que seja tão fácil.

"Podemos ir até o meu apartamento? Ou algum outro lugar que queira? Na rua os papparazzis vão acabar nos vendo, e fazendo maior bafafa..."

- Claro!

Retruca e sorrir fraco. O outro muda o rumo do caminho e vai para o seu apartamento. Ao chegarem, ambos saem do carro e entra no elevador, e vão diretamente para o apartamento de Paulo.

Ao entrar, ele acende a luz e o olhar de Thales percorre toda a sala. Em seguida segue até o sofá e se sento. E Paulo também o faz, mas não tão próximos.

Muito maior que o fim e a dor que ambos sentiram quando acabou, foi a beleza dos dias que viveram juntos. O amor não é menos amor, só por não ter durado todo o tempo que pretendíam que durasse, à anos atrás.
Durou o suficiente para ter sido eterno para cada um, e isso é o que vem valendo até hoje, por tudo o que enfrentaram juntos.

"- Então, eu ainda te amo Thales, não posso mais negar pra mim mesmo e nem pra você, que é dono desse sentimento todo dentro do meu peito. Por anos eu neguei pra mim mesmo, neguei pras pessoas, me auto sabotei, arrumei namorados, mas nunca ninguém conseguiu mexer tanto comigo, quanto tu conseguiu. Namoramos por 8 meses, lembra? Os 8 meses mais intensos da minha vida! Tem um mês mais ou menos que mesmo sem saber eu parei de fazer isso, tava com uma outra pessoa, qual eu comecei a sentir repulsa sabe? Até eu descobrir o motivo, o sentimento todo por você tinha vindo a tona. Me perdoa, mas eu precisava te falar. Me desculpa te atormentar com isso mas eu ainda te amo! Muito! Só queria que soubesse disso! Independentemente do que tu disser. Fica tranquilo, não vou me chatear com qualquer palavra tua, é aquilo: o que não mata fortalece."

Thales baixa o olhar e escuta cada palavra atentamente, e quando volta a fitar os olhos claros do maior, respira fundo.

- O nosso término e afastamento doeu, e te confesso que até hoje dói. Depois que você se mudou eu só queria chorar, chorar e chorar. Eu tentei olhar pra frente e tentei ser um pouco otimista, mas não consegui enxergar nenhuma solução, não consegui achar aquela luz no fim do túnel que todo mundo fala. Mas eu continuei até achar que não iria aguentar mais, eu lutei, mesmo depois de cair. Porque eu pensei que quando nós dois nos encontrassemos seria tudo diferente, e que iríamos ficar juntos... Bobagem a minha não?

Sorrir em meio às lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

- Mas agora, aqui, olhando nos teus olhos, eu assumo que ainda estou disposto a tentar.

Thales segura na mão dele suavemente e acaricia, e ali estava um anel que ele imaginou ser do compromisso com o outro.

- Se você também quiser, e não estiver já construindo outra história ao lado de outro alguém!

Thales sorrir fraco e afasta suas mãos, logo tratando de secar seu rosto e se ajeitar no sofá. Paulo o olha e balança a cabeça negativamente.

"- Não, eu não to construindo história com ninguém. Eu até tentei e quando eu pensei que tava indo no caminho certo um avalanche me pegou e me desnorteou me levando a você! Apesar de tudo entre nós ser conturbado demais, eu amo você e te quero do meu lado, nem que seja só pra amizade, seria bom algo a mais? Seria, não nego! Mas é preferível um pássaro na mão do que dois voando"

Foi inevitável o sorriso não tomar contorno dos lábios de Thales, ao ouvir novamente de tão pertinho aquele jeito de Paulo falar, que desde sempre foi admirado pelo loiro.

- Não quero forçar nada ou rotular o que podemos ser ou ter... Mas te quero por perto. Podemos até, de repente, sei lá, sair? Jantar? Conversar? Qualquer coisa, mas que tenha você ao lado.

Paulo sorri de "orelha a orelha", no fundo ele queria mais que isso, porém só de ter perto Thales, era um grande progresso.

" - Fechado! Eu topo, agora deixa eu te abraçar?"

Com os olhos fixos um no outro, Thales assentiu e Paulo se aproximou um pouco mais, deslizou as mãos pelo ombro dele e o abraçou.

Se eles ao conseguíssem enxergar a infinita cadeia de consequências que resultaria daquela pequena decisão, talvez recuassem e aceitassem a distância. Mas para duas pessoas que se amam e querem fazer acontecer, obstáculos são meras pedrinhas que podem ser chutadas, para não servir de tropeço.

Por diversas vezes vão existir pessoas que tentarão privar e dizer que um casal não foi feito para ficarem juntos, e que é passageiro, necessário, só que não eterno. Mas tudo isso é mentira. Pois só quem ama sabe o que de fato é. Porque mesmo depois de todo o sofrimento que ambos passaram, seus corações continuaram batendo mais rápido quando lembravam um do outro. Seria mentira porque involuntariamente se procuravam nos lugares em que iam, ainda esperavam se encontrarem por acaso no ponto de ônibus, e choravam olhando fotos antigas e declarações de amor.

O tempo e o amor são como dois velhinhos teimosos e mal humorados, que não desistem até conseguirem o que querem. E tudo que é pra ser, será. Confie.

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