Capítulo XXIII - Uma fúria feita de gelo

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"Cuidado com a fúria de um homem paciente."

– John Dryden

Existiam poucas coisas na vida com as quais Akira se importava de verdade, e pessoas menos ainda. Ela mal viu seu pai durante toda a sua infância, ele sempre estava ocupado demais servindo heróis com suas invenções. Seu irmão mais velho havia sido alienado por sua culpa, há anos os dois nem mesmo se viam. Mei havia sido a única da família que não havia conseguido empurrar para fora da sua vida.

Ela nunca quis ser uma heroína, crescer ao redor da indústria de heróis havia a assegurado disso. Ela nunca teria o complexo de salvar pessoas que Hisashi Midoriya tinha, ou o talento nato em tudo que Takashi possuía.

Ter se tornado vigilante foi praticamente um acidente. Não havia a glória de Takashi, que havia tomado as ruas durante a noite para ajudar as pessoas que os heróis não ajudavam, ou de Hisashi que havia entrado nisso para proteger as duas pessoas que havia jurado tomar de conta, negando a natureza para qual havia sido criado.

Akira só odiava heróis que só tinham olhos para fama e dinheiro. O bastante para invadir suas contas e distribuir essa renda entre pessoas que realmente precisavam. E teve o azar de ser pega por isso, provando que não era tão boa quando pensava.

A única razão de não ter sido presa, era sua quirk promissora, todo o potencial que a comissão tinha visto. Porque tudo sempre acabava no potencial.

— Bem, no final das contas, nenhum de nós conseguiu se safar dessa.

Por ter potencial, Keigo Takami estava ali também. Nas mãos da comissão, desde tão criança que a vida antes disso bem poderia ter sido um sonho. 'Resgatado' de uma situação difícil, treinado e manipulado para sempre se sentir grato por tudo.

Akira não era Hisashi, ela nunca conseguiria ter total confiança no que Takami faria.

— Você é um herói com visibilidade, vai ficar bem. Não podem se dar ao luxo de você morrer fácil assim.

Diferente dela. Akira era dispensável.

— Já sabe como vai conseguir entrar na liga?

— Vou dar meu jeito.

Não seria tão difícil entrar. Ela já havia feito isso várias vezes e nunca havia sido exposta, como Takashi.

O difícil seria sair de lá viva.

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Hitoshi estava tendo uma semana estranha.

E diante de tudo que havia acontecido nos últimos tempos, isso era algo absurdo, mas não menos que a verdade.

Primeiro, ele havia se tornado um vigilante. Um real vigilante, saltando em prédios feito uma perereca desenfreada. Hitoshi era um criminoso agora. Ele poderia ser preso.

E ainda assim sua mãe o havia colocado de castigo em razão de uma orelha furada. Era como estar vivendo em duas realidades completamente diferentes de uma hora para outra.

Não bastasse isso, ele estava treinando com seu maior ídolo da infância, aprendendo a utilizar o instrumento que simbolizava ele. Se Hitoshi pudesse voltar no tempo e avisar a si mesmo que isso iria acontecer, tinha certeza de que seu eu de antes não acreditaria. Lá estava, Hitoshi Shinsou, com sua 'quirk de vilão', no curso de heróis e sendo treinado pessoalmente por Eraserhead.

Se ao menos ele pudesse se desenrolar da ferramenta de captura no momento.

Sentiu seu rosto esquentar, tentando sair do embolo que havia criado enquanto olhava discretamente para os outros dois no centro do tatame, tentando não ser visto na situação vergonhosa.

A teoria do caosWhere stories live. Discover now