cap 33

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Thales pov:

Umas das coisas que sempre nos perguntamos, quando algo ruim nos acontece, é o famoso: "Por que?"

E na maioria das vezes procuramos por associar a culpa a algo, ou alguém, e nem sempre essa associação está correta, pelo menos não diretamente. E eu posso provar isso, com uma pequena metáfora.

Vamos supor que um capitão/marinheiro está a bordo, indo a caminho de outra cidade para desembarcar suas bagagens e itens valiosos. No meio dessa trajetória, uma enorme tempestade o cerca e acaba por destruir e afundar seus pertences e navio.

Mas ele fica a salvo, e vai parar em uma ilha. Nessa ilha ele procura primeiramente localizar comida e itens para fazer algum tipo de casa, para que ele não fique tão desamparado e perdido.

Depois de alguns dias preso naquela ilha, ele já havia conseguido um bom amparo para morar e comida diária, mas por acaso do destino sua casa pega fogo, juntamente a algumas árvores da ilha.

Para quem já não estava bem, ele podia muito bem perder as esperanças bem ali, diante daquela cena de seu único amparo se dissipando em cinzas.

Mas tudo na vida tem um propósito, e esse fogo chama atenção de outros marinheiros que estavam a bordo, trazendo então o resgate ao homem.

A vida é feita de escolhas, e cabe a cada um de nós pensar que não existe mais saída, ou acreditar que aquilo vai servir como aprendizado e talvez, até como solução. 

A tempestade e o naufrágio que cercou o navio representa os problemas da vida, independentemente de qual seja. Mas que quando nos pega em cheio, destrói e acaba com qualquer vestígio de esperança.

A casa feita e a comida representam as coisas ou pessoas, as quais nos servem de abrigo nas horas em que mais precisamos.

E o fogo? O fogo é o destino, o acaso mais temido e imprevisível que existe, ele pode até da um espaço, mas quando você menos esperar, ele irá te destruir, e lhe mostrar que a vida não é fácil, e que os males vem para o bem, de fato.

Recomeça! Isso tá fará mais forte e confiante.

Alguns dias se passaram e eu evitei qualquer coisa relacionado a Paulo, até mesmo suas mensagens eu visualizei e não respondi. Eu não tinha o direito de cobrar fidelidade dele, se não namorávamos, não ficávamos, não éramos maridos, noivos... simplesmente estávamos quase sempre juntos, pra tudo, só. Mas isso acabou.

"- Você tem certeza disso?"

Bia pergunta pela décima quinta vez, naquele dia.

- É claro que tenho!

Retruco e logo sinto alguém aparecer ali atrás de mim, me viro e vejo Igor. Olho para Bia de forma confusa e novamente para ele.

"- A Bia me convidou pra levar vocês!"

- Isso tudo por pena de gastar dinheiro, Beatriz?

"- É claro, o Brasil tá em crise querido, tem que economizar!"

Balanço a cabeça negativamente e suspiro.

- Eu vou sentar junto com o Igor, no banco da frente, pode ser? Talvez ele precise de um copiloto.

Digo e o dono dos olhos azuis retruca, enquanto ia para a porta do lado do motorista.

- Ei, eu ouvi isso hein!

Dou risada e abro a porta do passageiro.

"- Ouviu nada não lindo, foca aí no que tu vai fazer!"

Digo e Bia logo adentra no banco de trás do carro. Após já estarmos bem acomodados, Igor da partida e seguimos caminho. Depois de algum tempo, paro pra observar a parte do rádio do carro dele, e levo a mão até o botão para ligar.

- Posso?

Igor assente.

"- Cês vão transar?"

Imediatamente sinto como se meu rosto estivesse queimando fogo.

- To perguntando se posso ligar o rádio, maluca!

Ambos gargalham me olhando.

"- Meu Deus, olha só pra você... tá todo vermelho!"

Pego minha almofada de pescoço e taco nela, em seguida a mesma joga de volta e eu seguro antes de bater em meu rosto.

- Olha a agressão garota!

Me ajeitei no banco e liguei o rádio em qualquer música internacional, em seguida encostei minha cabeça na janela e fiquei olhando as paisagens. Por acaso do destino vi um cartaz do Paulo de divulgação, respirei fundo por não aguentar mais sentir todas as facadas que ele disferiu e disfere sem pena, a cada vez que eu lembrava dele ou do que aconteceu.

Eu não queria sentir mais nada, a insônia não me deixou descansar por todo esse tempo. O pesar chegava a ser sufocante.

Saio dos meus devaneios quando Igor estaciona o carro e eu paro para olhar ao redor, e vejo que estávamos em um estacionamento do supermercado.

"- Preciso da ajuda de alguém... pra comprar umas coisas e voltar logo, pra não gastar tanto tempo sabe!?"

Igor comenta e eu olho de canto para Beatriz, a mesma imediatamente diz que não pode, por estar com dor. Mal caráter sinistra, até parece que não estava na cara que ela queria me empurrar para ele.

- Bora!

Saímos do carro e logo vamos e adentrarmos no supermercado. Pego uma cesta de mercado e entrego a ele, o mesmo vai em um corredor e eu vou em outro, para buscar o leite e o refrigerante. Quando novamente nos encontramos, sorrio ao ver que ele havia pegado três embalagens de Oreos em miniatura e uma caixa de colheres descartáveis.

- Eu claramente teria esquecido das colheres!

"- Só das colheres? porque claramente esqueceu dos copos!"

Dou risada e vou atrás do corredor de copos, pego um pacote pequeno dos descartáveis e vamos para o caixa, eu insisto em pagar e voltamos para o carro.

"- O que trouxeram? to com fome mesmo!"

- Ainda agora disse que estava com dor, já melhorou?

"- Melhorei menino, tu acredita? benção de Deus"

Balanço a cabeça negativamente. O clima estava ótimo entre nós três, mas Igor não era quem eu queria, Paulo sim é a pessoa que eu quero, mas ele só fez merda e ainda veio dizer que não era o que eu estava pensando, nem pra ter o mínimo caráter de vir me ver pessoalmente para explicar, tentou só me mandar mensagem, ainda de lá.

Babaca. Imprudente. Idiota. E que (in)felizmente eu sou completamente apaixonado.

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