Capítulo II - O menino que brinca com lixo

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'Diversos fatores podem definir a formação de uma nuvem no céu. O calor, a pressão, a evaporação da água, os ventos, o clima, as condições do sol e até os eventos que ocorrem sobre a superfície. Caso se conheça as condições exatas desses fatores, pode-se se prever com exatidão o formato dessa nuvem a se formar. Porém, essas condições não podem ser previstas, logo não se pode prever o formato da nuvem.'

A teoria do caos

Katsuki Bakugou e Izuku Midoriya não eram amigos.

No último ano do primário isso era um conhecimento geral, tanto dos alunos quanto dos professores.

Katsuki Bakugou e Izuku Midoriya também não eram inimigos.

Geralmente inimigos não se davam ao trabalho de passar tanto tempo com o outro. Eles chegavam juntos mais cedo, eles geralmente iam embora juntos também, e, segundo boatos, até fora da escola eles passavam muito tempo juntos com a Sra Midoriya tendo que trabalhar e deixando o filho com os vizinhos por muito tempo.

Katsuki Bakugou e Izuku Midoriya talvez fossem rivais, mas era um conceito difícil de engolir. Bakugou estava no topo da cadeia alimentar, com uma quirk perfeita, as melhores notas e um futuro brilhante a frente. Era consenso geral que se alguém iria a algum lugar em Musutafu era Katsuki Bakugou.

E Midoriya, o Deku? Se houvesse um degrau abaixo da cadeia alimentar seria o lugar dele. Pelo menos no primeiro ano do primário, porque nos últimos as coisas começaram a mudar.

Por um lado, Izuku Midoriya continuava um fracassado. Sem quirk, sem amigos. Notas boas? Sim, mas nada tão impressionante quanto Katsuki. Estava entre os cinco melhores, e alguns professores comentavam se ele não passasse tanto tempo com a cabeça nas nuvens, talvez ele chegasse ao top 3, mas... De que adianta cabeça sem poder, certo?

Midoriya era um inútil que não teria futuro algum. Ultimamente pessoas sem quirk só conseguiam empregos baixos, aqueles que ninguém mais queria fazer. Algumas escolas secundárias nem mesmo as aceitavam. O consenso da maioria era que ele deveria apenas desistir e ir morrer em algum lugar longe das vistas de todos. Aceitar calado e ponto final.

Por isso ninguém esperava que ele começasse a lutar de volta.

Ninguém entendia quando ele parou de gaguejar, se encolher e chorar por tudo. Ou quanto ele começou a responder Katsuki, ou ignorar os insultos e se tornar um ninja.

Ninguém previu que o esquisito iria começar a rebater os ataques com bugigangas que pareciam conter exatamente o necessário para derrotar as quirks deles. Corriam boatos que ele tinha um caderno com informações de como derrotar cada quirk da escola.

Cada uma delas.

Era como se o universo conhecido tivesse explodido ao redor de todos.

E de repente ninguém sabia o que fazer sobre inútil Deku.

A única pessoa que deveria o colocar no lugar, além dos insultos, de repente não o esmagava. Os dois se mediam, soltavam suas farpas e então se ignoravam boa parte do tempo, e ainda assim todos podiam ver o rei e o esquisito indo juntos para casa.

Sem se matar.

No último ano do primário, então, havia um consenso de todos na escola:

Primeiro, não provoquem Katsuki se querem ficar vivos. Ele vai a lugares.

Segundo, fiquem longe de Deku, ele é perigoso. Estranho com seu olhar maníaco com olheiras, as vezes vem a escola com um cheiro estranho ou cabelo queimado, passa boa parte da aula murmurando, não tem senso de autopreservação.

A teoria do caosWhere stories live. Discover now