Capítulo I - O homem que trabalha com lixo

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Notas inicias

Agradeçam a Clara por essa fic. Ela me pressionou até sair, então vai para ela.

Então, basicamente é Izuku não recebe uma quirk, ainda assim se torna um herói. Ou mais ou menos isso.

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"O bater das asas de uma borboleta pode provocar um tufão do outro lado do mundo."

Teoria do Caos - Edward Lorenz

Existem alguns eventos na vida que te marcam e mudam para sempre. Que moldam uma pessoa, e assim podem desencadear acontecimentos inesperados. Um pequeno acontecimento, uma mudança de nada, pode causar um impacto que abala os alicerces do conhecido.

Izuku Midoriya entendia bem disso.

Ele entendia desde que um osso extra colocou uma pedra no caminho do seu grande sonho, o excluiu dos demais e tornou sua vida bem mais difícil. Ou como ao estender uma mão para alguém acabou o fazendo perder quem considerava um amigo.

Nem sempre você entende o impacto do grande evento, até que ele bata bem na sua cara.

Por isso Izuku não sabia que ao chegar em casa naquele novembro aos seus dez anos e se deparar com um homem desconhecido tomando chá com sua mãe seria um desses eventos.

— Tadaima. Oka-san?

Sua mãe o olhou com um sorriso nervoso no rosto, mas não parecia ter um perigo eminente – e isso dizia muito da sua vida nos últimos tempos quando conseguia reconhecer uma presença nociva de longe. -, ainda assim não relaxou.

— Okaeri, Izu-kun. Venha cumprimentar seu otou-san.

O homem-agora-não-tão-desconhecido o fitou, deixando a xícara na mesinha e vindo na sua direção. O sorriso no rosto lhe dando um aspecto juvenil, mesmo com os olhos vermelhos que lhe lembravam Kacchan. Olhos que ele aprendera a associar com perigo já há algum tempo.

— Izuku!

As sardas eram iguais as suas, o cabelo a mesma bagunça, apenas de uma cor diferente. Era como ver a si mesmo com outras cores. Agora entendia porque sua oka-san tinha problemas em o fitar algumas vezes. O sorriso jovial o fez relaxar ainda mais, embora ainda estivesse tenso com a surpresa quando o homem o abraçou sem aviso.

— Você está tão grande!

O homem-agora-não-tão-desconhecido, Hisashi Midoriya o largou, o analisando. Os dois se avaliando para ser mais preciso. Se medindo cuidadosamente.

Izuku era um garoto inteligente. Muito inteligente. Por isso ele percebeu que por trás do sorriso luminoso, dos olhos suaves, havia algo a mais.

Ele percebeu ali, ainda na soleira da porta, com sua mãe de pé no sofá os fitando de forma incerta, três coisas vitais sobre o pai que não lembrava:

Primeiro, Hisashi Midoriya era um homem perigoso.

Dois, ele era completamente devotado a família.

Terceiro, ele era mais parecido com seu pai do que havia imaginado.

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Ao que parecia a visita não era permanente. Era apenas isso: uma visita. Izuku buscou dentro de si algum sentimento em relação a isso, mas não conseguia. Afinal, naquele ponto, Hisashi Midoriya era apenas um estranho que viera jantar com eles. Que passara a noite perguntando sobre a escola, sonhos, mirando o filho enquanto ele tentando elaborar meias-verdades sobre sua inexistente vida social.

A teoria do caosWhere stories live. Discover now