Capítulo XIV - O poder por trás de um nome

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"A teoria do caos simplesmente sugere que o que parece à maioria das pessoas como caos não é realmente caótico, mas uma série de diferentes tipos de ordens com as quais a mente humana ainda não se familiarizou."

Frederick Lenz

16 anos, 8 meses e 2 dias atrás

- Hisashi Hayashi.

Inko tentou manter a expressão séria, ela realmente tentou, mas a careta que Hisashi fez no final foi a gota d'água.

-Isso é sério, Inko-chan! Por que está rindo de mim?

-Certo, certo. – Ela respirou fundo e questionou inocentemente. – Pode dizer de novo?

Hisashi jogou uma almofada na sua cara que quase a derrubou de onde estava sentada no balcão da cozinha. O bico ridículo dele não disfarçava a gargalhada que ele mesmo estava tentando esconder.

-Vou poder te chamar de Hisayashi?

-Inko!

-Você chama Taka de Takayashi, é fofinho.

-Você é uma mulher cruel, Inko.

Ela se desmanchou em mais risadas, pulando do balcão para escapar de outra almofada.

Hisashi sempre a fazia rir dessa forma, a deixava mais solta e livre, como não se sentia desde a adolescência. Os dois estavam arrumando as caixas no apartamento alugado. O apartamento que agora seria apenas dos dois.

Inko sentia que podia flutuar.

-Sabe, não precisa pegar meu sobrenome. – comentou, não pela primeira vez. -Isso vai totalmente contra os costumes.

-E quem liga para isso. – O ouviu grunhir enquanto pegava a caixa maior para a cozinha. – E meu sobrenome é chato e sem graça, não tem ninguém mais com ele além de mim.

Seu peito se comprimiu com isso, o sorriso sumindo de sua cara. Ergueu a cabeça de onde tirava os copos enrolados no jornal e o viu sentado no chão removendo as coisas da caixa cuidadosamente, a expressão concentrada.

- Não me olhe assim, Inko. – A voz dele foi suave, os olhos ainda grudados dentro da caixa. – Não gosto quando fica triste por mim.

-Desculpe.

Ele deu uma pequena risada e sentou ao lado dele no chão para ajudar. Hisashi não era bom com coisas delicadas.

- Não tem realmente ninguém? – perguntou de forma cuidadosa. Nesses momentos ela percebia o quão pouco sabia sobre ele, e ainda assim lá estavam os dois, indo morar juntos. Havia algo que havia a atraído para ele desde o primeiro dia quando ele trouxe Taka ferido para o apartamento que dividia com o irmão até então, os dois sujando todo o carpete de sangue.

Hisashi havia salvo Taka quando ela não era capaz. Ela havia tentando convencer seu irmão teimoso a parar com a idiotice que estava fazendo, os dois não eram mais os adolescentes idealistas de anos atrás. Inko havia aprendido a lição dela há anos, mas Takashi ainda continuava saindo no meio da noite e se metendo em problemas, arriscando sua vida como se não tivesse nada a perder. Porque por mais que Takashi fosse o primeiro a dizer que odiava a mãe deles ele nunca havia parado de correr atrás da sombra dela, das histórias que ela contava aos dois quando criança sobre heróis que lutavam contra o crime pelas sombras, fazendo justiça com as próprias mãos.

Um dia Inko quisera ser como ela, como a mulher que lembrava das histórias. Até a realidade bater na sua porta. E Inko era egoísta o bastante para não querer perder o irmão, e por mais que se doesse por isso, pela possibilidade de agora perder não apenas uma, mas duas pessoas, ela nunca poderia ser grata o suficiente à Hisashi por o manter seguro. Por alguma razão, desde o primeiro minuto que ela o vira ela soubera que Hisashi era capaz disso. Se alguém podia proteger Takashi, seria ele.

A teoria do caosWhere stories live. Discover now