Capítulo VIII

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Capítulo XVIII - A consequência

Eu não tive nenhuma outra reação, além da perplexidade, ao ver Henry nos pegando no flagra.

- Calma Henry, não é o que você está pensando! - Rafael tentou acalmá-lo.

Pela primeira vez na vida vi ele desde jeito: apavorado. Eu também não sabia o que fazer, não sei se chorava, ficava quieto, implorava para ele não dizer a ninguém, fingia que nunca conhecera o Rafael; era algo difícil.

- Olha, - Henry disse tentando esconder a frustação - nós vamos voltar para aquela mesa e continuar esse jantar como se fosse uma noite especial. Como se fosse não, é uma noite especial. Amanhã conversaremos, Rafael.

Ele saiu do banheiro. Qualquer vontade que ele tinha de fazer naquele banheiro, deve ter passado imediatamente.

Eu estava tremendo, literalmente. Meus olhos completamente lacrimejados. Rafael, que estava com o rosto enfiado nas mãos, olhou para mim e se aproximou, me abraçando.

- Ei, - ele segurou as minhas mãos, gentilmente - eu preciso que você relaxe. Você consegue? A gente precisa voltar para a mesa.

Eu balancei a cabeça, afirmando. Ele me deu um beijo na testa. Lavei o rosto e pareci normal novamente. Ele saiu primeiro e depois de um minuto eu fui. Ninguém se preocupou com nada, ainda estavam discutindo sobre a cerimônia, apenas Henry que dava leves encaradas para nós dois.

Os pratos chegaram e, de repente, a lasanha de camarão não parecia tão saborosa como eu imaginava. Dei poucas garfadas e esperei até o momento em que, finalmente, fomos embora.

Quando cheguei em casa, tratei de mandar mensagens para Rafael mas ele não visualizava. Provavelmente estava discutindo com Henry nesse exato momento. Tomei banho para aliviar o estresse e fui dormir.

▪▪▪

No domingo, eu não tinha nada para fazer. Fiquei em casa o dia todo. Apenas trocava mensagens com Rafael e, a propósito, ele iria me contar sobre a sua conversa com o irmão pessoalmente.

▪▪▪

Na segunda de manhã, estava a caminho da escola. Prometi a mim mesmo que não conversaria com Rafael, eu ainda tenho que tratá-lo como professor, em uma relação estritamente de professor-aluno.

A aula finalmente começara e Rafael entrou na sala para dar a sua aula de física. Na maior parte do tempo em que ele ensinava o novo assunto, andando de um lado do quadro para o outro, ele ficava me olhando, fixando os olhos em mim, como se ensinasse apenas pra mim. Apesar de estar preocupado com o flagra, não pude deixar de notar o quão lindo ele era e o quão triste ambos de nós dois ficaríamos se tivéssemos que terminar tudo. 

Tentei afastar esse pensamento negativo. Quando olhei para o lado, Tyler estava de capuz, com grande parte do rosto coberto, olhando para o seu caderno, sem prestar atenção na aula, e eu podia jurar que ele estava chorando. Perguntei se ele estava bem e ele virou-se para mim e respondeu que sim, com um sorriso. Péssimo mentiroso, pensei. Seus olhos estavam vermelhos e ele estava cheio de olheiras.

Voltei a prestar atenção na aula, mas ainda preocupado com ele. Quando a aula acabou, nem sequer me despedi de Rafael, não diretamente, apenas com olhares. Expressar algum sentimento entre nós dois ali seria como um rato tentando se esconder de diversas cobras: se ele mostrar só a ponta da cauda, todas dão o bote. 

As outras duas aulas passaram e o intervalo finalmente veio à tona. Perguntei se Tyler não gostaria de ir pro pátio comigo, pra conversar e sair um pouco da sala, e ele não quis. Fui sozinho, sentei em um banco e comecei a comer um hambúrguer que eu tinha trazido de casa. Leon estava com mais alguns meninos sentado em uma mesa. Um dos amigos de Leon, Elliot, jogou uma bola de guardanapo em um garoto que estava sentado em um banco perto deles.

Meu Querido Professor (Romance Gay)Where stories live. Discover now