Capítulo XII

6.7K 395 116
                                    

Capítulo XII - Um novo capítulo começa

Eu e Rafael nos entreolhamos no momento em que Carla tentou abrir a maçaneta da porta. Desesperados, pulamos do sofá e nos vestimos. Eu calcei as minhas sandálias, recolhi o lençol e subi correndo as escadas e fui para o quarto de Rafael. Deixei a porta entreaberta para ouvir a conversa.

Depois de insistir muito na campainha, Rafael, finalmente, abriu a porta para Carla, que estava com uma roupa de escritório branca e um óculos escuros. Mascando chiclete e segurando as chaves do carro, Carla entrou na casa, inconveniente do jeito que é. Ela ficou parada, encostada no sofá.

- Então, depois de sair do trabalho...

- Que trabalho? - Rafael interrompeu - Estão remunerando chantagistas?

Confesso que eu ri. Rafael soltou um riso na cara dela. Ela ficou com um semblante furioso.

- Não estaria rindo se eu fosse você, Rafa. - ela começou a andar lentamente pela sala.

- O que você quer?

- Nada não, só vim lhe avisar que eu fui-

Interrompida por ela mesma, Carla encarou Rafael e olhou para o seu peito.

- Por que você está sem camisa?

Rafael indiferente, respondeu.

- Porque a casa é minha.

Ela visualizou a camisa no chão e as almofadas do sofá bagunçadas. Ela começou a se aproximar de Rafael e viu o seu cabelo e o seu peito suado.

- Tem alguém aqui com você, Rafael? - ela perguntou, superdesconfiada.

- Não. - infelizmente, Rafael demorou para responder.

- Então não tem problema algum se eu ir lá em seu quarto não é?

Sem resposta, Carla começou a subir a escada. Desesperado, ao ouvir aquilo, pensei em me esconder debaixo da cama, mas era óbvio demais. Pulei para dentro do guarda-roupa e coloquei o lençol branco por cima de mim, tentando ficar o mais imóvel o possível.

Pude ouvir o som da porta abrindo e o barulho de seu tamanco adentrando o quarto.

- Óbvio que não está embaixo da cama! - Rafael disse - Já que não tem quem se esconder aqui em casa!

Depois de olhar debaixo da cama, tremi quando Carla abriu bruscamente as portas do guarda-roupa. A luminosidade do quarto invadiu o móvel e eu permaneci imóvel. Por um instante, achei que ela tinha me descoberto. O guarda-roupa estava bagunçado demais, eu poderia facilmente esconder um urso ali dentro e ninguém nunca acharia. Ela fechou as portas e eu respirei aliviado.

Pela fresta do guarda-roupa, observei os dois saindo do quarto e Rafael batendo a porta, fechando-a. Saí do guarda-roupa sufocado e fui ouvir a conversa, com o ouvido colado na porta.

- Eu não te devo satisfação nenhuma, Carla. Um homem não pode se divertir sozinho?

Houve um silêncio.

- Afinal de contas, o que você veio fazer aqui?

- Vim só te avisar que eu fiz uma visitinha aos seus sogros, digo... ex-sogros.

Os cabelos da minha nuca se arrepiaram. Quis sair do quarto no mesmo instante e tirar satisfações com ela. O que ela queria com os meus pais?

- O que você quis com eles? - pude perceber uma tensão na voz de Rafael.

- Nada demais - disse ela, cínica - só quis conhecê-los, saber se eles suportavam essa triste notícia. Triste notícia de que o filho, além de gay, namorava um homem vinte anos mais velhos que ele, e que por acaso era amigo da família. E, pior ainda, professor dele.

Meu Querido Professor (Romance Gay)Where stories live. Discover now