Capítulo XXIV - O inverno está aqui

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"É o nome de família que perdura. É tudo o que permanece. Não é sua glória pessoal, não é a sua honra... mas a família."

- Game of Thrones

Nos dias que se seguiram, Eraserhead não levantou mais a questão sobre a sua situação familiar, mas Izuku agora percebia como ele o observava. Em perspectiva, se dava conta de como ele poderia ter chegado àquela conclusão. Não seria a primeira vez que alguém desconfiava sobre seu tio durante os últimos anos, mas eles nunca ficavam muito tempo em um mesmo lugar para isso realmente se tornar um problema e as pessoas nunca se importavam por muito tempo com Izuku.

Uma parte sua se sentia insultado em benefício de Takashi, mas havia outra parte, um sentimento que não conseguia identificar bem, ao perceber no quanto o herói parecia se importar com ele. Izuku não estava acostumado com isso, com adultos além da família e próximos da família se importando tanto. Professores com certeza nunca se importaram, e Eraserhead não era nem mesmo seu professor, apenas professor da escola. Mesmo ele sendo um herói, Izuku já havia perdido a ilusão sobre os heróis serem infalíveis já há algum tempo.

Ele havia ponderado por muito tempo sobre o que fazer sobre a situação e uma parte sua queria a ignorar até fosse embora.

— Ele apenas vai continuar investigando se não falar nada.

Hitoshi comentou enquanto observavam o herói separar o equipamento para mais uma sessão.

— Não por muito tempo.

— Por que diz isso?

Ele o olhou de forma estranha, ajustando as bandagens um dos outro.

Izuku deu de ombros.

— Ninguém investiga por muito tempo com gente como eu.

Quando Izuku foi morar com Takashi tinha 70% de certeza que ele iria o matar durante o sono, ainda assim ninguém olhou duas vezes quando foi com ele. Claro que não podia usar esse argumento sem piorar a situação.

Hitoshi parou e o olhou com uma expressão mais estranha ainda. Izuku suspirou, apertando as bandagens no pulso dele.

— Não me olhe assim, Hichan.

— Assim como?

A voz dele saiu suave. Nessas horas, Hitoshi lembrava mais da mãe dele do que do pai, por mais que tenha passado pouco tempo com ela.

— Eu não tenho vergonha de não ter uma quirk.

Isso não queria dizer que ele não continuasse odiando como era tratado às vezes por isso.

— Eu não pensei nisso.

Avaliou o outro e viu sinceridade. Izuku se sentiu mal por seu tom rude.

— Desculpe.

O outro balançou a cabeça, mas segurou seu pulso quando se moveu ao terminar. Os dois se olharam e Izuku percebeu curioso a expressão dele ficar resoluta. Hitoshi, assim como Shoto, parecia ter bastante dificuldade em lidar com pessoas, muitas vezes se passando por rude por isso.

O ver fazer tanto esforço no momento o fez pausar, atento ao que ele diria.

— Eu...eu não sei de certeza o que está acontecendo, sobre seu tio. Quando você fala o nome dele, seu rosto... Eu sei que é algo que não é bom. E você é bem paranóico para contar qualquer coisa.

Abriu a boca para negar, mas a fechou imediatamente. Tinha que admitir a verdade, mas ele tinha muitas razões para ser paranoico.

— Mas acho que deveria conversar com ele. Aizawa-sensei, digo. Ele não é como...essas outras pessoas, Izuku. Não sei se percebeu, mas ele se importa. Um monte de gente se importa. Você...você não está sozinho para resolver tudo, como acha que está.

A teoria do caosWhere stories live. Discover now